Capítulo 3: Precisamos ser nós?

Eu retornei ao meu corpo vendo que agora estava novamente em posse dele e dessa forma imaginei que aquilo haveria de ser apenas um sonho.

Era o que eu queria acreditar.

Então, apenas tentei esquecer o que havia acontecido e vendo a hora deixei o dia passar e sempre percebia como aquilo era apenas um sonho bobo e bem realista de fato.

O dia e a noite passaram como ele sempre costumava a fazer e quando chegou o seu momento de se relaxar na cama e ter um bom descanso fechei novamente os olhos e assim tive aquela mesma sensação e me levantei rápido.

Eu estava apavorado por pensar que poderia ter estragado tudo e abrir os meus olhos me dava um pavor ainda maior.

Eu apalpei a cama ainda de olhos fechados e a sentindo que ela ainda estava alí me senti seguro, até abrir os olhos e me deparar com um quarto completamente diferente.

Aquele guarda-roupas não era o meu e tudo o que estava aqui não era meu.

Essa vida não era minha, tudo ali era estranho.

Eu me joguei no desespero já que estava em um completo caos de incompreensão.

A minha vontade era de se jogar de cara com a parede para saber se isso quebraria esse pesadelo.

A minha vontade de sair correndo daquela casa e começa a andar pela cidade era grande, mas desistia. Eu nem sabia o que estava acontecendo.

Eu me sentei na cama esperando as horas passarem.

...----------------...

O tempo havia passado e ele retorna ao mesmo lugar de nuvens.

Eu corria com toda a minha força e aquela estranha consistência me fazia cair na nuvem que agora era negra.

O meu rosto batia sobre a superfície molhada, mas, que conseguia ser também quente e então, pensei, "Nossa como eu estava imaginando que fosse ela fosse um pouco mais fria".

Eu me deixei levar por aquele sentimento caloroso, até sentir um arrepio.

Ela se tornava rapidamente gelada e me senti enganado.

Eu levantei a cabeça e vi alguém se aproximando.

O homem novamente vinha até onde eu estava caminhando sobre a nuvem azul que era dada a ele.

Eu poderia chamar ele de homem sendo apenas um eu diferente?

Acontece que... no fundo, eu só consigo sentir ódio por mim.

Eu sinto muito que você seja a triste lembrança de que eu sou uma pessoa e me ver externamente só me faz querer despejar o meu ódio em você.

Ele dizia de maneira doce:

— Eu acabei achando você de novo.

— Eu nunca mais queria te ver. — Disse de forma dura.

No fundo, sempre acreditei que não era real o que estava acontecendo.

A minha raiva estava diante do meu passado, mas o presente me cativava.

Apesar de dizer aquilo por fora. Eu sentia tão estranho e curioso me observar finalmente e como eu agia.

A expressão deve mudava e se tornava mais sensível. Os olhos brilhavam como se tivesse sido acertado por uma flecha, no coração.

Ou então, era só minha cabeça engenhosa colocando meus sentimentos nas pessoas e dizendo como elas se sentiam por que eu me sentia assim.

— Acho que entendo... ver a você mesmo e não controlar suas ações e nem saber o que está acontecendo é assustador.

Os seus olhos me encaravam com uma estranha ternura que me deixava retraído.

Ele entendia um pouco da minha situação, mas não ela por completo. Era assustador, porém fascinante. Era como saber sobre o espaço e as suas belezas, entretanto se assustar devido aos problemas que uma visita prevê causaria.

Um comenta vindo em sua direção com um sorriso me dava a mesma sensação que sentia agora.

Ele estava com um largo sorriso confortante e oferecia a sua mão para que eu me levantasse.

O meu braço se estende como uma forma automática de aceitar a ajuda, mas me corrijo. Estava dispensado a sua ajuda e levanto usando minhas próprias forças.

Eu o olhava com raiva, mas no fundo estava assustado retraído em um domo com medo do que viria a seguir.

A cada instante que eu olhava para ele era como se estivesse se transformando em um coelho de séries infantis e estivesse tentando me ajudar em um episódio de sua série.

A forma como levantava as mãos e se aproximava de mim.

— Podemos conversar?

