Eu não caio nesse papo de que ele quer uma vida boa pra mim e por isso me deixa sozinha. Se ele realmente quisesse o melhor pra mim, ele seria um pai e não um turista. Ele vive viajando e quando está comigo mal para em casa.
Ok, Victoria, respira e para de pensar nisso.
Quando eu ia me deitar novamente, escutei uns assovios vindo da minha sacada e arregalei os olhos.
Peguei meu tênis e fui andando devagarinho até a janela. Quando coloquei minha cabeça pra fora da sacada e vi uma sombra, só fiz jogar meu tênis e dar um grito fino.
— Ei, ei, ei, calma. – Shawn entrou no meu quarto e disse tapando a minha boca. Eu mordi sua mão e ele tirou rapidamente, reclamando da dor.
— O que você tá fazendo aqui? Você tá louco? Como você...? Você pulou a sacada? Você poderia morrer! – Shawn arqueou as sobrancelhas e eu revirei os olhos. – Não que eu me importe. – Ele deu um sorriso bagunçando o cabelo e eu cruzei os braços. — O que você quer?
— Primeiro: As nossas sacadas são praticamente coladas, essas duas casas eram uma só e eu não estou afim de contar essa história. Segundo: Achei que você iria querer saber no que o seu pai e minha tia estão trabalhando.
— E como você sabe?
— Eu a escutei falando com ele no carro, eu já tinha saído mas tenho a audição muito aguçada.
— Eu não quero saber da sua audição, Mendes.
— Mendes? – Ele disse sorrindo. – Soou sexy.
— Sexy? Qual o seu problema? – Eu disse rindo.
— Você fica melhor quando está sorrindo. – No mesmo instante eu fechei a cara e voltei a cruzar os braços.
— Fala logo.
— Ih, acho que com tanta marra assim eu não vou contar não.
— Ah, então não fala, sai do meu quarto agora.
— A loirinha tá bravinha? Nossa, que medo. – Ele disse rindo e se aproximando de mim.
— Se você não sair agora eu grito.
— Pode gritar, o seu pai foi na minha casa resolver umas coisas do trabalho com a minha tia, e, digamos que é um pouco longe do lugar em que eles estão.
— Que?
— O escritório... É um lugar bem reservado e tem umas frescuras de que não se escuta nada de fora.
— Ah, ok, então você pode me estuprar, eu posso gritar pra sempre que ele não vai me escutar?
— Praticamente isso. – Ele disse se aproximando e eu coloquei minha mão em seu abdômen, parando-o.
Wow.
Ele aparenta ser bem magro, mas o que eu estava sentindo não era nada que um magrelo teria.
— Sério, dá pra você sair? Por favor? Eu estou com a cabeça muito cheia. – Eu disse sem olhar em seus olhos.
— Eu só gosto de te fazer medo, parece que a cada passo que eu dou em sua direção você acha que eu vou te matar. – Ele disse sorrindo e indo em direção à sacada. – Você é engraçada, Victoria.
Fiz um “ha-ha-ha” e ele sorriu.
— Não sei por que se priva tanto de sorrir. – Ele disso dando um sorriso meio torto e sumindo do meu campo de vista.
Eu hein, garoto louco, fica invadindo o quarto dos outros.
Fechei a sacada e as cortinas, logo depois desligando a luz do quarto.
Deitei na cama e respirei fundo, desejando que eu acordasse no corpo de uma garota com uma família feliz.
(...)
Acordei cedo com a desgraça do despertador tocando mais alto do que qualquer coisa. O joguei no chão com força e mesmo assim ele continuou tocando.
— Eu sou uma boa pessoa, meu Deus, por que fazes isto comigo?
Disse me esticando para pegar o despertador mas acabei de esticando demais e caí da cama.
— Mas que beleza, já comecei o dia bem. – O despertador continuava tocando e eu quase gritei de raiva. O peguei com bastante cuidado e tirei as pilhas.
Oh, silêncio, que coisa maravilhosa.
— VICTORIA, ACORDA!
E o barulho voltou.
— ACORDE LOGO! – Meu pai disse batendo na porta. Que bom que está trancada.
Eu estava buscando forças pra me levantar, mas eu não tinha nem forças pra falar...
— Victoria, você vai se atrasar!
— EU JÁ ACORDEI! – Disse com as forças que consegui juntar. Oh, droga, eu só quero dormir por uma semana. É pedir demais?
Me levantei me apoiando na cama e ela me chamava pra dormir.
“Vem, Victoria, eu sei que você me acha gostosa!”
Não olha pra cama, Victoria, ela é uma tentação.
