Capítulo Sete

Eduardo

Hoje é sábado, e eu estou de folga, eu achei que ia passar a noite em casa vendo Tv e cromado sorvete como sempre. Mas a safada que mora aqui em casa resolveu lembrar que eu existo e agora quer sair comigo.

Eu sei que ela quer ir no baile, mas eu não quero, não me sinto bem em um lugar cheio de gente bonita, com roupas sexy, com seus corpos sarados estragando na minha cara o quanto eu sou feio, gordo e desajeitado.

Então fomos pra lanchonete que tem dias quadras pra cima da nossa casa, e um lugar mais calmo, a gente pode tomar uma cerveja e ficar conversando a toa.

Quando chegamos tinha bastante gente lá, uns caras que eu via sempre na boca , e alguns que já foram até o posto pra fazer os exames e a ficha médica.

Apesar de eu ter sido muito respeitoso com todos eles, nenhum deles foi nada gentil comigo, acho que por eu ser assim mais afeminado, fica na cara que eu sou gay, e como a grande maioria das pessoas pensa, eles acharam que se fossem gentis ou educados comigo eu iria achar que eles estavam dando em cima de mim, daí todos eles me trataram muito mal, tanto que nem me olharam quando eu cheguei. Mas pra Manu com certeza ele olharam.

O tal do Breno, irmão do dono do morro , aquele cara que quase matou a gente de siri quando chegamos, ele estava aqui, e não parava de encarar a Manu, que não fazia nem questão de disfarçar que tava gostando.

- Oh sua rapariga, dá pra sussega essa sua periquitosaura predadora aí, fica se metendo com homem dos outros depois fica careca, e acaba que eu me lasco junto com você.

- Fica de boa viado, esse aí e macho da insuportável da Bia, não vou ficar com ele, mas eu posso muito bem fazer ciúmes nela né, deixar a vadia doida de ciúmes.

- Tu vai aprontar né rapariga?

- Vou mandar uma foto minha lá no grupo das meninas, vou fazer questão do macho dela aparecer na foto, aposto que ela chega aqui que nem um raio.

- Aí minha nossa senhora das bicha gorda, me ajuda!

- Larga de ser medroso Edu, você precisa para com isso de ficar se pondo pra baixo assim, amigo você é lindo.

- Lindo por dentro né.

- Não, você é lindo por dentro e por fora, qualquer homem que te escolher vai ser o cara mais sortudo do mundo.

- Não é assim tão fácil.

- Seria se você se abrisse e desse uma chance.

- Eu fiz isso uma vez lembra? Me custou 2 costelas quebradas, um ombro deslocado e um dente quebrado, foras os hematomas e o olho roxo.

- Edu, ei sei que aquilo foi horrível mas você não pode desistir.

- Não só posso como já fiz. Amiga, eu tô bem assim, não precisa ficar preocupada.

Eu sei que ela quer o meu bem, mas eu simplesmente não posso, um dia eu tentei, esses aplicativos tem a opção de escolher homens gordinhos, eles chamam de urso. Eu conversei com um cara marquei um encontro e quando cheguei tinha dois caras, eles me espancaram e me deixaram lá na rua pra morrer, se não fosse as pessoas que passavam por lá eu tinha morrido lá sozinho.

Tirei essa essas coisas do pensamento quando a chata da Bia, e a cobra da Cíntia chegaram. A doida da Manu continuou dando mole pro Breno, e eu jantava com o cú na mão de medo daquilo dar merda.

A Bia grudou no Breno que nem sarna, e eu fiquei olhando pra ver se ele e pra Manu pra ver se ela ainda tava dando mole pra ele, eu tava tão nervoso com medo de acontecer alguma coisa. Mas daí a cobra da Cíntia começou a latir.

- Olha só meninos, a bicha gulosa não para de olhar pra cá, será que ele tá afim de algum de vocês?

Os caras da mesa começaram a ficar bravo, falando que não queriam nem graça comigo, começaram a me xingar e fazer piadas e rir de mim.

- Tá e doida, eu que não quero nem graça com esse maluco

- Eu sei que sou gostoso gordim, mas tira o olho que eu não gosto de viado me secando não!

- Bem que eu vi que esse desgraçado tava pegando demais em mim pra torrar sangue, esse viado filho da puta, vou arrebentar a cara dele!

Eu já tava pronto pra apanhar, mesmo não tendo feito nada eu sabia que ninguém tava nem aí. Além de ser humilhado e ofendido, eu ainda ia apanhar igual cachorro sem dono.

Mas aí, quando os caras já tinham cercado a nossa mesa, a Manu já levantou puta da vida xingando todo mundo e foi uma confusão, mãos do nada a gente ouviu um tiro e o Breno gritou.

- Vamo para com essa merda! Vaza daqui todo mundo, não quero saber de vocês enchendo o saco do enfermeiro, até onde eu vi o gordinho tava na dele.

- Na dele uma porra, esse pau no cu tava dando em cima de mim.

-- Você não é tudo isso não o seu arrombado filho da puta do Caraí!- Manu

- Tu fica na sua morena!

Ele olhou pros caras e falou com voz firme.

- Não quero saber de vocês metendo o loco pra cima do enfermeiro, ou então eu vô leva esse assunto pro Bruno, e vocês sabem muito bem que ele não gosta de injustiça.

- Vai fica defendendo viado agora Breno?

- Sim, e quem mais precisa, foi pra isso que eu e o meu irmão tomamo conta dessa porra de morro, agora rala vai, cada um pra sua baia.

Eu fiquei agradecido, mas sinceramente não quero mais ficar aqui.

- Manuzita, eu vou pra casa,pra mim a noite já deu.

- Tá bom Migo, eu vou com você.

- Não, pode ficar. Eu quero ficar sozinho um pouco.

Sai de lá e fui direto pra casa, minha alto estima lá na chão arrastando, e meu coração partido mais uma vez, quando cheguei comi tudo que eu vi pela frente, e depois veio a tristeza e o arrependimento, e então eu segui a rotina de sempre de quem sofre com a bulimia e a compulsão alimentar, comer até se encher e depois vomitar tudo até o estômago doer.

Hoje nada pode melhorar a minha noite, pelo menos era o que eu pensava até receber uma mensagem dele...

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