Capítulo 4: A minha vida.

Em uma breve recapitulação.

No capítulo anterior, o Acutipupu, o primeiro a aparecer que é o mais dramático em suas ações havia acordado novamente em outro lugar e dessa vez em outra casa.

Bem, momentos antes do novo encontro entre eles.

Então, poderemos seguir nesse momento.

Eu estava novamente em outro lugar fora de meu corpo e sinto que essas informações de tudo o que estava acontecendo me fazia ficar sem foco.

Aquele quarto era lindo, mas não era o meu.

Eu nunca pensei tanto sobre a confusão como nesse momento e as minhas crises de existência nunca bateram tão forte.

Como nunca, eu não sabia o que era ou não real.

"Só me resta observar e cuidar de minha mente" pensei, mas logo dei um riso amargo apertando o cenho "Cuidar de minha mente, parece uma piada mal feita".

Eu sabia como sempre agia e como eu me sentia sempre para baixo e isso era um dos motivos para meu desânimo e falta de interesse e compromisso a me organizar.

Só que olhando para as coisas dele só meu redor.

A cama estava perfeitamente arrumado apesar de eu estar deitado e ter a desalinhado um pouco havia uma clara diferença.

Eu não tinha o costume de arrumar a minha cama, desde a infância passava o restante do meu dia nela e sempre era ela minha companheira.

Os meus olhos se atenta para ai redor.

Os pertences na paredes eram alinhados de forma que seu visual fosse tão chamativo e bem alinhado.

Havia vários bonecos ali e uns eram de obras conhecidas por mim.

Estava fora de cogitação eu tocar em algo ali que não era meu. Então, decidi que iria olhar outras coisas ao invés de tocar ali.

Eu girei na cama e coloquei meus pés no chão liso e encerado. Senti um pequeno frio na sola dos pés, mas os movimentei e percebi que não estava sentido dores.

"Eu não sou.... um fardo, com esse corpo" pensei de forma fria.

Eu também apertei as minhas mãos e não sentia a minhas dores naturais.

Os desgastes, no caso.

Esse corpo estava claro não ser meu.

"Se ele está com meu corpo agora, ele deve estar sentindo as minhas dores, não é?" pensei enquanto me colocava de pé.

As minhas roupas eram largas apesar do short ser mais curto do que eu normalmente usaria. Senti que estava a vontade muito mais do que esperava.

Ao olhar para trás percebi que estava deixando a cama desalinhada e corri para a arrumar e deixar perfeita.

Eu não descansei até sentir que estava de forma satisfatória.

Quando acabei eu caminhei pelo quarto vendo tudo o que havia ali, mas me contive para não mexer em nada e nem mesmo tocar se possível.

Olhei para tudo o que havia lá e então apenas me deu um pequeno desânimo ao saber que era tudo isso que alguém que deveria ser eu tinha.

— A minha vida.

Os meus passos sempre eram desalinhados e de mesmo modo delicados, como uma dança única e que só existia na minha cabeça.

De tanto me movimentar sento o cheiro do perfume que ele usava. Era refrescante e bem masculino, pensei.

Eu sempre via vários rapazes e homens usando essa fragrância por aí.

Então, na minha cabeça era o perfume masculino. Só que não parecia combinar comigo, apesar de ser apreciável.

Só que no caso não era eu quem estava usando, então deveria apenas me ligar que eu era um penetra ali.

Os meus olhos, percorrem por alí, continuavam a circular apesar de estar usando também o nariz para sentir os aromas.

Na parede havia foto dele com os colegas de uma forma tão divertida que nem parecia real para mim.

Na verdade... elas não era reais, não para a versão que chamo de mim.

A minha vida seria assim se eu não tivesse errado em nada ou foi tudo uma questão de sorte?

Era sorte daquele outro eu ter tudo isso e ser feliz.

Era o que queria acreditar, me fazia sentir menos mal do que acreditar que como me diziam que eu era um fracasso e sempre seria.

Os meus braços se fechavam e os percebi mais volumosos do que deveria e segurando o bíceps, que percebi só nessa hora ser mais forte e isso veio a quebrar a minha tristeza.

Ele era mais forte.

— Será que é por isso que ele também não sente as minhas dores é por uma boa alimentação?

Aquele primeiro dia eu estava pensando demais em não estar e não querer que nem notei exatamente em todas essas diferenças. É que haviam tantas.

Eu estava submergido demais.

— Bem, mas não me interessa.

Como estava de pé ainda e me projetei para abrir a porta que havia a minha frente, mas ainda estava confuso.

"Eu deveria andar por uma casa que não é minha?" Estava a questão que eu poderia pensar jogada na mesa.

Eu retornei e me senti na cama mais uma vez.

— Eu queria um pouco de ar livre.

Então, depois de um tempo em que fiquei sentado decidi que iria sim para fora, apenas para ficar sentado em qualquer canto que fosse mais aberto.

Ao sair do quarto eu me via em um corredor reto com mais duas porta uma de frente a outra. Elas estavam a uns 2 metros da porta desse quarto.

Eu tentei só olhar para o fim do corredor, mas era uma quina que provavelmente levaria a outro corredor.

Então a passos calmos eu caminhei seguindo em pé para frente até a quina que vi e lá estava mais um corredor.

No final desse, pude ver uma porta de vidro e atrás dela havia uma varanda e bem mais no fundo um verde inexplicável.

Eu segui em frente sem olhar os lados já que estava com vergonha de estar já andando por uma casa que não era minha.

Cheguei a porta de vidro e a abri vendo uma belíssima paisagem e percebi que aquilo era um sítio ou uma fazenda.

As galinhas cantavam ao fundo e eu apenas apreciava aquele momento.

Eu me olhei e sentei na cadeira do lado de fora.

Os meus olhos caíram perdendo aquela beleza de antes e então me vi sobre a triste perspectiva de ser inferior.

— Eu nunca terei algo assim, não é destino? — Perguntei ao nada. — Família, amigos e fe-li-ci-da-de. — Fiz ênfase na palavra dando uma pausa a cada sílaba.

— A minha família desde sempre me tratou mais como um peso do que uma criança. — Abaxei o meu tom por instinto — Até falaram que era melhor eu estar morto.

Os seus olhos já começavam a lacrimejar.

— Mas existe uma pessoa que se diz ser eu e que se parece conigo que mora com os pais nisso aqui.

Ele dizia isso enquanto apontava para os lados e um galo orquestrava o som de fundo com seu canto.

— Ele tem foto com os amigos e ainda tem amigos. — Pontuei com amargura — E o que eu tenho? — Abrindo o peito eu aumentei o tom de voz — A única pessoa que ainda fala comigo... eu sinto culpa por já ter a machucado antes e não sei decidir se ele fala comigo por pena ou se é real.

A sua mente parecia maquinar tudo e ele dava atenção a ela.

— Eu nem sei se isso é real, se eu sou real, se eu estou sonhando ou se já morri e não consegui desapegar desse mundo.

A sua exaustão o fazia se deitar fechando os olhos e sentindo aquele mesmo sentimento o fisgar de seu corpo e o retirar dali.

Só não retirava sua dor.

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