17 – Insegura

Linda saiu apressada daquele quarto. Parecia uma cadela no cio.

Fechou a porta novamente, e seguiu pelo corredor até encontrar alguns degraus. Descia com cuidado cada degrau, a iluminação era precária. Linda segurava firmemente no corrimão para evitar surpresas, mas a cada passo, seu coração acelerava um pouco mais.

No final, tinha uma porta que ela abriu lentamente, deparando-se com um local limpo e perfumado. Em nada se parecia com os porões mofados e empoeirados.

Em um canto avia uma espécie de adega que ia do chão ao teto. Com vinhos, uísques e tantas outras garrafas datadas de muitos anos atrás. Em um canto um sofá antigo, mas sem nenhum resquício de poeira. Tudo ali era tão limpo quanto o andar superior, Julius fazia milagres naquela propriedade.

Num outro canto, uma mesa de trabalho, com ferramentas sobre ela, furadeira, parafusos ... Ao lado havia uma porta, Linda foi até ela com curiosidade. Ao levar a mão na maçaneta, a porta abriu-se, assustando-a.

Linda deu um pulo para trás com um grito, levando a mão ao peito, tentando conter o coração acelerado.

Marcus olhou-lhe primeiro com ar de espanto, mas logo demonstrou o seu descontentamento.

— O que faz aqui?— a sua voz era quase um rosnado.

Antes que ele apagasse a luz, ela teve tempo de ver uma pequena cama no canto da parede e algo mais que fizeram os seus olhos se arregalarem.

Algemas!

Haviam algemas presas a parede pareciam bem antigas, deviam estar ali a anos.

O quê faziam ali? Meu Deus! Aquilo não era certo. Linda queria saber, mas tinha medo da resposta. Enquanto se enchia de perguntas, a porta foi fechada.

— O quê faz algemas no porão? Você é um pervertido de merda!

Será que esse era o motivo de Marcus não querer que eles ficassem ali? Por esse motivo não os ajudava…

Nem mesmo ela conseguia acreditar que isso fosse verdade. As algemas eram antigas, então certamente não foi ele que as colocou. Talvez ele apenas as deixou ali…

Linda não queria saber. Virou-se, seguindo para as escadas. Não queria saber dos segredos daquele homem que a estava deixando emocionalmente fragilizada, mais até do que o próprio lobisomem.

Ouviu os passos de Marcus atrás dela. Naquele momento, mais forte do que a atração que sentia por ele, era a vontade de sair daquele porão horripilante.

— Linda! — Marcus chamou, a voz rouca e sensual a fez parar.

Era como se algo a impelisse para ele. Ela parou e recostou-se na parede do corredor, tentando conter o impulso de correr.

— Que coisa era aquela lá embaixo? — ela perguntou apontando para a porta.

— Algemas…

Marcus falou como se apenas isso explicasse tudo. A resposta foi honesta, mas curta e isso a fez ficar curiosa.

— De quem são?

Ela sabia que não era da sua conta, não se importou. Conhecia Marcus a apenas dois dias, mas os beijos que compartilharam não foram beijos apenas. Sentia uma ligação com ele inexplicável até para si mesma.

Não se importou se ele se ofendesse com a sua intromissão. Ela queria explicações e iria ter. Agora era hora da Linda boazinha sair de cena e dar espaço para a Senhorita Pires, investigadora criminal. Chega de covardia. O perigo maior era o lobisomem que a perseguia e não um homem sensual e grosseiro.

— O que tenho no porão não é da sua conta. — dizendo isso, Marcus tentou passar por ela.

Linda bloqueou a passagem dele parando no meio do corredor de braços cruzados, impondo a sua vontade, mesmo sendo bem mais fraca que ele.

Esse pensamento a fez arrepiar. Ele parado a sua frente exalava uma masculinidade latente. O olhar severo, peito largo, aqueles braços... e as coxas comprimidas no jeans, sabendo que ela já havia sentido a pressão delas contra as suas…

Linda balançou a cabeça, tentando mudar o rumo dos pensamentos. Não era hora para pensar em sexo! Ela estava ali apenas para saber o que acontecia.

— Não é da minha conta? É fácil falar assim comigo após ter enfiado a sua língua na minha boca.

Linda pôde ver nitidamente o músculo maxilar dele se contraindo. Os olhos deixavam bem claro a sua irritação e outra emoção que ela não conseguia definir.

— O fato de termos trocado alguns beijos, não significa que tenha o direito de se intrometer nas minhas coisas. — Ele resmungou.

Ela pestanejou desconcertada.

— Quem diabos você pensa que é? — questionou com a voz esganiçada — Não aja como se o que fizemos não fosse nada.

— É complicado, Linda.

Linda não entendia aquele medo dele.

— Vamos, descomplique. É fácil assim.— ela falou, estalando os dedos, continuou com sarcasmo. — Tenho certeza de que sou capaz de compreender.

— Linda, não posso, tem outras pessoas envolvidas. A minha família…

— A sua família! — ela falou a cutucar obreiro forte com o dedo — O quê é tão ruim que não pode me contar ?

Ele arqueou as sobrancelhas, levando a mão na nuca, com isso ela pôde ver nitidamente os músculos se retesando sob o tecido da camisa.

Ela podia sentir que ele guardava segredos, e isso era irritante, até mesmo assustador. Mas ela sabia que mesmo tomado pela paixão ele abraçava-a com gentileza, as suas atitudes eram grosseiras, mas ela sabia que ele nunca a machucaria. Ela gostaria de ao menos uma vez na sua vida de sentir-se amada e com ele ela era tratada com carinho.

Não precisava ser para a vida toda, só não queria ser magoada no tempo que ficassem juntos. Era certo que Marcus escondia segredos, coisas que estavam guardadas no fundo da sua alma e não queria que ninguém soubesse, inclusive ela.

— Só me diga que o que você esconde não me magoará…

— Não posso. — Ele tentou desviar dela,mas ela bloqueou novamente o caminho. — Droga, Linda... saia do caminho.

Se ele não queria falar sobre, lobisomem, sobre algemas, então teria que passar por cima dela…

— Tire-me do caminho, você!

Linda não sabia o que se passava com ela, mas pela expressão de Marcus, ele não iria deixa-la se safar desse desafio.

— Você não sabe mesmo quando parar.

Os olhos dele estreitaram e um brilho ameaçador passou por eles. As mãos fortes circularam a cintura dela, trazendo-a para ele, fazendo com que os corpos se chocassem. Com a outra mão, ele soltou os cabelos dela, aproximou-se da nuca delicada, aspirando o perfume dos seus cabelos.

Como se ela não pesasse mais do que uma pluma, ergueu-a nos braços e foi até o sofá antigo, acomodando-a sobre as almofadas. Deitou-se sobre ela.

— O quê preciso fazer para que não se meter com as minhas coisas, hein?

— Muito mais que isso.

Os olhos dele faiscaram de desejo, ele apossou-se da boca dela.

Mais populares

Comments

Soraia Cosme

Soraia Cosme

🔥🔥🔥🔥

2024-03-14

6

Angela Valentim Amv

Angela Valentim Amv

o socorro eu quero tbm , vai pegar 🔥 no parque uiii

2024-01-28

4

Marcioroberto Marcioroberto

Marcioroberto Marcioroberto

Hot...

2023-12-25

4

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!