Os seus lábios sendo espremidos em um sorriso amigável e de dor, vendo talvez o real rosto de minha máscara me fazia sentir uma dor latente.

Eu permaneço em silêncio.

Um silêncio mórbido e enigmático.

O coelho psicólogo tentava agir com naturalidade como se fosse normal o gelo em que eu colocava entre nós.

A sua mão passava entre os cabelos, entravam nos bolsos e me observava como um professor que descobriu a história infeliz do aluno.

Isso só me fazia se sentir estranho.

Um estranho ruim, nostalgico já que esses olhares eram comuns antes... antes de....

Então, me viro e não respondo a sua pergunta.

Aquela versão mais tagarela comentou sobre a sua vida enquanto eu estava obrigado a ouvir, por minha curiosidade disfarçada de indiferença.

— Ás vezes gosto de me sentar no lago e sentir como se ás águas falassem comigo e isso me acalma.

"Nossa, eu bem sei, né" pensei, ainda implicando.

Eu respiro fundo e decido que gostaria de ir ao ponto.

— Desculpa, mas eu não gostaria de falar. — Tentei ser o mais direto.

— Pelo menos me escutaria, como estava fazendo até agora? — Perguntou de forma sincera.

A minha cabeça voltava a girar e eu queria acabar com esse sonho, só que a vontade de ouvir o que ele tinha a falar.

A sua adaptação parecia rápida como quando eu era na infância e logo entendia que receberia muito do meu silêncio.

— Eu moro na casas de o meus pais ainda e vivemos bem em um recanto mais isolado. — Ele comentava de modo sorridente — É esse lugar ao qual você está, bem eles decidiram sair e vim aproveitar o lago essa noite.

O outro eu falava com ele como se fosse um espelho, o que era estranho, afinal ele estava se justificando a si mesmo.

— Eu terminei o colégio a um ano e desde então estou estudando, escrevendo e praticando alguns esportes.

Ele gesticulava muito e eu sabia disso por causa das sombras.

A nuvem dele era clara e brilhante, enquanto a minha era negra e sem vida.

A luz dele refletia diante das minhas sombras e eu sabia o que significava estar sempre nas sombras.

Afinal, agora mesmo eu estava escutando a vida dos meus sonhos, naquele instante e ele a fazia parecer natural como se tivesse acontecido tão facilmente.

Era como se tivesse sido naturalmente assim para ele e para mim...

Restou alguma coisa?

Por que, enquanto isso, eu tive que passar por alguns perengues.

Na verdade estava a enfrentar outros de novo e de novo. Agora também estava em um e ouvindo o que quer que seja isso.

Um devaneio, uma loucura, um sonho, uma profecia, uma alusão ou metáfora.

O que quer que seja, estava doendo.

A minha amargura passava um pouco conforme ele me deixou no silêncio, parecendo haver desistido.

Eu recuei um pouco em minha hostilidade.

Só estava remoendo a minha dor, mas no fundo sempre conseguia aceitar que eu era infeliz e o mundo sempre seria assim porque o meu mundo era assim.

Os meus lábios se desprendiam, secos e com muito ressentimento dentro do meu coração comecei a falar sobre o que meu interior significa minha jornada.

Claramente, resumida e de forma que não parecesse o fudido que me sinto.

— Bem, eu moro sozinho faz alguns meses e eu estou trabalhando para conseguir alguma coisa para meu futuro, sabe? — Ele comentava com os olhos brilhantes e apertando sutilmente os braços — Mas, que tal saber sobre as suas amizades. Como são?

A sua outra versão não conseguia ver os seus olhos e nem o seu rosto.

As neblinas de sua nuvem escura estava até corroendo a sua visão geral de si mesm ou de seu outro eu.

Então, ele não poderia entender por completo a dores da sua palavras.

— Eu tenho bastante amigos. — Ele sorri — Pratico esporte com alguns deles e até me ajudam nas minhas artes e histórias sabe.

— Ajudar, né.... — Comentei soltando os braços — Qual o nome deles? — Perguntei, sem jeito.

— Ah, quase todos da escola ainda falam comigo. — Ele coçava a nuca — Eu sou muito mais próximo dos Ixe, Andro e Pawer.

— Nossa, que nomes mais exóticos. — Comento sorrindo levemente.

