Capítulo Quatro

Bruno

Tava de boa lá na lanchonete da mãe, tava sozinho, passei só pra tomar café mesmo,já ia levantar pra vaza,quando a Bia chegou com mais duas amigas,ouvi elas falando sobre um livro.

- Sério meninas essa fic nova da autora tá muito boa, tem uns hot tão bom que chega molhar a calcinha.

Mas que porra é essa? Meu irmão tá sabendo dessa palhaçada?

- Sim, também achei amiga, como pode né agora tô viciada em ler romance de dois macho se pegando.

- E não é menina, esse dono do Morro é tão lindo e sexy, e ela tá tão caidinho pelo menino fofo. Ainnn, não vejo a hora deles ficarem juntos de vez e se casar, pra poder comandar o morro juntos.

- Sim! - As três disseram juntas.

Mas que conversa errada é essa? Eu nunca vi traficante dono de morro viado.

- Oi meninas, posso saber o motivo de tanta gritaria?

- Claro tia Nena, olha só esse aplicativo pra ler hóstias de romance, tem de tudo que é história.

Vi que a minha mãe ficou interessada e as meninas disse o nome do aplicativo e do livro lá de viado que elas tava lendo. Pois eu vou ler essa pora só pra ver como que é. Baixei o aplicativo e achei a tal da história e já ia ler quando o prego do enfermeiro gordinho veio enche o meu saco.

- Com licença Bruno, posso falar com você?

- Já tá falando gordim, desembucha.

Vi que ele torceu a boca de lado com raiva mas foi esperto e não falo nada.

- Sei que o Dr. Carlos já falou com você, mas eu realmente acho que essa ideia pode ajudar a salvar a vida dos seus homens.

- Que papo torto é esse, o doutor não me falo nada não. Que ideia é essa?

- Fazer um multirão e atender todos os seus homens, a gente vai fazer a ficha deles, exames de rotina pra descobrir qualquer doença pré existente, tipagem sanguínea pro caso de precisar de transfusão, e todo exame que a gente possa fazer pra ajudar a salvar a vida deles quando for preciso.

- Isso aí vai demorar Zé.

- Sim, mas não precisamos fazer todos de uma vez, podem ir em grupos de 5 de manhã e outro de tarde. Eu me comprometo a cuidar de tudo pessoalmente.

- já é, pode agilizar então.

- Obrigada.

Quando ele ia saindo uma véia amiga da minha mãe chegou e já foi toda sorridente pra abraçar o gordim e apertar as buchechas dele.

Depois de muita frescura elas deixo ele ir embora.

- Ah Bruno meu filho, a melhor coisa que você fez foi trazer esse menino pro morro, ele cuida tão bem de nois que é veio, tem paciência e é carinhoso com a gente.

- Tamo aí dona Lourdes.

- Verdade filho, agora sim somos tratados igual gente naquele posto, o Dudu é o melhor enfermeiro de todos , você devia dar um aumento pra ele .

A conversa já tá ficando ruim pro meu lado, desconversei as veias e fui embora pra casa pra ler o bendito livro. No começo achei massa, o dono do morro era firmeza, bicho brabo mesmo igual eu metia o loco em geral. Estranho essa autora conhece tão bem a vida no morro sendo lá do asfalto, certeza que é alguma patricinha desocupada.

A história tava boa, não conseguia parar de ler, queria saber se o dono do morro ia mesmo assumir o muleque magrelo, tipo o povo vai aceita de boa? a família dele os parça? Pô nada a ver isso, na favela de verdade não é assim não, aqui o bagulho é diferente, aqui pra ser respeitado como líder nego tem que provar que é macho, não tô dizendo que ninguém pode ser viado na quebrada até pode, mas ser líder e ser viado não dá não.

Resolvi me meter e bate a real pra essa autora, mandei uma mensagem pra ela e começamos a conversar. A desculpa dela é que a realidade e muito ruim e que ela queria e um final feliz nem que fosse só na ficção.

Ela perguntou se eu era menso tráfico e dono de morro, depois fez um monte de perguntas sobre como é gerenciar as coisa na bicaz respondi só o que eu achei que podia, também não vou sai falando do meu morro pra gente estranha, nego tem que dormi de olho aberto nessa vida.

Depois a gente ficou conversando sobre outras coisas, pedi o número dela pra gente conversar mais, só que a mulher é desconfiada e disse que só ia passa o Skype. Tive que instalar esse aplicativo também, ela usou a mesma foto de perfil e o mesmo nome do aplicativo, a foto era um desenho de uma menina de cabelo rosa, e o nome Lovely Writer. Nada e ver esses nome em inglês que a gente não intende pora nenhuma.

Eu gostei dela, achei ela firmeza acho que vou investir, daqui um tempo eu converso ela de me mostrar uma foto, ou da gente se vê pessoalmente.

Duas semanas inteiras conversando com a minha mina escritora, a primeira coisa que eu faço quando acordo é manda bom dia pra ela, a gente se fala o dia todo, na hora de almoçar sempre falo o que tô comendo, e ela ri e diz que eu sou muito chato pra comida, a gente fala sobre tudo, e a noite a gente conversa ate um dos dois pega no sono.

É estranho porque eu nunca vivi nada disso com ninguém, tipo nunca conversei com ninguém por tanto tempo, eu tô gostando muito. Ela é a única mulher que eu já pensei de levar a sério, e o foda é que nem a cara dela eu vi.

Quando deu um mês que a gente tava nessa de ficar só conversando, eu decidi da uma prensa na mina pra gente se vê logo, tô doido pra conhecer minha Deusa, da uns beijo nela, e transar também né, se rola um clima.

B1: Bom dia meu raio de sol !

Lovely Writer: Bom dia bandidão !

B1: Quero te ver delícia, bora sair hoje? tô doido pra conhecer a cara mulher da minha vida!

Lovely Writer: Mulher?

B1: Sim, porque princesa? vai dizer que tu é de menor?

Lovely Writer: Não é isso, tenho 28 anos.

B1: Então já é minha Deusa, bora sair hoje, si me fala onde você quer ir que eu te levo.

Lovely Writer: Eu não sou uma mulher, sou um homem.

B1: Que? Porque você não disse antes?

Lovely Writer: Achei que tava na cara né? Pelo conteúdo da minha escrita.

Lovely Writer: Oii, você tá aí? É, claro que não tá.

Porra, como assim eu tava esse tempo todo conversando com outro macho?