Na noite seguinte, Ronni O'Maile ajudou Linda a sair do carro e subiu a rua com ela em direção à casa do chefe dela. Muitos carros enfileiravam-se ao longo do meio fio.
– Vamos ver o que esse seu amigo Luiz vai dizer de mim.
Ele sorriu com a careta que ela fez. O seu sotaque escocês soou mais forte.
– Já estava na hora de conhecê-lo. Tinha muita curiosidade para ver esse tolo que a deixou partir.
— Ronni! Comporte-se. — ela cutucou-o ao ouvir as risadas dele. — Luiz não irá gostar do seu senso de humor.
— Fique tranquila, docinho. Fico feliz em ajudar. E só para constar, está linda!
— Esse é um encontro de mentira. Lembre-se, você não gosta de mim dessa forma.
— Mas eu sei apreciar uma bela mulher...
Ele segurou a mão de Linda e começou a andar com passadas curtas. Caminharam em silêncio por um tempo.
— Estava pensando, será que o que você viu te perseguindo não foi apenas um vira-latas pulguento querendo companhia?
— Eu sei a diferença entre um cão magricela e um lobo. — olhou irritada para o amigo. — Era um lobo, eu sei.
— Linda, lobos não atacam carros, só vão atrás do que podem comer. Talvez precise descansar, ou…
— Ou? — questionou ela.
— Ou o seu subconsciente está com medo por conta do seu admirador.
— Era um lobo!
— Está bem, sua teimosa. Vamos esquecer esse assunto e nos divertir.
Bem que ela tentava, mas a forma que aquele animal a olhou era estranho, parecia poder ver através dela, mas ela estava numa festa e deveria festejar o aniversário do chefe.
Ronni soltou a mão de Linda passou o braço por seus ombros, puxando-a para mais perto.
— Vamos aproveitar a festa, certo? Esqueça os lobos e esses admiradores secretos e idiotas.
Apertou-a levemente e depois, com as mãos em suas costas, deixou que ela fosse na frente. Logo na entrada, foram recepcionados pelo dono da festa com a taça de champanhe em mãos.
Linda não se sentia a vontade em festas como aquela, ficou feliz por ter Ronni como amigo. Ele era um antigo soldado das forças especiais da Escócia, acabaram se conhecendo em um de seus casos, três anos antes. Ele era um ruivo de 1.85, forte e sorridente, tinha uma áurea de mistério que faziam as mulheres se jogarem aos seus pés.
Se entenderam imediatamente, ele era como um irmão mais velho. Ronni tinha paciência com ela e cuidava dela como se fosse mesmo da família. Às vezes ela se irritava com ele, quando ele se dispunha em acabar com os seus namoros.
Não que ele a quisesse, assim como ela não o queria. Ele era um homem másculo e sensual, mas pensar em ter uma ligação romântica com ele, era como se fosse um incesto.
Ficaram por ali, conversando com os amigos e ele sempre ao seu lado fazendo o papel de apaixonado. Eles conversavam com um ou outro casal, "desfilavam" juntos pelo local, por fim ,ela achou que bastava.
– Pronto para ir?
– Claro.
– Vamos nos despedir do "chefão".
Quando ia em direção ao chefe, viu Luiz num canto, ao lado de uma garota. Ele estava com os olhos cravados em Ronni.
Despediram-se do anfitrião.Ao perceber que Luiz continuava a observa-los, acenou para ele e seguiu com Ronni para porta. Quando chegavam no portão, Luiz bloqueou a passagem.
— Ia embora sem se despedir? — falou sem tirar os olhos de Ronni.
Linda viu-se, mesmo a contragosto, tendo de apresentar os dois homens:
— Luiz, esse é Ronni, uma pessoa muito importante…
Os dois homens apertaram as mãos em cumprimento. Linda arqueou a sobrancelha ao ver que os dois mediam forças, ao invés de um simples aperto de mão.
– Chega rapazes.
— Só queria conhecer o seu namorado. — Luiz respondeu, soltando a mão do outro homem.
