03

Quando entrei em casa, subi logo pro meu quarto e joguei minha bolsa no chão, logo depois me jogando na cama. Eu não conseguia parar de pensar no que tinha me acontecido naquela manhã. Eu tinha mesmo feito colegas com facilidade? E sobre o assassino ao lado da minha casa?

Ok, Victoria, você sabe que ele não é um assassino. Dei uma risada com isso e me sentei na cama. Respirei fundo e estralei o pescoço, o inclinando pra esquerda e depois pra direita.

Ai como eu amo fazer isso.

Levei minhas mãos aos meus pés e tirei meu tênis. Me levantei e tirei o resto da roupa, ficando apenas com as roupas de baixo e perambulando pelo quarto. Peguei meu celular e o conectei na caixa de som, colocando play na música “Can we dance – The Vamps”.

Comecei a cantar a música enquanto andava pelo quarto tentando organizar as coisas em cima dos móveis e quando chegou na parte da bateria eu parecia uma descontrolada de tanto que pulava e gritava a música. Fiquei de frente pro espelho e com o controle da caixinha de som comecei a fazer uma performance maravilhosa.

Ok, não era maravilhosa porque quando eu canto zoando a minha voz sai da pior forma possível. Fiz umas poses de frente pro espelho e comecei a rir do nada.

Prendi meu cabelo em um coque alto e coloquei as mãos na cintura. Comecei a observar meu corpo e fiz uma careta.

— Ainda preciso emagrecer. – Respirei fundo de olhos fechados e quando voltei a olhar no espelho vi no reflexo que o quarto do Shawn era de frente pro meu, e eu sabia que era seu quarto porque ele estava em pé enquanto... Tirava a sua blusa.

Eu o vejo sem blusa ou deixo ele me ver seminua?

Automaticamente me abaixei e fui engatinhando até a minha cama, que ficava do lado da janela e da sacada, ou seja, fora do campo de visão de Shawn.

Recuperei o fôlego e coloquei minha cabeça na janela, e... Droga, ele não estava mais lá.

Ok, Victoria, não foi dessa vez. Me enrolei em uma toalha e fui correndo pro banheiro. Fechei a porta e pendurei a toalha, logo depois me despindo e entrando debaixo do chuveiro.

Tomei um banho demorado, confesso que às vezes me peguei pensando no Shawn, pensei se ele seria mesmo um heartbreaker, como seria o beijo dele e... Victoria, sai do banho!

Não é nada legal pensar essas coisas quando você está no banho, é bastante perigoso, eu digo... Você pode levar uma queda.

Sei lá.

Ok, o verdadeiro motivo não é impróprio.

Saí do banheiro enrolado na toalha e vesti meu pijama, que parecia o de uma criança de dez anos, uma calça folgadona longa e uma blusa de mangas.

Sim, eu ainda calcei uma pantufa super brega.

Posso não ser do tipo fofa, mas quando eu sou... Eca.

Me deitei na cama e coloquei os fones de ouvido. Fechei os olhos e fiz o que sempre faço quando estou relaxando: começo a imaginar cenas perfeitas que me fazem ter raiva quando eu acordo. Por que raiva? Por não serem reais, pelo simples fato de eu ter a consciência de que aquelas cenas não vão se concretizar. Acabei adormecendo e acordei com apenas um fone no ouvido e uma voz insistente no outro, porém de longe.

— VICTORIA, DESÇA JÁ AQUI!

Pude escutar os gritos do meu pai mesmo estando de fone. O que eu fiz dessa vez?

Desci as escadas correndo e quando cheguei lá embaixo ele estava apoiado com as mãos no balcão da cozinha.

— O que eu fiz?

— Nada. – Ele caminhou até a minha direção e colocou suas mãos em meus ombros.

— Nada? Por que estava gritando como se o mundo fosse acabar?

— Você não respondia... Odeio quando você coloca os fones e acha que o mundo se resume àquilo. – Revirei os olhos e ele continuou a falar. – Vá se vestir.

— E por acaso eu estou sem roupa?

Ele me olhou arqueando as sobrancelhas e eu cruzei os braços.

— Pra que?

