Instinto de Anjo.

P. O. V S.P.R.M

Depois do nosso encontro casual no corredor, um pensamento estranho cruzou minha mente, provocado pelas palavras dela sobre ter uma namorada.

Eu não tenho namorada e não pretendo ter. Não preciso de ninguém

Aquele pensamento estranho não saía da minha cabeça, mas não dei muita importância. Decidi ficar por perto, só para ver o que aconteceria. Mas, ao vê-la entrar na biblioteca e pegar "O Mágico de Oz" para ler, percebi o quanto ela era previsível... Com tantos exemplares de "O Despertar das Sombras" para ler, ela escolhe aquilo?!?!?! Eu é que não vou ficar aqui!!!!

Voltei para o meu quarto, me ocupando com coisas diversas e sem importância, até que decidi checar se ela já tinha ido para o quarto.

No final do corredor, vi Claire entrar na sala gritando e decidi intervir. Ao chegar na porta, vi Claire enforcando Tessa, que tentava pedir ajuda com uma voz quase inaudível. Então, eu gritei:

- Solta ela, Claire....

- Shawn?? Sai daqui.

- SOLTA ELA AGORA!!! - Falei com firmeza.

Ela caiu sentada no chão e, com as mãos no pescoço, começou a perguntar:

- O que eu te fiz, garota???

- Eu avisei pra você ficar longe dele sua assassina.

- CALA A BOCA, CLAIRE!!! - Gritei, interrompendo-a. Ela não tem o direito de jogar isso na cara da Tessa.

- Assassina? O que? Como assim? - Tessa questionou, curiosa. Por que elas sempre têm que ser tão curiosas? Eu disse para Claire calar a boca. É tão difícil assim ficar quieta?

- Você sabe, garota. Você sabe que, no fundo, a culpa da morte da sua mãe foi sua.

- O que? Não, eu não...

- Sim, você. Se seus pais não tivessem ido te buscar naquele dia, eles não teriam sofrido o acidente e sua mãe estaria viva...

- Não, não é culpa minha..... - Tessa saiu correndo, perturbada.

Eu não podia deixar Claire falar assim com Tessa e ficar calado.

- Você não tinha o direito de falar sobre aquele dia pra ela.

- Eu sei, mas ela não sabe. Hahahahaha

- Você é patética! e por favor pare de tentar afastar a Tessa e qualquer outra garota de mim, se você acha que tem alguma chance comigo está completamente enganada!

Dito isso, saí correndo, pois senti que algo ruim estava acontecendo com ela e eu precisava intervir.

Minha intuição ou os poderes de anjo (não consigo explicar) me levaram até as piscinas e, em uma delas, vi um corpo. Não pensei duas vezes antes de pular, pois sabia que era ela.

Ela estava afundando muito rápido e quase desmaiando. Peguei-a rapidamente e voltei para a superfície. Ela já estava desacordada e eu precisava fazer algo rápido.

Fiz uma massagem cardíaca e uma respiração boca a boca nela, até que ela acordou e eu pude ver a imensidão de dor e sofrimento em seus olhos. Mas não deixei isso me afetar.

P.O.V Tessa Lockwood

Assim que vi aquele clarão sobre a água, eu apaguei e não vi mais nada.

Mas, quando meus olhos se abriram, eu vi os olhos mais intrigantes do mundo, eu vi os olhos de quem eu não queria ver,

Ficamos perdidos em nossos olhares por um tempo, até que a enfermeira chegou, tirando-o de cima de mim e me levando até a enfermaria,.

P.O.V S.P.R.M

Depois que a enfermeira a levou, fiquei lá, parado, olhando para o nada. Parte de mim queria segui-la, ver se ela estava bem, mas a outra parte, simplesmente não se importava. Foi então que decidi voltar para o meu quarto.

No caminho de volta, não pude deixar de pensar em como tudo tinha mudado tão rápido. Uma hora, eu estava apenas observando-a, e na próxima, estava salvando a vida dela. Mas não senti nada, nenhuma emoção. Apenas a necessidade de fazer o que tinha que ser feito. Afinal sou o anjo dela, é meu trabalho.

De volta ao meu quarto, sentei na cama e fiquei olhando para o teto, pensando em tudo o que tinha acontecido. Mas, por mais que tentasse, não conseguia sentir nada. Nenhuma tristeza, nenhuma alegria, apenas... nada.

E foi assim que passei o resto da noite, apenas sentado lá, olhando para o teto e pensando em nada. Porque, no final das contas, era isso que eu era. Nada. Apenas um anjo indiferente, fazendo o que tinha que ser feito. Sem emoções, sem sentimentos, apenas... nada.

E, de alguma forma, estava tudo bem. Porque era assim que eu queria ser. Indiferente. E nada mais.

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