Capítulo 19

...Liliana...

Antes de começarmos a nossa conversa, pedimos o jantar e decidimos comer primeiro.

Porque provavelmente eu ficaria tão animada que poderia me engasgar e eu não queria correr nenhum risco.

Não... mentira, a verdade é que eu já queria saber de quem se tratava, afinal quem disser que não é curioso está mentindo, porque todas as pessoas são curiosas.

No entanto, por mais que eu insistisse, ela não quis me dizer nada até que eu comesse.

Enquanto ela comia, ela me perguntou se eu tinha 100% de certeza do passo que eu queria dar e eu disse que sim.

Também fui sincera ao dizer a ela que estava com muito medo de errar mais uma vez.

Mas também queria me libertar das minhas correntes, aquelas correntes que me prendem ao passado e me enchem de ressentimento, não tanto pelo homem que me magoou, mas por mim mesma, por me deixar enganar tão estupidamente.

...Liz...

Sabe, acho que a pessoa que mais pode te entender sou eu, porque de certa forma eu também vivi algo parecido com você.

Só que na minha história fui eu a única que desde o início esteve apaixonada, pensei que com o tempo conseguiria conquistar o coração do homem que amava.

Quando ele soube que só se casando comigo poderia herdar a fortuna da sua família, ficou furioso.

Sou afilhada do pai dele e meu padrinho sempre me quis como uma filha.

Antes de mais nada, devo dizer que o homem com quem me casei não era filho do meu padrinho, era filho da esposa dele, mas não dele.

Meu padrinho sofreu um acidente quando era jovem, durante um evento de caça.

No qual ele foi ferido naquela parte...

Liliana: Que parte?...

Ela pergunta sem entender...

Afinal, uma dama de berço não sabe dessas coisas que as pessoas comuns tratam como se fossem qualquer coisa...

Liz: Bem, os o*****...

Liliana: Não!

Não diga isso...

Já entendi!

Então não diga!

Liz: Hahahahaha...

Sinto que você é muito inocente, e pensar que você é uma mulher que quer viver aventuras muito apaixonadas.

Que você até pensou em ter um amante...

Liliana: Sim, mas Roma não foi feita em um dia, então pare de rir de mim.

E é melhor você continuar me contando.

Liz: Me desculpe... bem, como eu estava dizendo

Meu padrinho se machucou lá e bem, ele não servia mais para essas coisas.

Mas ele era o único descendente daquela família e como não podia ter filhos, decidiu se casar com uma mulher, de preferência viúva, que já tivesse um filho, o qual ele criaria como seu.

O problema foi que quando cheguei na casa do meu padrinho, todos pensaram que eu era filha dele.

E era isso que andavam fofocando por aí, e embora ele dissesse que não era.

Ninguém acreditou e continuaram pensando que eu era filha dele, até mesmo seu enteado pensou.

No final, quando meu padrinho morreu e em seu testamento disse que só se casando comigo ele poderia herdar sua fortuna e seu título, então ele, sem pensar, fez isso.

Ele cumpriu o que o testamento dizia.

Eu pensei que em algum momento ele iria me amar, mas isso não aconteceu, ele nunca me tocou.

Pouco tempo depois, ele trouxe sua amante e disse que ela era a mulher que ele amava e que ele só havia se casado comigo para poder receber sua fortuna e dar a essa mulher a vida que ela merecia.

Perguntei a ele por que ele estava fazendo isso comigo, eu disse a ele que se ele já tinha uma mulher que ele amava, por que ele se casou comigo? Que eu poderia muito bem ter cedido todos os direitos da herança.

Ele me disse que no documento constava que a única maneira de eu deixar de ser sua esposa era eu mesma pedir o divórcio.

Mas ele não me daria, porque se nos divorciássemos, ele teria que me dar toda a fortuna da família, porque ela não estava ligada ao título.

E ele não estava disposto a abrir mão do dinheiro, especialmente agora que sua amante estava grávida, mas isso foi algo que eles nunca me disseram.

Mas eles encontraram uma maneira de me tirar do jogo, que foi me mandar para a cadeia.

Eles planejaram tudo, eles não se importaram em matar seu próprio filho para não perder um único centavo do dinheiro que me pertencia, e eu digo que me pertencia porque foi meu padrinho quem decidiu isso.

Mesmo agora eu não consigo acreditar.

Não entra na minha cabeça que existam pessoas tão ambiciosas a ponto de matarem seus próprios filhos.

No entanto, eu também me culpo, pois sempre soube que ele não me amava, que nunca gostou de mim, mas eu era apaixonada por ele.