— E os seus?

— Bem, eu também tenho amigo da escolas... mas por causa do trabalho eu não estou muito próximo deles, entende?

"Entende que não sou muito próximo deles desde a escola, mas que quero te enganar para não dizer que estou e sempre estive só?" A minha mente martelava as falas que eu na verdade queria dizer.

— Só que eles ainda se reúnem para ver você, né?

— Ah, deixa essa coisa de amizades para lá. — Eu termino minha fala e olhando para o que estava a frente ele decidia que iria tentar algo.

As minhas forças se reunia dentro de meu ser buscando se agrupar e contar o que estava acontecendo e todas as verdades, mas a força passava como se um vento a levasse.

— Que tal eu perguntar coisas para você no geral, quero sair um pouco do pessoal. — Ele comenta sorrindo enquanto passava a mão na cabeça.

Eles então decidem fazer perguntas para obter respostas.

— Qual seu nome? — Perguntou sem esperar.

— Acutipupu.

— Upupituca é o meu — Ele pensava muito — basicamente ao contrário hãhahã. — Ele disse sorrindo — Somos opostos.

— Somos opostos — Eu comentei com frieza.

— Pelo visto temos o mesmo nome exótico só que girados ao contrário. — Respondeu com um pouco de sarcasmo.

— Sim, é o que parece.

Ele se abaixava um pouco e olhava de lado para o mesmo.

— Sua idade?

— 19 anos. — Digo de forma firme.

— Eu também...

— É, isso até agora é a mesma coisa.

— Parece que sim, né. — Deu uma pausa e completou — A mesma idade, nome, terminamos a escola no mesmo tempo e até mesmo temos amizades.

— Os seus pais são como? — Eu estava a tentar esconder a curiosidade.

— Eles são bem tranquilos, a minha mãe agora está a terminar de concluir os estudos e meu pai tem a pequena impresa dele bem estável, sabe?

— Sei. — Disse frio.

— É assim com você também?

Houve um momento de silêncio ainda antes de sair um não fraco de sua boca.

— Ah, olha eu voltando a questões pessoais de novo. — Ele ainda tentava manter o sorriso.

— Eu não preciso que me trate assim, tudo bem?

— De que forma?

— Somos a mesma pessoa no final — Comentei baixo — Então, eu sei bem o que significa cada ação que você faz.

— Eu... acho que não somos tão iguais. — Ele falou de forma firme — Eu não teria coragem de falar isso a nenhuma pessoa, eu acho.

— Porém, você sempre ensaia e pensa nisso, não é?

Os dois se olhavam e seus olhos contemplavam um ao outro de forma profunda.

Eu conseguia ver melhor do que o meu reflexo as dores presentes nos olhos dele e como ele era como eu. Com as mesmas dores e as mesmas feridas.

— Talvez estamos em universo paralelos mesmo.

— É, vidas alternativas.

Eles tentavam criar uma pequena flexibilidade nos seus sentimentos a flor da pele.

O outro eu, me olhava e começa a se dirigir a mim com aquela cara de quem havia muito a perguntar.

— Eu só gostaria de saber uma coisa.

— O que é? — Disse apertando o cenho.

— Qual a sua habilidade? — Disse sério.

— Sei lá.

"Uma pergunta tão pessoal jogada assim." Eu pensei, "Ele disse que não queria ser pessoal, mas é cheio de perguntas assim".

Ele olhava fundo nos olhos de sua outra versão "Por isso que acho que realmente somos a mesma pessoa e a mesma estupidez"

A sua volta tudo começava a se desmanchar e eles reconheciam isso, estava se acabando o tempo.

Os dois precisam voltar a seus corpos antes que algo pior aconteça com eles.

— Eu posso imitar todos os poderes que vejo. — Disse ele com calma — Por favor, se cuide?

Ele desaparecia com uma feição confusa.

Então, inevitável que não teriam a chance de se verem novamente até o próximo sonho.

Agora não restava outra solução a não ser esperar e ver o que iria acontecer.

O mundo de ambos pareciam idênticos, mas ele ainda havia descrença quanto ao que ele poderia encontrar ali.

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Comments

J

J

Eu me identifiquei nesse... pegou na alma.

2024-01-05

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