— Tenho uma importante reunião de negócios e preciso que você vá comigo.

— Outra reunião? Pra que eu preciso ir? Você vai me vender?

— Cala a boca, Victoria. – Ele falou rindo e se aproximou de mim, me abraçando. – Eu preciso que você se comporte, nossa vizinha também vai levar o sobrinho dela e eu não quero birra. – Ele me soltou e caminhou até a sala, se jogando no sofá e ligando a televisão.

Nesse momento eu arregalei os olhos e a minha voz ficou presa na minha garganta.

— Ah, e eu trouxe seu carro, já está na garagem, de nada.

— Pai. – Foi o que eu consegui falar. Ele olhou pra mim e eu estava, com certeza, com uma cara de anta. – Como assim a vizinha?

— Ah, ela é minha parceira no trabalho, nós dois seremos entrevistados por um dono de uma empresa muito importante, ele sabe que eu tenho uma filha e ela um sobrinho, ele quer que nós nos apresentemos com a nossa família.

— Pra que isso? – Eu ainda estava processando. O que o meu pai tinha com a tia do assassino?

— Depois eu te explico, Victoria, agora vá se vestir, é em meia hora.

Meia hora?? Apenas me virei e fui correndo pro meu quarto.

O que eu visto? Pra que tudo isso? Eu vou ter que me mudar de novo? O que a tia do assassino tinha com o meu pai?

Ai meu Deus, o assassino vai.

Me olhei no espelho e quase dei um grito, na verdade as minhas olheiras gritaram por mim.

Passei uma maquiagem e tirei o pijama, o deixando em cima da cama. Caminhei até o meu closet e escolhi uma roupa simples, não vou para nenhum desfile de moda...

Tentei fazer cachos no meu cabelo, eu amava quando eu fazia porque ficava parecido com o da minha mãe.

Vestii uma calça jeans e uma blusa preta de manga longa. Calcei uma sandália que era da minha mãe e sorri ao me lembrar desse fato. Me olhei no espelho e passei a mão pelo meu cabelo, rezando pra que os cachos segurassem sem fixador, odeio o cheiro daquilo.

Passei perfume e saí do quarto, encontrando meu pai dormindo no sofá.

— PAI! – Dei um grito e ele se levantou assustado, arrumando a roupa e o cabelo. Caí na risada e ele não entendeu, o que me fez rir mais ainda.

(...)

— Tá esperando amanhecer para dar partida? E por que não posso ir na frente?

— Fica quieta, Victoria. – Nesse momento ele saiu do carro e passou pela frente do mesmo, abrindo a porta do passageiro. O que tá acontecendo?

— Obrigada. – Olhei pra fora ao escutar uma voz feminina e arregalei os olhos ao ver o Shawn ao lado da que, provavelmente, seria sua tia. – Oi querida, tudo bem? – Ela se virou pra mim falando e eu dei um sorrisinho assentindo com a cabeça.

Logo depois disso a porta do banco de trás se abriu e Shawn entrou.

Olha pra frente, Victoria, sem manter contato visual com o assassino.

— Oi loirinha. – Virei a cabeça vagarosamente e dei um sorriso forçado.

— Não me chama de loirinha, tá?

— Por que não? Você é loirinha.

 Respirei fundo e fechei os olhos, pude escutar o som da sua risada e me perguntei como que o seu sorriso ficaria numa risada tão gostosa.

— Você está bonita, loirinha. – Abri os olhos e olhei pra ele, que estava sorrindo sem mostrar os dentes.

— Obrigada. – Disse sem esboçar reação nenhuma e o meu pai finalmente entrou no carro.

Passamos o caminho todo em silêncio até chegar até o tal restaurante aonde seria a tal entrevista.

Oh, eu não sabia que seria um restaurante. E nem um restaurante tão chique!!!

Descemos do carro e fomos em direção à entrada, onde a atendente disse que a nossa mesa reservada já estava com alguém esperando por nós.

Entramos no tal restaurante e aquilo parecia um hotel de luxo, o teto era alto e cheio de lustres, as mesas eram mais chiques do que qualquer uma que eu havia visto em toda minha vida.

