Afundando em pensamentos

Voltei ao meu quarto depois de ter tido aquela conversa com as garotas. No entanto, uma sensação de apreensão me acompanhou ao ficar sozinha ali. E, como eu passaria o final de semana naquela maldita escola, precisava encontrar algo para ocupar o meu tempo.

- Já sei! Vou até a biblioteca e aproveitar para ler um pouco - disse a mim mesma, decidida a sair do meu quarto. (Foi uma ideia um tanto infeliz, aliás, pois acabei esbarrando exatamente na pessoa que menos queria encontrar.)

- Pouca sombra? Não deveria estar tomando sorvete com o seu pai? - provocou ele.

- E você não deveria cuidar da sua própria vida e sair do meu caminho? Sério, não estou procurando problemas - respondi, tentando me afastar.

- Espera um pouco! De que problemas você está falando? - ele perguntou, bloqueando a minha passagem.

- O problema chamado "sua namorada", mauricinho - o encarei. - Ela praticamente tentou me matar na semana passada, tudo porque eu apenas falei com você.

- Namorada? Quem é essa maluca? Nunca namorei ninguém neste lugar - ele respondeu, visivelmente confuso.

- Também não faço ideia de quem seja, mas se ela me disse para me afastar de você, é porque sei lá, vocês já tiveram algo - respondi, irritada.

- Se tivemos algo, não me lembro. Mas o que exatamente ela fez com você? - ele perguntou, demonstrando preocupação.

- Ela me jogou no chão como se eu fosse um ser desprezível. Mas isso não vai se repetir. Ficar longe de você é a solução. E adivinha... não será nenhum sacrifício. Tchau Shawn - disse, saindo.

- Como sabe o meu nome? Eu nunca te contei - ele perguntou, confuso.

- Parece que não é o único que sabe ler mentes - respondi, deixando-o para trás.

Suspirei aliviada enquanto caminhava em direção à biblioteca.

Cheguei à biblioteca e peguei o livro "O Mágico de Oz" para ler. Fiquei completamente imersa na história, perdendo a noção do tempo. Quando finalmente me dei conta, já estava escurecendo lá fora.

- Ah, droga... - murmurei, apressando-me em direção à saída. Porém, antes que pudesse sair, alguém me empurrou com força contra a parede, gritando furiosamente.

- Eu te avisei, garota! - ela berrou, apertando o meu pescoço com força.

- Por favor... me solta... - consegui balbuciar, lutando para respirar.

- Solta ela, Claire... - ouvi a voz de Shawn surgindo do nada.

- Shawn? Sai daqui! - respondeu Claire, cheia de raiva.

- Solta ela agora mesmo, garota! - Shawn gritou, com autoridade.

Finalmente, Claire me soltou e eu caí sentada no chão, ofegante, tentando recuperar o fôlego.

- O que eu te fiz, garota? - disse me levantando colocando as mãos no pescoço.

- Eu avisei pra ficar longe dele sua assassina...

- Chega, Claire. Cala a boca! - Shawn gritou, defendendo-me.

- Assassina? O quê? - perguntei, confusa.

- Você sabe, garota. Você sabe que, no fundo, a culpa pela morte da sua mãe é sua - acusou Claire, cheia de raiva.

- O quê? Não, não é culpa minha... - comecei a chorar. - Não é culpa minha.

Em meio às lágrimas, corri dali transtornada, sem rumo.

Não, não é culpa minha. Mãe, me desculpe, por favor. Eu nunca quis que você morresse. Mãe, me perdoe, por favor.

Corri até a área das piscinas e, sem pensar duas vezes, me joguei na água. Mesmo sem saber nadar, não me importava. Naquele momento, tudo o que eu desejava era acabar com tudo, fazer o que deveria ter feito há muito tempo. Afundei na água, fechei os olhos e me deixei levar. Mas, quando os abri novamente, vi um clarão. Pensei imediatamente: "É Deus vindo me buscar".

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