02

As três primeiras aulas passaram voando, e por coincidência, duas delas foram com a Roberta e o seu “grupinho” de amigos.

A Van sempre estava fazendo piada de tudo e divertindo todos, a Carol não parava de falar por um segundo, mas isso era bom, ela só falava coisas interessantes. Notei que o Luke não tirava o olho da Roberta e... Cara, o Finn.

O olhar dele me dá um frio na barriga, sei lá, ele é estranho. Estranhamente gato.

Fomos para o intervalo e o refeitório parecia um shopping. As pessoas mal paravam sentadas, sempre tinha alguém andando ou falando alto. Me sentei ao lado da Roberta quando ela me chamou e apoiei meu queixo nas minhas mãos, eu estava apoiada na mesa com os cotovelos.

— Você não vai comer, Victoria?

— Comi muito em casa. – Disse sorrindo. – E pode me chamar de Vic. – Ela sorriu e eu virei o rosto pro lado, avistando a mesa do grupinho do tal Shawn.

Ele continuava com a fisionomia séria, percebi que seu maxilar estava travado e... Meu Deus... Que garoto é esse?

— Tá tudo bem? – Escutei uma voz e me virei rapidamente, assustada.

— Oh, sim. – Era o Finn, era a primeira vez que ele falava diretamente comigo. Ele tinha um sotaque diferente, acho que britânico.

Sotaque britânico é a coisa mais sexy do mundo.

— Ficou interessada no Shawn, né? – Ele disse meio sem jeito enquanto dava uma mordida em sua maçã.

— Não, não... – Eu disse sorrindo sem jeito. – É que ele me intriga...

— Como assim? – Finn estava do meu lado, mas eu me aproximei mais dele e comecei a falar baixinho.

— Por que ele é perigoso?

— Você não sabe? – Balancei a cabeça negativamente e ele deu um sorrisinho. – Ele é o assassino mais frio da cidade, além de ser o maior traficante da região, e ele ama ver o sangue da vítima escorrendo pelas suas mãos.

Nesse momento senti meu coração gelar e eu arregalei os olhos.

Finn começou a rir e todos na mesa também.

— O que foi? – Quase que a minha voz não saía.

 — É sério que você falou aquilo, Finn? – O Luke disse rindo.

Que piercing mais sedutor.

Victoria, para, vocês estão falando de um assassino e traficante.

— Você precisava ver a sua cara. – Finn disse quando parou de rir.

— Então não é verdade?

— Ele tem dezesseis anos, Victoria, como que ele vai ser um assassino e traficante?

Senti meu coração relaxar e soltei uma risada fraca.

— Sei lá, vai que ele é um menor delinquente?

— Nesse colégio de riquinhos? Duvido ter alguém que mate uma formiga aqui. – Ele disse voltando a morder sua maçã.

— Formiga não, mas corações... – A Roberta disse e depois deu um gole no seu refrigerante.

— Como assim? – Olhei pra Roberta e ela balançou a cabeça negativamente, como se não quisesse falar. Voltei a olhar pro Finn e ele me fitava descaradamente.

Não cora, Victoria, não cora.

— Você não vai me falar por que ele é perigoso?

— Ele é perigoso com as garotas, normalmente as que ele namora.

— Como assim?

— E você ainda diz que não está interessada nele... – Ele disse dando uma risadinha enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Eu não estou interessada, só curios... – Mal pude terminar a frase, meus olhos foram atraídos por um grupo de garotos que adentravam no refeitório.

Um ficava na frente, do lado de outros dois um pouco menores que ele. Esses olhos são reais? Atrás deles, pude ver mais dois.

Um garoto menor que eles e bem parecido com o de olhos azuis se aproximou mas o maior o empurrou e resmungou alguma coisa.

— E esses são do outro grupo... – A Van disse quase babando enquanto olhava pra um deles.

— Elas só vão te falar baboseiras já que babam por todos, então eu vou te falar a verdade. – Finn disse e se aproximou mais ainda de mim. – Como a Van disse, eles são do outro grupo, são inimigos do grupo do Shawn e eu acho tudo isso uma besteira, mas é algo que aconteceu entre eles que ninguém sabe. – Arqueei as sobrancelhas e tentei olhar em seus olhos enquanto ele falava, mas era difícil. – Então... Os dois grupos são meio que rivais e desde o fim do ano passado que eles são conhecidos como “perigosos”, tem uns que os chamam de “heartbreakers”, dizem que o Shawn nunca fica com uma mesma garota duas vezes, e o Nash, o de olho azul, faz o mesmo. O do lado do Nash é o Cameron, é seu melhor amigo e ele meio que comanda o grupo. O do lado é o Carter. – Ele apontou com o olhar pra Van e vi que ela não parava de olhar pra ele, ele riu com isso e eu também. — Os que estão mais atrás são o Aaron e o Jacob, parecem ser do bem mas eu não confio em ninguém. Eles tratam as pessoas como lixo e é assim que merecem ser tratados.

