O Garoto Do Condomínio
Conheci Henry com vinte e cinco anos, eu havia acabado de me formar em moda, o meu sonho era ser uma grande estilista, os meus pais deram o mundo para mim. Apesar de uma família bem simples, fizeram de tudo para eu conseguir me formar.
Quando eu pensava em desistir, pois via a situação dos meus pais, eles insistiam para eu continuar, porque eu era o orgulho deles.
A minha melhor amiga, Jenifer, havia me convidado para ir a esse bar extremamente chique:
— Você precisa conhecer pessoas novas, Ana. Dar uns beijos.
Era essa a alegação dela, apesar de eu só ter namorado uma única pessoa depois que me formei do ensino médio por um ano e meio, eu não estava a fim de ficar com mais ninguém. Estava tranquila na minha, porém Jeni me convenceu.
E ao contrário de mim, Jeni já havia namorado umas cinco ou seis pessoas, ela era uma pessoa extremamente romântica e se apaixonava muito fácil assim como na época da escola, nunca mudou.
Fui com meu vestido preto curto, o único que tenho para essas coisas. Meus pais já estavam na cama assistindo um filme aleatório, dei um beijo na testa deles e parti para o carro de Jeni, ela se formou em direito e agora é uma advogada incrível, com poucos casos mas sempre vence.
Ao chegar lá, havia uma dupla cantando ao vivo e muita gente, sentamos próximo ao balcão e ele estava lá, Henry.
Um homem com uma camiseta branca, blazer e jeans, seus olhos e cabelos eram pretos, o seu rosto era tão branco e limpo, dentes perfeitos. Ele parecia vir de um comercial de perfume.
Conversou comigo por algumas horas enquanto Jeni enchia a cara, ele não perdia a classe, realmente um cara interessante. E eu me apaixonei…
Saímos várias vezes depois daquela noite, Henry era simpático e muito rico, herdou ações que o seu pai havia ganhado no passado, então abriu uma empresa de marketing e propaganda. Era apenas ele e o seu irmão mais novo, João, que tinha dezesseis anos na época.
Henry era apenas dois anos mais velho que eu, eu tinha vinte e cinco e ele, vinte e sete. Ele insistiu em conhecer os meus pais, e imediatamente os velhos amaram ele. Jeni também gostava bastante. Pensava que eu havia ganhado na loteria.
Caminhando na praia, após dois anos de relacionamento, Henry me pediu em casamento e eu aceitei, não havia motivos para recusa.
Agora, depois de cinco anos de casada, estou num condomínio chique com várias mansões e a minha não é diferente. Eu não preciso trabalhar, e nem fazer nada em casa, pois tem dona Marleth, a faxineira.
Uma senhora de cinquenta anos bem simpática. Às vezes visito meus pais e saio com Jeni e outras garotas. Henry sempre traz algum presente para mim, ele é um homem incrível. Realmente me deu o mundo.
Era uma quarta-feira, mas não um dia comum, era aniversário do meu marido, e Henry havia saído para trabalhar.
Então corri para o centro da cidade, conversei com diversos dos seus amigos e organizei um aniversário surpresa.
Comprei bolos e salgados para isso, pedi para seus amigos e Jeni vir às sete horas da noite. Henry chegava às oito da noite geralmente.
Tudo estava simples e perfeito, vieram quatro de seus amigos com as suas esposas e o seu irmão também, Jeni tinha um caso de divórcio bem difícil naquela noite, então não pôde comparecer. Conversávamos na sala e não vimos a hora passar, quando dei por mim já eram quase nove horas da noite.
Comecei a ligar para ele sem sucesso, quase às dez da noite eu já estava nervosa enquanto seus amigos me acalmavam. Pedi para eles não se preocuparem que poderiam ir embora. João insistiu em ficar, então deixei.
Quando chegou a quase onze, tomei a decisão de ligar para a polícia, mas a porta se abriu e lá estava ele com o terno nas mãos, com afeição de cansado.
— Meu Deus! Henry. Onde estava?
Corri para ele desesperada e o seu irmão veio atrás.
— Cara, a gente estava louco, te procurando.
Ele deixou sua mochila no sofá e disse:
— Hoje foi um dia de cão, deu tudo errado com um serviço, aí ficamos no escritório trabalhando e tentando consertar.
— Você estava trabalhando? E não teve nem coragem de avisar a sua esposa? — João começou a ficar alterado.
— Calma, João. Deixa que eu assumo por aqui, obrigada por ficar, mas pode ir.
João estava com rosto de revolta, mas assentiu e obedeceu.
— Que audácia desse moleque. — Henry disse quando ele bateu a porta por trás de nós.
— Mas eu te faço a mesma pergunta, é difícil avisar?
— Como é? Eu já disse que estava trabalhando. — Henry começou a alterar a voz.
— Trabalhando? Você sabia que eu trouxe os seus amigos aqui para seu aniversário? Todos ficaram te esperando, não custava me avisar!
Alterei a minha voz também.
— Como eu iria saber que você estava dando uma festinha para mim? Me deixe em paz que eu tive um dia péssimo.
Henry começou a subir as escadas e os meus olhos se encheram de lágrimas.
— Nem um pedido de desculpas? Sério que você só vai sair? Tá bom, Henry.
Henry parou de subir as escadas.
— Eu trabalho duro para você ter essa merda de mordomia e você ainda quer desculpas? Certo Ana, desculpe por estar trabalhando e dando o melhor para você ser uma madame que não faz merda nenhuma o dia todo.
Eu não consegui contar as lágrimas, como ele pode estar jogando essas coisas? Eu tava acabada. Ignorando as minhas lágrimas, Henry continuou subindo as escadas.
Sentei no sofá e apenas chorei por muito tempo, pensei em ligar para Jeni, mas decidi não incomodá-la com isso.
Eu estava sozinha.
Depois de uma hora, subi para o nosso quarto e quando fui abrir, estava trancado.
Bati algumas vezes até que ele me mandou dormir em outro quarto.
— Como é? — Perguntei incrédula.
— É isso mesmo o que ouviu.
Meu coração estava despedaçado, então resolvi caminhar um pouco. Quando saí para o jardim, a noite estava linda, a lua estava cheia e o céu estrelado.
Andando pela rua daquele condomínio, vi as diversas mansões, era uma mais linda que a outra.
Comecei a ouvir algumas risadas e barulho de bola batendo no chão. Percebi que os barulhos vinham da quadra de futebol, então fui até lá, era uma boa ideia ver as crianças brincando um pouco, e aquele horário tarde com certeza estava com os seus pais e eu poderia conversar para me distrair.
Ao me aproximar, vi um garoto de camiseta azul e short cinza, descalço, jogando a bola para um menino de aproximadamente sete anos, e o menino jogava de volta. Era apenas os dois, então sentei próximo à quadra, na grama e comecei a assistir.
Até que sem saber que eu estava por ali, o garoto chutou a bola com mais força, e alguns minutos de distração minha olhando para aquele lindo céu, a bola acabou indo direto para minha cabeça.
— Aí! — Gritei, a bola era dura e pesada.
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Atualizado até capítulo 42
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