REFÉM DA LUA

REFÉM DA LUA

1– Olhos brilhantes

Linda Pires empurrou a porta e entrou no estabelecimento que estava à meia luz.

– Oi... olá...– chamou.

Nesse momento sentiu alguém atrás dela, viro-se e deu de cara com uma espingarda, o cano quase tocando o seu rosto. Fazendo uma careta, afastou com dois dedos o cano da espingarda para o lado.

– Escute senhor Rogers, eu dei início as investigações para a promotoria. Estou aqui apenas para saber do senhor o que aconteceu.

As feições do homem tornaram-se cheia de revolta.

 — Aconteceu que desordeiros invadiram o meu estabelecimento e me roubaram a mão armada, isso o que aconteceu. Agora eu os desafio a tentar novamente!

Aquela não era a primeira vez que Linda se vê do lado errado de uma arma, isso andava virando uma rotina nos últimos meses.

— Senhor Rogers, tire essa coisa da minha frente.

– Não se preocupe, eu tenho porte de arma. – deslizou a mão pela arma quase que numa adoração. – Usarei essa belezura apenas para pegar aqueles baderneiros, se eles retornarem aqui.

— Vamos! Afaste isso, por favor.

O homem resignado, colocou a arma em baixo do balcão. Deu a volta e apoiou-se na “vitrine”, mexendo os dedos nervosamente.

— Obrigada. — Linda esperou que o homem se acalmasse. — Agora, voltamos ao que nos interessa, como sabe, estou investigando para o processo de julgamento.

Linda ficou ali, por um tempo, escutando aquele comerciante e tomando nota de todos os detalhes na sua agenda.

— O senhor está disposto a acusa-los no tribunal? — perguntou Linda, guardando a sua agenda, dando por encerrado o seu trabalho.

— Claro! Eles são da pior espécie. u os levarei ao tribunal, entregarei os seus traseiros imundos para a justiça.

Linda pode resistir e sorriu para o homem.

— Combinado então. — Falou ela estendendo a mão e selando o acordo.

Guardou a sua agenda na bolsa, passava das 6:00 da tarde. Foi para o carro a passos largos, mas parou antes de chegar. Colocou a mão no “spray” de pimenta que estava na bolsa. Sentia ser observada, olhou ao redor e não havia ninguém.

Há duas semanas tudo havia começado, presentes na porta do seu apartamento eram deixados: bombons, rosa-vermelha…

Algum maluco estava obcecado por ela e isso ela não conseguia entender. Era uma mulher normal de estatura média, cabelos castanhos, não usava roupas ousadas ou maquiagem, ela era comum.

O sujeito talvez desejasse a morte. Ela tinha muitos amigos policiais. Acelerou o passo e não pôde deixar de olhar mais uma vez para trás não encontrou nada, mas a sensação estava lá.

Linda acionou o controle remoto do alarme e destravou o carro. Ouviu um uivo baixo, virou-se depressa para o lado escuro da rua e ela viu um par de olhos brilhantes cravados nela.

Ficou paralisada ao ver um lobo enorme andando lentamente com pelos eriçados e o focinho repuxado, deixando enormes presas à mostra. As orelhas, uma com a ponta cortada, estavam coladas à cabeça, num sinal claro de ataque, ele avançou.

Linda estava trêmula, ela abriu o carro e jogou-se para dentro travando as portas. O animal ainda investiu contra a porta do lado do motorista, as garras deslizando na lataria fazendo um barulho infernal.

Ainda com as mãos trêmulas, girou a chave na ignição e pisou no acelerador, errando até a marcha. Saiu cantando pneu. Pelo retrovisor pode ver o animal sentado observando-a sumir de vista.

A sua vida estava um caos e agora além de um admirador insistente, tinha também um lobo!

Quando chegou ao escritório, deixou todos os seus problemas pessoais para o fundo da mente e fez um resumo detalhado da entrevista que fez com o senhor Rogers. Depois deixou a papelada sobre a sua escrivaninha. Saiu da sala fechando a porta. Ao virar-se, colidiu com alguém atrás dela. Deu meia volta e deparou-se com o seu amigo Luiz Callado. Os cabelos sempre arrumados, estavam desalinhados e grudados, os olhos estavam ligeiramente vermelhos. Parecia embriagado...

Ele estendeu as mãos e a amparou:

— Calma, minha linda!

— Desculpa! Estou tão apressada…

— Isso é normal nesse escritório. — Falou, pegando um lenço no bolso e secando o suor da testa e tornou a guardá-lo no bolso.—– Todos aqui tem pressa…

– Inclusive você, Callado! – Linda estendeu a mão e desmanchou os cabelos que cobriam as orelhas. – Está parecendo meio doido, senhor Conselheiro, acho que já passou da hora de cortar esse cabelo.

Luiz Callado afastou-se do toque e riu, mudando de assunto:

— Você irá na festa do chefe amanhã?

Ficou muda. Eles já haviam namorado por uns meses, mas quando ela percebeu que não existia amor entre os dois, terminou o relacionamento, há seis meses.

Tinha medo dele querer ser o seu par, por isso hesitou.

– Podemos ir juntos, assim economizamos na gasolina.

Ouvir ele fazendo aquele convite ficou na defensiva. Ela conhecia-o muito bem, se aceitasse, ele acreditaria estarem juntos novamente.

— Eu... eu... já tenho acompanhante. — gaguejou, mentindo com um sorriso estampado, esperando que o assunto morresse ali.

Luiz empertigou-se. O seu olhar afunilou-se e o maxilar contraiu-se, mas quando falou, a sua voz era calma:

— Sério? E quem é? — a voz parecia simpática.

Ela deveria saber que ele iria se intrometer, parecia um cachorro que não queria largar o osso. Sem nem pensar, disse o primeiro nome que ele veio à cabeça:

– Ronni. Você deve se lembrar, já falei dele antes.

— Deveria ir comigo. – falou sério.

Então ele sorriu. Linda relaxou. Se ele não teve mais um dos seus ataques de fúria, então estava tudo bem.

— Certo. — ele deu de ombros. — Já tinha mesmo pensado em convidar Dora.

Luiz fungou, puxando o ar e em seguida, aproximou-se de Linda, como se farejasse o ar em volta dela.

— Ei! — Linda esquivou-se — O meu cheiro tá tão ruim assim? — brincou ela — Peço desculpas se o meu cheiro o desagrada! Foi um longo dia, sabia? Até fui atacada por um lobo, sabia?

— Perdão, minha linda. É que... eu tenho um olfato sensível. — disse a afastar-se um pouco, com as mãos no bolso. — Bem, preciso ir. Nos vemos na festa amanhã.

Linda o observou afastar-se. Aquela festa já havia perdido o seu brilho. Ela virou-se e seguiu para a saída, em direção ao estacionamento.

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Comments

carol wisch

carol wisch

já li ele antes, mas por alguma razão não continuei lendo até o fim. li o segundo e voltei a tentar ler esse. pq o segundo foi muitooo bom.

2024-11-18

1

Natacha Manoell

Natacha Manoell

comecei pelo segundo livro
então já n gostei desse minha linda
ele é bem estranho...

2024-11-13

1

Suely Rodrigues

Suely Rodrigues

esse " minha linda" soa tão falso

2024-08-08

3

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