04

Victoria P.O.V.:

Voltei pra dentro do restaurante e fui em direção ao banheiro. Apoiei minhas mãos na pia e me olhei no espelho.

O que esse garoto quer comigo? Por que ele fica jogando esse charme pra cima de mim? Ou sou eu que sou fraca demais? Qual é, Victoria, é apenas mais um garoto que acha que pode ter qualquer garota em suas mãos.

— Eu não serei uma. – Disse em voz alta, mas baixo. Percebi que os cachos já estavam caindo, meu cabelo era muito liso e não segurava por muito tempo. Droga.

Saí do banheiro em direção à mesa e o Shawn já estava lá.

— Está tudo bem, filha? – Meu pai me perguntou enquanto eu me sentava. Eu apenas assenti com a cabeça e olhei pro Shawn, que me olhava com um sorriso misterioso.

Eles continuaram conversando sobre o trabalho que eu nem quis prestar atenção. Peguei meu celular e vi que tinha umas mensagens.

“Como está a sua vida de vizinha do Shawn Mendes? Hahaha Ro.”

Mandei pra ela: “Como conseguiu meu número? Ah, e não está nada fácil, ele é super estranho.” Logo ela respondeu “Tenho meus contatos, haha. E boa sorte com o Shawn.”

Dei um sorrisinho de deboche e bloqueei o celular. O que eu mais queria era pegar meus fones e escutar minhas músicas favoritas até aquela “reunião” chata acabar.

Aquilo levou mais uma hora. Depois que eles jantaram (eu disse que não estava me sentindo bem pra comer), fomos embora e eu agradeci por sair daquele lugar sufocante.

— Não estão curiosos pra saber se deu certo? – Meu pai disse no caminho de casa.

— Tanto faz. – Eu disse encostando minha cabeça no banco e fechando os olhos. Senti um leve empurrão e abri os olhos assustada. O Shawn me olhava com repreensão no olhar. Revirei os olhos e suspirei fundo. – Como foi, pai? – Dei um sorrisinho enquanto ele olhava pra mim pelo reflexo do espelho e ele sorriu.

— Nós fomos contratados. – A tia do Shawn bateu palmas e ele os parabenizou. – Não está feliz, Victoria?

— Se eu pelo menos soubesse do que se trata... Vocês podem ser traficantes ou sequestradores de crianças inocentes, podem traficar órgãos ou coisas piores, não vou me arriscar a parabenizá-los por algo que eu não tenho conhecimento. – Olhei de lado e percebi que Shawn me olhava. Do nada todos do carro começaram a rir e eu fiquei sem entender.

— Você e suas brincadeiras.

— Eu falei sério, pai. – Disse cruzando os braços.  Ele respirou fundo e um silêncio pairou no carro.

— É um trabalho secreto, eu já te expliquei isso quando entrei no ramo, e...

— É, eu sei, é para a minha segurança, você me explicou isso quando eu tinha dez anos e eu me lembro muito bem.

— Dá pra você parar de ser chata pelo menos por um minuto e nos parabenizar? – Ele disse parando o carro em frente a nossa casa e se virando pra mim.

Mordi o lábio inferior na tentativa de segurar toda a minha raiva. Respirei fundo e olhei em seus olhos.

— Parabéns, pai, por sempre pensar na sua felicidade antes da minha. – Saí do carro rapidamente e bati a porta com força. Caminhei até a minha casa e abri a porta com a minha chave. Escutei o meu pai me chamando mas não me dei ao trabalho de olhar pra trás.

Subi rapidamente pro meu quarto e tranquei a porta, logo depois ligando a luz. Me joguei na cama e fiquei fitando o teto.

Desde pequena que o meu pai trabalha muito, sempre vivi com babás e ele ainda acha que isso foi bom.

Ah, claro, realmente... É ótimo crescer longe do pai, é ótimo quando uma desconhecida te ensina a dar os primeiros passos, é ótimo quando você tem que tirar notas baixas no colégio pra ele se lembrar da sua existência.

Por que ele achava que estava tudo bem? A verdade é que não estava.

Não estava nada bem.

Eu cresci sozinha, rodeada de pessoas estranhas e de brinquedos, tecnologia, dinheiro.

Foda-se! Como se isso me trouxesse alguma felicidade...

Eu poderia ser do tipo patricinha mimada que não está nem aí pra família e só se importa com o dinheiro, e, com isso, é feliz. Mas... Não! Eu não sou assim.

Infelizmente.

Eu entendo que ele sempre fez o melhor, sempre se esforçou pra me sustentar e me dar uma vida de princesa, mas sabe de uma coisa? Eu preferia ser pobre, mas com o meu pai ao meu lado.

Como se não bastasse a ausência física da minha mãe, eu convivo com uma pessoa na minha casa que se duvidar não sabe nem a minha idade.

E essa é a realidade de Victoria Hudson.

Respirei fundo e levei minhas mãos ao meu rosto.

— Não chora, não chora... – Eu repetia incansáveis vezes até os meus pensamentos serem interrompidos por batidas na porta.

— Victoria, abre aqui. – Permaneci em silêncio. – Abra essa porta agora!

— Me deixa em paz.

— Nós precisamos conversar, filha. – Respirei fundo e me sentei na cama.

— Vai embora, por favor.

Ele ficou em silêncio por uns segundos e eu achei que ele tivesse realmente ido embora.

— Eu só quero o melhor pra você... – Ele disse numa voz baixa e fraca, como se estivesse se afastando da porta.

Ainda bem.

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Comments

Amanda

Amanda

Dinheiro é importante mas a presença é muito mais importante disso não tenho dúvidas

2023-07-21

4

Rosana Mendonça

Rosana Mendonça

que maluquice isso não estou conseguindo entender nada não era pra ser a continuação do volume 1

2023-07-19

1

Thayane Minardi

Thayane Minardi

Gente, ela é filha de quem? nem o sobrenome eu reconheci

2023-07-19

0

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