Minha atenção foi atraída pra uma mesa quando meu pai me puxou pela mão, me apresentando a um senhor de mais ou menos cinquenta anos.

— Essa é Victoria, minha filha. – Ele ergueu a mão e eu a apertei.

— Sou o James, muito prazer.

— Prazer. – Disse assentindo com a cabeça e dando um sorriso.

No sentamos na mesa depois de Shawn ser apresentado e eu fiquei olhando de um lado pro outro enquanto meu pai e a tia do assassino conversavam com o tal James sobre uma empresa de negócios, algo sobre tecnologia que eu não me dei ao trabalho de ficar prestando atenção.

— Shawn, por que você não leva a Victoria pra conhecer a área da piscina? – Pude escutar a Annie. – sabia seu nome pois tinha escutado durante sua conversa com o James e meu pai – falando pro Shawn.

— Por que eu faria isso? – Ele disse e eu revirei os olhos.

— Vamos tratar de um assunto mais importante agora. Por favor. – Escutei Shawn bufando e se levantando da mesa, logo depois me cutucando e me chamando pra dar uma volta.

— Eu estou muito bem aqui, obrigada. – Dei um sorriso forçado e vi que ele olhou pra Annie.

— Victoria, por favor. – Ela disse se esticando na mesa e segurando minha mão. Quase que soltava toda a minha raiva com um suspiro longo, mas apenas assenti com a cabeça e me levantei, andando na frente de Shawn.

— Eu que deveria te mostrar aonde é piscina. – Ele disse me alcançando e andando ao meu lado.

— Não sou um gênio, mas presumo que seja fora daqui, não é? – Não olhei pra ele, mas aposto que ele estava revirando os olhos mais uma vez, me segurei para não rir.

Saímos daquela área e logo chegamos aonde queríamos.

— E agora? Ficamos aqui moscando que nem dois retardados? – Perguntei enquanto cruzava os braços.

— Você é birrenta, hein, loirinha?

— Eu não já disse pra você não me chamar de loirinha? Que saco!

— E quem disse que eu tenho que obedecer?

— Eu!

— E você por acaso manda em mim?

— Não, mas... – Ele foi se aproximando e eu dando passos pra trás.

— Mas nada, eu te chamo do que quiser.

— Quem te dá esse direito? Posso saber?

— Liberdade de expressão.

— Nossa...

— É um direito de todo ser humano, loirinha...

— Você me estressa.

— Por quê? Eu não fiz nada.

Nesse momento ele parou de se aproximar e eu parei de andar pra trás.

— Além do fato de você estar respirando... É, você não fez nada. – Me virei e vi que eu estava na ponta da piscina, senti meu corpo desequilibrado e caindo pra frente, mas logo senti duas mãos me agarrando por trás.

Meu coração estava acelerado e eu não conseguia pensar em nada além do susto de cair na piscina naquela noite fria.

Shawn me puxou vagarosamente pra longe da borda e eu ainda estava boquiaberta.

Shawn P.O.V.:

— Tá tudo bem? – Eu disse tirando minhas mãos de sua cintura e a virando pra mim.

— Eu... – Ela olhou em meus olhos e me empurrou. – Você ficou louco? Quase que você me mata, garoto!

— O que? – Eu comecei a rir, era engraçado vê-la estressada.

— Você ficou se aproximando de mim com esse olhar bugado e de assassino, eu achei que você fosse me...

— Beijar? – Eu arqueei uma sobrancelha e ela cruzou os braços.

— Me matar!

Não aguentei e comecei a rir, enquanto ela se virava e andava em direção ao restaurante.

— Ei, vem cá. – Disse a puxando pela mão.

— Não chega perto de mim, você é louco. – Ela se soltou e continuou a andar.

— Você que é louca, loirinha.

Ela apenas continuou andando e estirou dedo pra mim, o que me fez rir mais ainda.

Essa vai dar trabalho.

Mais populares

Comments

Claudiane M Silva

Claudiane M Silva

muito bom ❤️

2023-08-17

2

Amanda

Amanda

❤️❤️❤️❤️❤️

2023-07-21

1

Kamila

Kamila

Estou amando ler !

2023-07-14

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!