Um sorriso falso e rancoroso era notado sob a falsa expressão tranquila de Luiz, ele continuou:
— Só queria saber se está tratando a Linda bem. Essa minha garota merece só o melhor.
Ronni passou o braço pela cintura de Linda, trazendo-a para si, de forma protetora. Ele podia sentir a ameaça velada.
— Não creio que ela tenha algum motivo para reclamar de mim. — falou Ronni num tom zombeteiro.
Os lábios de Luiz se apertaram numa linha fina e a raiva faiscou em seus olhos, mas ele apenas soltou uma risada divertida:
— Você deve ter algo que eu não tenho, é bom para você. — Olhando para linda, continuou. — Não pode culpar um homem por ficar chateado ao ver que perde.
Com um sorriso sem vida, Linda chamou Ronni para ir embora, despedindo-se de Luiz.
Lá fora ela respirou aliviada e desculpou-se:
– Desculpa. Ele foi inconveniente demais, não imaginava que o Luiz fosse assim tão detestável.
— Sim, o sujeito é um provocador.
– Agora sabe porque pedi que me acompanhasse essa noite...
Linda ia dizer mais alguma coisa, mas um arrepio na nuca a fez olhar para o lado, teve a impressão de ter visto um vulto.
— O quê foi? — Ronni olhou-a curioso.
Linda conteve o pânico. Outro movimento e uma sombra enorme e escura...
Senhor! Não era possível, um lobo novamente!
— Por favor Ronni, vamos entrar no carro. Depressa.
Assim que ela ouviu a trava da porta abrir, ela praticamente se jogou no carro, fechando a porta em seguida. Ronni foi calmamente para o banco do motorista e olhou para ela, estranhando o pânico que via estampado no seu rosto.
— O quê você tem? Parece em pânico?
— Não tenho certeza, pensei ter visto algo estranho.
Ronni estranhou o comportamento da sua amiga, mas ligou o carro. Os faróis iluminaram um lobo enorme parado na frente do veículo.
— Meu Deus! — Linda agarrou-se aos ombros fortes de Ronni. — Olhe!
O lobo arreganhou os dentes de forma enfurecida. E lá estava a mesma orelha cortada, era o mesmo animal do outro dia.
— É o mesmo lobo! — quase gritou.
— É só uma coincidência.
— Estou-lhe dizendo, é o mesmo lobo! Ele tem a orelha cortada como o outro.
O animal ergueu-se nas patas traseiras. Pareceu ficar bem maior, quase da altura de um homem forma de um lobo. Ele atacou o carro.
— Vai! Vai, vai, vai! — gritou Linda, em pânico.
— Filho da mãe!
Ronni pisou no acelerador e o motor potente do carro rugiu, distanciando facilmente da fera.
— Pode dizer-me que droga era aquilo?
— O quê você pensa ser? — Linda o questionou.
Nenhum dos dois ousou dizer algo tão estranho, mas passado o susto, linda disse:
– Era um Lobisomem, sei que é ridículo falar isso.
Para a sua surpresa, Ronni ficou pensativo por um tempo, até que rompeu o silêncio:
– Acho que conheço alguém que pode nos ajudar .
– Ajudar em quê ? – Linda queria saber.
– No seu problema com o lobisomem. Se é o mesmo, ele está te perseguindo.
– Agora, além de um admirador obcecado, tenho um lobisomem atrás de mim...
— Marcus, Marcus Petrus, ele poderá ajudar.
— Quem?
— Marcus é um antigo colega da faculdade. Ele é um escritor agora.
— Como um escritor poderá ajudar ?
Ele escreve livros de terror, sua especialidade são os lobisomens.
— Histórias fantasiosas...
— Sim. Mas esse lobo saiu dos livros. Ele mora numa ilhota particular, na costa da Cornualha. Ficará um tempo longe do perigo.
— Mas...
— Sem mas.– Ronni foi firme.– Ele é um excêntrico, mas confio a minha vida a ele.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Fátima Ramos
É o rancoroso do Luiz e é lobo
2025-02-01
0
Josilda silva
Esse bicho deve ser o luiz
2025-01-31
0
Marizete Miranda
O lobisomem deve ser o luiz
2024-07-18
5