Acordo sentindo a minha cabeça pesada, como se tivesse bebido todas as garrafas de vinho do mundo. Eu havia apagado rapidamente, mas as horas de sono estavam longe de serem reparadoras e era assim que estavam sendo nos últimos meses. Graças a Deus, eu vinha conseguindo evitar os remédios para dormir na última semana, devido à preocupação com a mudança e eu realmente esperava que agora com o novo apartamento, as coisas continuassem assim, o que eu menos precisava agora, é de uma dependência em remédios para completar a minha lástima.
Levanto-me num pulo, sem dar a oportunidade do sono me vencer. Tomo uma ducha quente e escolho uma saia lápis preta na altura dos joelhos com uma pequena fenda na parte de trás, um scarpin e uma blusa que seguiam a mesma paleta de cores.
Solto os meus longos cabelos castanhos claros que formaram ondas perfeitas emoldurando o meu rosto, uma maquiagem leve, disfarçava as minhas olheiras e cansaço. Me olho no espelho e fico orgulhosa, sentindo que realmente consigo passar uma boa impressão assim. Tifanny, a dona da editora, havia sido um anjo, só pelo fato de ter me contratado mesmo sem nenhuma experiência no currículo, então eu precisava mostrar que a oportunidade valeria a pena.
Apesar da boa aparência, nunca nos últimos dez anos, eu havia conseguido começar o dia sem uma boa xícara de café, Jack havia me habituado a isso, e para a minha infelicidade, não havia tido tempo para fazer compras. Faço uma nota mental para me lembrar de cuidar disso mais tarde. Saio de casa em busca de um bom lugar para tomar meu café da manhã.
No caminho até o metrô, vejo um pequeno espaço, com mesas e cadeiras em madeira, uma fachada vermelha, escrito “Le Petit café” parecia uma espécie de café francês, então decido entrar.
Logo quando abro a porta, um sininho pendurado acima dela ressoa pelo ambiente, fazendo com que uma loira alta e magra com os olhos verdes e simpáticos que está atrás do balcão, olhe na minha direção sorrindo para mim.
— Seja bem-vinda ao Le Petit café, é um prazer recebê-la aqui. — o seu sotaque não parece norte-americano, e pelo nome do local, presumi que ela fosse francesa. — Como posso ajudá-la?
— Bom dia! Um cappuccino por favor e... um desse aqui. — Aponto para um croissant dourado e apetitoso.
— Claro, querida, você vai levar ou vai comer aqui?
— Acho que vou comer aqui mesmo.
— Então pode se sentar em algum lugar que eu já vou até lá levar para você.
Sorrio agradecida, é bom finalmente ser bem tratada e acolhida em algum lugar nessa cidade. Me sento em uma mesinha no canto do lugar, olho em volta e é um café estranhamente aconchegante para um lugar como Nova York, as pessoas estão dispostas nas mesas intercaladas com alguns lugares vagos, mas parece ser um lugar bem popular por aqui.
Por alguns instantes a inspiração vem, eu tiro meu notebook da bolsa e começo a trabalhar um pouco no meu livro enquanto meu pedido vem. Alguns minutos depois e eu já estou imersa na minha história quando a doce atendente chega com meu café da manhã.
— Aqui está, um Cappuccino e um croissant de chocolate.
— Obrigada! — Digo afastando meu computador para o lado para dar-lhe espaço para servir.
— Você deve ser nova por aqui. — Ela sorri enquanto dispõe o prato e os talheres.
— Dou tão na cara que não sou Nova Yorkina? — Digo num tom de brincadeira, faz cinco meses que estou por aqui, mas ainda me sinto como uma estranha no ninho.
— Ah, não querida, não leve a mal. É que a maioria dos meus clientes são assíduos e eu costumo me lembrar de cada um deles. E cá entre nós, não ser de NY não é bem um insulto, visto que eu também não sou. — Ela me responde sorridente. — Sou Milicent, mas pode me chamar de Millie
— É um prazer Millie, eu sou a Bonnie.
— Seja bem-vinda a essa cidade, é um lugar louco, mas cheio de oportunidades, espero que encontre o que procura.
— Eu também espero, obrigada. — Ela dá uma olhadinha para trás e já tem duas pessoas aguardando no balcão.
— Tenho que voltar ao trabalho, bom apetite.
Ela volta a trabalhar habilmente no balcão, sempre com o mesmo sorriso simpático para cada pessoa que entra. Volto a minha atenção para o computador, enquanto como gradualmente, eu ainda tenho quase uma hora até o meu expediente começar, e o meu novo trabalho fica a cerca de quinze minutos daqui de metrô. Fico completamente focada pelos próximos dez minutos, o cappuccino era perfeito e estava na temperatura exata para aquecer a minha garganta, e o croissant de chocolate inspirou ainda mais o meu cérebro, digito freneticamente até que o sino da porta se abrindo toca, chamando a minha atenção.
Um homem alto passa pela porta, ele tem ombros largos e uma presença firme, seus cabelos escuros levemente despenteados dão a ele um charme a mais, ele usa óculos de armação flutuante que se encaixa perfeitamente nos traços marcantes de seu rosto. Definitivamente, um homem muito bonito, não à toa, o olhar de Millie se ilumina mais que o normal quando o vê.
— Brad! Bom te ver, você tem andado muito sumido. — Ela diz dando a volta no balcão e apertando a enorme mão tatuada do homem.
— Oi, Millie, tem sido dias corridos por lá, como vai você?
— Vou muito bem, obrigada! E hoje? Vai pedir o de sempre?
— Sim, o de sempre. — Ele se vira na minha direção em busca de uma mesa e automaticamente, me lança um olhar, seus olhos são verdes, com pequenos traços castanhos, com uma profundidade tão grande, que involuntariamente prendo o ar. Meu telefone toca me fazendo engolir o pedaço em minha boca que por pouco não fica preso em minha garganta. Olho no visor, o nome de Emma brilha.
📱Ligação On📱
— Oi, Em! — Digo tossindo um pouco, pela garganta recém-arranhada.
— Oi, passei na sua casa, onde você está?
— Ah, me desculpa, não sabia que passaria por aí, eu saí mais cedo para o trabalho, não fiz compras ainda, então vim até uma cafeteria, eu estava faminta, quer vir até aqui?
— Não, tudo bem, não tem problema, fico feliz que esteja se habituando a sua nova rotina. Vou para o trabalho, mas passo a noite para te ver, ok?
— Tá bom.
— Te amo.
— Eu também te amo, até mais tarde.
📱Ligação Off📱
Desligo o telefone e finalizo meu prato, quando olho no relógio faltam cerca de 30 minutos para o início do meu expediente, guardo o notebook na bolsa e caminho até o balcão.
— Isso estava absolutamente perfeito. Quanto eu te devo?
— Muito obrigada! Faço tudo com muito carinho. São 12 dólares.
Tiro uma nota de 20 da carteira e estendo para Millie. Ela cobra a minha conta e me passa o troco.
— Espero que volte mais vezes. — Ela diz sorrindo gentilmente.
— Sem dúvidas eu voltarei. — Sorrio e despeço-me de Millie, me direcionando à porta. No caminho para fora, meu olhar se cruza com o do estranho novamente, ele me encara por um instante e logo desvia a atenção para o celular. Caminho o mais rápido que posso para fora, com o coração estranhamente disparado.
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Atualizado até capítulo 110
Comments
Maria Inês
Estou amando a história.
2025-03-02
0
NATALIA CAMPOS
Verdade Ana Maria ./Smile/
2024-09-14
1
Ana Maria Rodrigues
o café bom e o olhar também
2024-02-08
3