Capítulo 3

O brilho nos olhos dele era bem perceptível.

— O-o que está fazendo? — gaguejei sem força alguma nas minhas pernas e braços.

— Isso! — Victor jogou água na minha cabeça, o que me fez gritar pelo susto e ele soltou uma risada espontânea, bem gostosa de ouvir. Mas de repente parou e encarou minha roupa.

Olhei para ela e me dei conta de que estava com uma regata branca. Droga.

Envergonhada, cruzei os braços:

— Bem, eu vou entrar.

— Você é muito linda. — Ele disse enquanto eu passava por ele, senti o meu rosto queimar, mas não quis olhar para ele, só queria entrar o mais rápido possível.

Escorei na porta e tentei respirar fundo tirando qualquer tipo de pensamentos que eu considerava ruim.

Corri para trocar de roupa, coloquei um vestido qualquer. Ainda conseguia ouvir as risadas de Victor com seu irmão. Aquilo de certa forma aquecia meu coração.

Deitei finalmente na minha cama e fiquei apenas mexendo no celular esperando a hora passar.

— Com licença, senhora Ana. Tem um rapaz querendo falar com a senhora. - Dona Marleth entrou no meu quarto. Parecia estar confusa.

— Rapaz? Quem?

— Acho que é nosso vizinho.

Rapidamente levantei no susto. O que Victor estaria fazendo aqui? Imediatamente fui para a sala e só descer as escadas, lá estava ele com um short cor caqui e camiseta preta olhando um porta-retrato meu e do Henry, que tiramos na nossa viagem para a Itália.

— Victor? — o chamei e ele se virou para mim, seus cabelos estavam bagunçados e isso dava um charme para seu rosto.

— Oi! vizinha. Queria te pedir desculpas por mais cedo.

Olhei para dona Marleth que nos encarava, até notar e sair em direção a cozinha.

— Foi só uma brincadeira, nada de mais. Relaxa. Quer se sentar?

Ele assentiu e sentou no sofá, e eu sentei do seu lado. Seu perfume era suave e dava algum tipo de tranquilidade, estranhei novamente esse sentimento e fui um pouco para trás.

— E então, veio aqui só para pedir desculpas? — perguntei desconfiada.

— Não, vou fazer uma festinha lá em casa hoje, se quiser ir, leve o seu marido. — Ele apontou para o porta-retrato.

— Obrigada pelo convite, verei com ele.

— Ele não está?

— Está trabalhando, volta mais tarde.

— E porque os seus olhos estavam inchados de tanto chorar ontem? — a sua pergunta era de um tom sereno e senti a sua mão tocar a minha no sofá, mas no susto retirei e ele disse: — Desculpa.

— Está tudo bem, não aconteceu nada.

— Ok! Se quiser conversar, pode me chamar.

— Certo. — eu disse, fiquei nervosa de repente, ele conseguiu me deixar assim. A minha respiração havia ficado pesada.

— Bem, eu vou indo então, espero te ver lá. Ver vocês…

Apenas assenti, estava com medo de dizer algo e minha voz sair trêmula. Nunca gostei de mostrar fraqueza, nunca gostei de chorar na frente de ninguém, por isso a briga ontem me afetou tanto, Henry me viu chorando e isso foi péssimo.

Infelizmente Victor notou que eu estava assim e novamente tocou minha mão, mas dessa vez eu estava paralisada demais para retirá-las.

Acariciando a minha mão, ele subiu pelo meu braço lentamente e me fez arrepiar. Isso fez Victor dar um breve sorriso de lado.

Chegou no meu pescoço e depois na minha bochecha.

Quando se aproximou da minha boca eu recuei.

— Desculpa. Foi mal.

Victor levantou-se e saiu rapidamente e o meu coração estava acelerado.

O que estava acontecendo comigo?

Senti um breve enjoo, eu nunca olhei para outro cara desde que conheci Henry. Eu não posso olhar para Victor assim, ainda mais sendo tão mais novo que eu. Fora que, meu Deus, eu sou casada!

As horas passaram e eu fui até o mercado comprar algumas coisas que faltava em casa. Essa parte eu gostava de fazer, não me sentia tão inútil.

Voltei para casa por volta das cinco da tarde, na rua não vi Victor em lugar nenhum. Ainda bem. Eu nem ia comentar com Henry sobre a festa, a gente precisava se resolver primeiro.

Me aproximei da minha casa e vi o carro estacionado, ele havia chegado mais cedo e fiquei feliz por isso. Fui para dentro imediatamente procurando-o pela casa, mas não encontrei, fui até o nosso quarto e ele estava lá dobrando uma camisa.

— Amor? Aonde vai? — perguntei, assustada.

— Oi! vida. Vou ter que viajar a trabalho hoje, tudo bem?

— Sério? — Aquela notícia cortou meu coração.

Ele percebeu o meu rosto triste e veio até mim.

— Desculpa por ontem, eu fui um babaca, me perdoa?

— Está tudo bem. — As palavras dele soaram como algo muito reconfortante e familiar para mim e me fez abraçar ele.

Ele me deu um selinho na testa e continuou arrumando as coisas.

— Vai ficar fora só hoje, não é? — perguntei enquanto arrumava as coisas com ele.

— Sim, amanhã por volta das cinco da tarde estou de volta, aí eu posso fazer o que você quiser.

Ele disse maliciosamente beijando o meu pescoço.

— Vou cobrar então.

Após terminar de arrumar as coisas dele, o acompanhei até o carro. Henry me abraçou e disse:

— Eu amo você, meu amor. Até amanhã! Qualquer urgência você me liga que eu venho voando.

— Pode deixar, também amo você.

E ele entrou dentro do carro, me deixando sozinha. Fiquei observando até o carro dobrar a rua, e pude ver dois carros entrando, dois Camaros, passando pela minha casa e indo até à casa de Victor.

Curiosamente, fiquei observando.

Pude ver de um dos carros saíram duas garotas lindas, uma loira e outra morena, do outro Camaro saiu três rapazes.

Devem ser amigos do Victor, e eu pensando em ir com meu marido. Dei risada ao pensar na cena.

Então, essa noite pedia um chá, talvez um bom livro ou filme, mas pensei em algo melhor, peguei meu celular e liguei para Jeni:

— Sem planos para você, seu compromisso é comigo hoje. — Eu disse assim que ela atendeu.

— Ah! Ana. Desculpa, acho que não vai dar.

— Porque não?

— Estou cheia de serviço hoje com uma colega, não posso furar, foi mal.

— Está bem, sem problemas. É que estou sozinha hoje aí estava planejando a noite das meninas, estou com saudades de você.

Não consegui esconder a decepção na minha voz.

— Isso seria maravilhoso, estou precisando mesmo. Mas hoje realmente não posso. Te amo.

— Tudo bem, também te amo.

E desliguei.

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