Capítulo 2

— Meu Deus! Me perdoa. — O garoto gritou e correu para mim. Começou a tocar minha cabeça desesperadamente.

— Calma, está tudo bem. — eu disse, tentando tirar as suas mãos de mim, e quando toquei senti mãos macias e quentes, então ergui meus olhos para ele.

Seus cabelos eram um castanho claro assim como seus olhos, apesar de ser tampado um pouco por seu cabelo, ainda dava pra ver. Seu rosto tinha um pouco de sarda, era fofo de ver. Rosto delicado com expressão de desespero, me fez sorrir.

— Eita! Está tudo bem? — Ele disse, assustado.

— Está, não foi nada. — Menti, pois estava doendo bastante a minha testa.

— É que você está com os olhos inchados. Estava chorando?

— Ah! — lembrei. — Está tudo bem, relaxa. — Tentei levantar, mas quase escorreguei, porei o garoto me segurou. Senti o seu corpo quente e soado tocando meus braços.

— É... Tudo bem, então. — Ele ficou, com vergonha? Não soube identificar bem, então só deixei.

— Victor, cadê a bola? — a criança gritou do meio da quadra.

— Tudo bem, estou bem. Vou para casa. — Eu disse apressadamente ao conseguir ficar em pé.

— Quer que eu te acompanhe?

— Não, eu não moro tão longe. — Sorri.

— Mesmo assim, você não parece bem. Edu, vem! Vamos para casa.

Então o garotinho veio meio irritado.

— Você deixou ele triste. — Eu disse enquanto ele pegava a bola.

— Acontece. É que cheguei hoje, então ele estava com saudade.

— Chegou? Estava onde? — perguntei e já estávamos caminhando devagar pelas ruas. Edu andava um pouco atrás da gente chutando a bola devagar.

— Intercâmbio na Alemanha.

— Nossa! Legal, gostou?

— Bastante. — Victor sorriu, e o seu sorriso era fofo. Fiquei encarando ele por alguns segundos, mas tentei distrair minha mente para que ele não percebesse.

— Que legal, sempre quis fazer, mas nunca tive oportunidade.

— Bom, você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu.

— Ana. — Sorri. Então Victor pegou minha mão direita e balançou para cima e para baixo. Senti algo diferente dentro de mim com aquele toque, então soltei imediatamente.

— Desculpa. Eu vou deixar meu irmão em casa, aí continuo te acompanhando, tudo bem?

Paramos em frente a uma grande casa de pintura branca com um jardim tão bonito quanto o meu.

— Eu moro ali. — Apontei para minha casa que ficava a duas casas dali.

— Então somos praticamente vizinhos. Eu espero te encontrar de novo, Ana.

Sem graça, me afastei um pouco. Eu não senti segundas intenções da voz dele, mas talvez eu estivesse enganada. Ele era apenas um garoto.

— Boa noite, Victor. — Consegui dizer, então virei as costas e fui para casa, tentei não sorrir imaginando que ele poderia observar pelas minhas costas.

Mas quando cheguei no meu quintal, sorri. Olhei para trás e ele ainda estava lá no meio da rua observando.

— Pelo amor de Deus, Ana. Que merda de pensamentos são esses?

Eu disse ao entrar em casa, mas me lembrei de tudo o que tinha acontecido. Fui para o quarto de hóspedes e me tranquei lá.

Tirei toda minha roupa e maquiagem, parti para aquela cama que não era minha e tentei dormir.

Eu até consegui dormir bem, apesar de ouvir tudo o que eu havia ouvido ontem do Henry. Porém, ao abrir os meus olhos, senti minha testa latejando. Corri para o banheiro e uma lesão roxa apareceu.

— Ah! Droga! — estava horrível.

Olhei o meu celular e já eram quase nove da manhã. Depois de tomar um banho e tentar cobrir com alguma base, fui para cozinha tomar café da manhã que já estava na mesa, dona Marleth fazia uma mesa de café da manhã perfeita.

— Bom dia, senhora Ana.

— Bom dia, dona Marleth. Como a senhora está?

— Estou bem. — Sentei na mesa e ela começou a servir meu café. — O que houve com sua testa?

Ela perguntou assustada.

— Ah, fui atingida por uma bola, acredita? — Sorri ao contar, lembrei de Victor e quão gentil ele foi comigo.

— E isso é bom? — Ela perguntou, confusa e eu fechei o rosto.

— Não! não, quer dizer, eu fui caminhar ontem e sem querer acertaram em mim, nada demais.

— Está bem feio, senhora Ana. Vou pegar uma pomada.

— Obrigada. — Comecei a tomar café e abri minhas mensagens, tinha algumas do João perguntando se estava tudo bem. Respondi que sim, não queria falar de ontem.

Respondi Jeni, perguntando como havia sido ontem a festa, contei tudo a ela, e ela perguntou se eu não queria sair para me distrair hoje. Eu não estava afim sendo sincera, então recusei.

— Eu vou matar você! — Ouvi alguém gritando na rua, assustada, corri para ver quem era. Ao abrir a porta, vi que Victor e seu irmão estavam com uma pistola de água cada um e tentando acertar um ao outro, o dia estava quente então achei justo aquela brincadeira. Peguei meu café e sentei na beira da porta para assisti-los.

Demorou alguns minutos para Victor notar minha presença, levantou a mão direita para acenar com um sorriso fofo, mas foi atingido por um jato de água lançado pelo seu irmão. Eu soltei uma risada alta, a cena foi engraçada.

— Você vai ver, Edu. — Victor correu atrás do garoto enquanto ele ria incansavelmente. Edu veio e minha direção para o meu quintal.

— Hey! Não vale. Quintal dos vizinhos, não! — Victor sorriu para mim.

— Bom dia, vizinha.

— Bom dia. — Sorri, mostrando meu café. — Você pode se esconder aqui, Edu.

— Isso não vale. Terei que invadir a terra do inimigo atacar a todos sem piedade.

Entendendo o que ele havia dito, coloquei minha xícara no chão e levantei.

— Você não faria isso! — Gritei e corri para o lado da minha casa em direção aos fundos.

Olhei para trás e Victor vinha atrás de mim com um sorriso radiante, comecei a andar de costas, não conseguia parar de rir.

— Não, por favor, piedade, estou desarmada.

Victor se aproximou de mim e eu congelei.

— Renda-se. — Ele cochichou no meu ouvido e um arrepio passou pelo meu corpo. Lentamente ele levou a sua boca até próxima à minha e o meu coração parou. Aquilo não poderia estar acontecendo, quando abaixei a minha cabeça e me afastei, Victor segurou o meu braço com a sua mão livre.

— Você não vai escapar de mim.

Eu fiquei hipnotizada, eu não devia estar sentindo aquelas coisas, mas senti.

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Comments

Gisele Oliveira

Gisele Oliveira

A história é muito boa, e muito bem escrita ❤️😍

2023-12-11

2

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