Eu também poderia ter pedido o divórcio, mas não queria desistir, afinal eu queria continuar tentando, mas só porque eu não sabia que aquela mulher estava grávida.

Eu nunca permitiria que um bebê sofresse por minha causa.

Mas eu não sabia, então continuei aguentando tudo.

Um dia, tudo parecia normal, eu vi aquela mulher andando de braços dados com meu marido, como de costume, foi estranho porque eles nunca compartilhavam aquela hora do dia comigo, na verdade, eles nunca queriam me ver, nem por engano.

Quando nos encontramos na frente um do outro, no topo da escada, foi suspeito, mas eu não percebi, então quando ela estava perto dela, ela se jogou escada abaixo.

Ele, como um ator de verdade, começou a gritar, a dizer que eu a havia empurrado escada abaixo, a mulher que ele amava.

Não se passaram nem 10 minutos quando alguns homens entraram e me prenderam, eu estava em choque e não sabia o que estava acontecendo.

Depois de ser presa, não me permitiram visitas e fui totalmente isolada.

O que era estúpido, já que eu não conhecia ninguém, pelo menos ninguém que pudesse me ajudar.

Quando percebi, já havia sido condenada por assassinato porque aquela mulher havia perdido o bebê.

Meu marido testemunhou contra mim, dizendo que ele mesmo viu com seus próprios olhos quando eu empurrei aquela mulher.

Várias vezes tentaram me matar na prisão, o que eles não sabiam é que eu era muito forte e consegui me defender.

Então me ofereci para ser vendida, afinal, se eu continuasse na prisão, provavelmente morreria e minha melhor chance era como empregada.

Tive sorte que seu pai me comprou, no começo eu não sabia por que ele fez isso.

Mas quando ele me pediu para te ajudar e cuidar de você, eu entendi tudo.

E foi assim que vim servi-la, também é por isso que a segui quando você foi morar com seu marido.

Por muito tempo me senti inadequada como mulher porque não consegui conquistar o homem que amava.

Até fechei as portas do meu coração porque, deixe-me dizer, muitos tentaram ter algo comigo.

Mas eu estava com medo e covardemente me recusei a ter qualquer aproximação com alguém.

Até agora, que dei uma chance a alguém e, embora devesse me arrepender, realmente não me arrependo, nem de não ter dado o passo antes, nem de fazê-lo agora.

Eu não gostava de ninguém, mas agora há alguém de quem eu gosto.

Liliana: Quem é...?

Liz: O Duque Ramiro Alejo Villa Flores.

Liliana: Ramiro, o amigo do Duque...?

Liz: Sim.

Liliana: Aquele que está sempre aqui em vez de morar na sua própria casa...?

Liz: Sim, esse...

Liliana: Você tem certeza de que quer aceitá-lo? Porque eu acho que ele deve estar falido.

Por que outro motivo ele passaria tanto tempo morando aqui?

Liz: Ei, não diga isso, você não deve julgar as pessoas tão levianamente.

Liliana: Estou brincando, na verdade ouvi dizer que não é só ele que passa o tempo aqui, os Condes também passam longas temporadas com ele, ou seja, ambos se visitam com frequência.

Enfim, fico muito feliz que você esteja dando uma chance ao amor, acho que ambos merecemos encontrar a felicidade e já está na hora de darmos esse passo.

Fomos enganadas, mas não é culpa nossa, na verdade eles é que perderam e nós ganhamos porque nos livramos do lixo...

Suponho que você vai dizer que vai embora, certo?

Liz: Sim, acho que ele também vai querer ir com a gente, você acha que haverá algum problema com o Duque, quero dizer, com o seu Duque?

Liliana: Ah, nossa...

Eu não tinha percebido que o seu também é um Duque.

Suponho que vamos nos referir a eles como seu Duque ou meu Duque...

Liz: Vai ser engraçado.

Sabe, eu também contei a ele tudo o que acabei de te contar e também disse a ele que eu não era uma dama nobre, mas sim sua criada.

Liliana: E o que ele disse? Imagino que ele não se importou... Não, não: Não, ele não se importou e foi isso que eu mais gostei e acabou de me convencer de que ele é o cara certo... Fiquei feliz por você...

Liz: Sim, agora vamos dormir...

Liliana: Sim.

Eu respondo e me ajeito para dormir...

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Ainda não sei se coloco a história do Ramiro aqui ou escrevo como um extra...

Pretendo fazer deste relacionamento algo tranquilo, pois considero ambos os personagens tranquilos, centrados e maduros.

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