— Menos o meu irmão. – A Roberta se aproximou falando e o Finn riu.

— É, o Matthew é o menos ruim... Ou o pior.

— Cala a boca, Finn. – Roberta disse rindo e tentando dar uma tapa nele, fazendo-o rir.

(...)

As aulas passaram e eu fiquei me perguntando o por quê deles serem considerados do mal... Só porque tratam as pessoas mal? Eu faço isso quando não gosto de alguém e sou um amor... Ou não.

Me despedi de todos e fui em direção ao meu carro. Joguei a bolsa no banco do passageiro e girei a chave.

Por que não tá ligando???

Girei mais umas três vezes e ligou, olhei pra onde marcava a gasolina e... Ele desligou.

Que legal. Peguei o celular e liguei pro meu pai.

— Por que o senhor não colocou gasolina no meu carro? Foi a única coisa que eu pedi!

— Então a mocinha de dezesseis anos que eu dei um carro antes do tempo e dirige sem carteira não aprendeu a colocar gasolina?

— Pai!

— Foi mal, eu esqueci. – Ele falou parecendo não se importar. Encostei minha cabeça no banco e fechei os olhos.

— Em quanto tempo o senhor chega? – Disse saindo do carro e trancando a porta.

— Você não tem como andar até algum posto?

— Ah, claro, eu conheço muito essa cidade pra sair a pé procurando a droga de um posto de gasolina.

— Opa, calma aí. – Ele riu. – Eu vou ter uma reunião importante agora, devo chegar aí em duas horas.

— DUAS HORAS? – Eu quase gritei no celular e notei umas pessoas olhando pra mim. – Deixa, pai, eu me viro, vou a pé. – Desliguei o celular com raiva e fui caminhando em direção à minha casa.

Digamos que não era tão perto assim... Nem um pouco.

— Ei, tá indo pra onde? – Olhei pro lado e vi a Roberta em um carro, ela estava acompanhada do seu irmão e... dos amigos do seu irmão. Tentei não olhar muito, tive medo de olhar pro assassino traficante.

— Meu pai fez o favor de não colocar gasolina no meu carro, então eu estou indo a pé já que eu não conheço nada nessa cidade.

— Entra aí, eu te levo. – Ela disse sorrindo e eu olhei pra parte de trás do carro que estava com os Jacks e o Shawn, o da bandana não estava.

— O carro está cheio, acho melhor não. – Disse sorrindo.

— Qual é, eles se apertam, vem.

Até pensei em dar a volta pra sentar do lado de um dos Jacks, mas o Shawn abriu a porta e eu não tive como dizer não.

— Aonde eu sento? – Disse olhando pra Ro.

— No meu colo.  – Nesse momento eu olhei pro Shawn e foi a primeira vez que senti seus olhos pairarem nos meus.

Que garoto maravilhoso.

Sua expressão era maliciosa e eu dei um sorrisinho.

— Acho que se afastar um pouco eu consigo sentar do seu lado. – Ele revirou os olhos e afastou, junto com os meninos. Consegui me sentar mas a porta não fechava. Realmente, não cabia quatro pessoas, uma do lado da outra.

— Vem logo. – Senti duas mãos grandes e geladas tocarem a minha pele por debaixo da minha blusa que havia subido um pouco. Senti um arrepio percorrendo todo o meu corpo e Shawn me colocou em seu colo, logo depois fechando a porta.

A Roberta deu um sorrisinho e deu partida.

Se alguém olhasse pra minha cara iria rir porque eu estava estática.

— Relaxa, eu não vou te morder. – Escutei sua voz no meu pé do ouvido e me arrepiei mais uma vez. Decidi relaxar meu corpo e percebi que ele deu uma risadinha.

— Aonde você mora, Vic? – Peguei um papel na minha bolsa que estava no meu colo e dei o endereço pra ela. – Número 259? Sério? – Ela riu.

— Sim, por quê?

— Nada não... – Decidi ficar quieta e ela continuou a dirigir.

Em poucos minutos nós chegamos à minha casa. Desci do carro e agradeci à Ro, logo depois me despedindo dos meninos. Eu ia fechar a porta mas o Shawn também desceu. A Roberta foi embora e eu olhei pro Shawn com um ponto de interrogação na testa.

— Por que você... – Ele nem me deixou terminar a frase.

— Você é minha vizinha, loirinha. – Ele disse dando de ombros e andando em direção à sua casa que ficava ao lado da minha e também era de primeiro andar. Eu, anta, fiquei parada na calçada olhando ele andar e observando cada movimento de seu corpo.

Antes de entrar ele se virou e deu um sorrisinho torto, logo depois piscando o olho.

Isso vai ser difícil, eu sou vizinha de um assassino sedutor.

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Comments

Aldeane Santos

Aldeane Santos

vdd 😁

2023-10-09

3

Giovanna

Giovanna

Tá interessante

2023-08-08

2

Amanda

Amanda

🤭🤭🤭🤭😂😂😂😂😂😂😂

2023-07-21

0

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