Fui em direção ao banheiro e quando me olhei no espelho quase grito de susto.
Que olheiras são essas? Isso que dá não dormir direito, ficar acordando de meia em meia hora.
Amo a minha vida.
Tomei um banho demorado e sequei meu cabelo. Bati minha cabeça na parede quando estava secando o cabelo porque ia adormecendo mas ficou tudo bem.
— Pelo visto vou ter que passar mais maquiagem que o normal. – Respirei fundo e fiquei de frente pro espelho. – Hoje não vai ser só rímel.
Passei base, corretivo, pó e caprichei no rímel. Minha pele não estava nada exagerada, na verdade nem parecia que eu estava maquiada, passei mais na região das olheiras mesmo.
Abri minha gaveta de batons e olhei pra roupa que eu estava vestindo. Era um shorts de cintura alta e uma blusa folgada ensacada.
Não seria uma má ideia passar um batom, a roupa não era chamativa...
Ok, passei um batom rosa meio avermelhado, mas mais puxado pro rosa... Passei perfume e peguei minha bolsa, descendo as escadas.
— Vai pra onde assim? – Meu pai disse enquanto lia o jornal.
— Pra esquina me prostituir. – Disse saindo de casa e fechando a porta com força, sem dar tempo pra ele reclamar. Fui até a garagem e entrei no carro, indo em direção ao colégio.
(...)
Entrei na sala e eu ainda não havia visto nenhuma das meninas ou dos meninos, acho que não teríamos a primeira aula juntos. Sentei na última cadeira vaga e apoiei minha cabeça na parede.
— Da próxima vez você não entra, Finn.
— Desculpe, professor. – Escutei a voz do Finn e ele se sentou na última carteira vaga que era ao meu lado. Olhei pra ele sorrindo sem os dentes e ele ficou um tempo me olhando sem nenhuma reação.
— Finn? Tá tudo bem? – Ele piscou os olhos várias vezes e sorriu.
— Ah, tá, tá sim... É só que... – Ele demorou a falar e eu arqueei as sobrancelhas. – Deixa pra lá. – Ele sorriu de lado e eu assenti com a cabeça.
(...)
Na hora do intervalo eu encontrei as meninas e elas não paravam de comentar sobre mim, que tinham adorado a minha roupa e o batom, disse que realçava os meus lábios, e o Finn até fez um comentário dizendo que minha boca era bonita.
Ok, Victoria corada em 3, 2...
Respira.
Notei que o Shawn ficava olhando pra mim e isso me intimidava. Eu na verdade não costumo ser uma pessoa tímida, mas ele é estranho, sei lá.
— Olha só o que temos aqui. – Escutei uma voz desconhecida e quando levantei a cabeça, dois olhos azuis me encaravam profundamente. Ele estava apoiado na mesa e estava sozinho.
— Cadê o resto da sua alcateia, Nash? – A Van perguntou sem nem olhar pro garoto e ele soltou uma risada.
— Não lembro de ter virado lobo, Van, mas lembro de ter te dado umas mordidas. – Nesse momento ela arregalou os olhos e olhou pra ele, que apenas piscou o olho e voltou a olhar pra mim. – Sou o Nash, prazer. – Ele esticou a mão enquanto não tirava os olhos dos meus.
Estendi minha mão e apertei delicadamente.
— Victoria. – Disse sorrindo sem mostrar os dentes. Quando ele soltou minha mão, antes disso, ele fez algo estranho, como se tivesse feito carinho com um de seus dedos. Eu hein.
Ele apenas sorriu e antes de se virar, olhou bem pra mim.
— Tenho certeza que ainda vamos nos falar mais vezes. – Ele então se virou e passou por Shawn quase se chocando com ele, que estava em pé olhando em minha direção.
— Às vezes eu começo a duvidar da teoria do Finn e acho que o Shawn é um assassino. – Todos na mesa começaram a rir. – Eu to falando sério. – Eu disse sorrindo. – Ele fica parado olhando fixamente pra mim e isso me assusta.
O sinal tocou e nós nos levantamos da mesa.
— Se ele fica parado te olhando fixamente, não é porque ele quer te matar, besta. – A Carol disse me dando um empurrão e eu ri. Olhei novamente pro Shawn e ele continuava olhando pra mim. Estirei língua fazendo uma careta e ele começou a rir, o que me fez sorrir.
Droga, quem esse garoto pensa que é pra ficar me fazendo sorrir?
Argh.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Aldeane Santos
Sim kkkkk tô amando jsooooo 🤗
2023-10-10
1
Amanda
Adolescentes...😉😝
2023-07-21
1
Kamila
Tá incrível sua história!
2023-07-14
1