#Naty#
*Escuto tudo o que o meu filho diz com atenção, não quero que ele se feche para mim, pois, antes de mãe, sou amiga. Percebo os seus olhos brilharem, e noto a sua felicidade ao falar da loba, da qual ele por pura tolice não perguntou o nome. Mas o que mais me intriga é saber que ela não é da nossa alcateia, muito menos do nosso território. Eu sabia que ia ser difícil, nunca foi permitido relacionamentos entre membros dos reinos. Mas eu estaria ao seu lado para tudo, e tentaríamos a todo custo trazê-la para nossas terras.*
#Isac#
*A minha mãe escuta pacientemente, e isso conforta-me. Ela compadece-se da situação, e tranquiliza-me em relação à estadia da minha companheira no nosso território. Eu contava os dias para aquela bendita reunião, para fazermos logo essa aliança, e eu poder trazê-la para perto de mim. Então, após a nossa conversa, vou tratar dos meus assuntos, já que eu liderava os caçadores. Após a caçada banho-me no rio e vou até à fronteira, onde esperava ansiosamente a chegada dela, mas passaram-se horas, e nada de ela vir. Confesso que fiquei nervoso, ontem não tivemos a melhor das despedidas, e a minha mãe concordou com ela, então eu devo mesmo estar errado. Sinto o cheiro dela fraco, pois estava encoberto pelo cheiro de sangue, e desespero-me. Farejo o seu odor do meu lado da fronteira, evitando ao máximo atravessar, e consigo sentir as batidas do seu coração próximo a mim, não sei como e nem porque, mas eu ouvia-o.*
— Você tá aí? (Sussurro, já sabendo a resposta.)
- O que quer? (Ela diz, noto a sua voz embargada.)
- Aconteceu algo? (Pergunto, mesmo sabendo que aconteceu, pois, sinto o cheiro de sangue.)
- Não... (Ela responde-me, e escuto o seu coração acelerar, provando que ela estava a mentir.)
- Me desculpa por ontem! Eu fui um completo idiota... (Desculpo-me, além de eu estar errado, queria que ela desabafasse comigo.)
- Tá tudo bem, talvez você não estivesse tão errado assim... (Ela diz, e percebo que ela estava a chorar.)
- Eu estava sim, você é forte, autossuficiente e muito forte... (Eu falo, e percebo que não sei muito sobre ela, pois, estava mais preocupado em protegê-la do que em conhecê-la.)
- Não tanto quanto eu gostaria! (Ela diz, escuto a sua voz triste, e isso quebra-me.)
- Posso atravessar? (Digo, quase suplicando.)
- Promete não me encher de perguntas? (Ela pergunta, e percebo que ela não queria explicar-se, e sim carinho e apoio.)
- Prometo! (Digo, já atravessando, noto que ela estava numa toca, muito bem escondida, pois a entrada era coberta por neblina e neve. E infelizmente também noto que ela estava muito machucada.)
- Deita aquí! (Ela abre espaço para que eu deitasse ao seu lado.)
- Tá doendo? (Pergunto, mesmo sabendo que prometí não fazer perguntas.)
- Sim... Mas logo irá passar, acredito que fraturei algumas costelas, e a pata traseira! (Ela me diz, com um olhar perdido, encarando a neblina.)
- Contei tudo para meus pais! E eles reagiram muito bem... Estão ansiosos para conhecê-la! (Eu digo, tentando quebrar o clima pesado que havia se instalado na toca. Enquanto limpo o sangue do seu pelo.)
- Sabe que não é permitido a travessia! Os líderes do seu território não ficaria felizes com isso, e poderia ocasionar uma guerra! (Ela diz, me fazendo rir. Achei engraçado o fato de ela não saber quem sou.)
- Não se preocupe, poderíamos marcar um encontro na fronteira! (Eu falo, tentando convencê-la.)
- Irei pensar no assunto! (Ela diz, ainda encarando a neblina.)
- Já comeu? (Pergunto, imagino que ela deve ter se machucado na caçada.)
- Já... Conseguí pegar aquele servo que correu de mim, no dia em que nos conhecemos! (Ela diz, e sinto orgulho nas suas palavras.)
- Que bom, minha pequena! Sabe... eu ainda não sei o seu nome! (Eu digo, estava curioso para saber, pois, não tocamos nesse assunto em momento nenhum.)
- Eu me chamo Lana e você? (Ela encara-me, com a cabeça ainda apoiada no chão.)
- Isac! (Digo, eu esperava que ela soubesse ao menos quem sou depois disso.)
- Bonito nome, combina com você! Os seus pais são parecidos com você? (Ela pergunta, e vejo que está a querer tirar o foco dela.)
- Não, eu pareço com o meu biso, Alex! Ele era idêntico a mim, segundo contam... (Respondo a sua pergunta, terminando de limpar o seu pelo.)
- Qual a sensação de ser assim? Sabe, forte, poderoso, intimidador e independente? (Ela pergunta-me, segurando o choro.)
- Me diz você! Você é tudo isso, menos intimidadora, você é fofinha... dá vontade de apertar! (Eu digo, mordendo de leve a sua pata dianteira, e roubando-lhe um sorriso.)
- Acho que você está equivocado! (Ela diz a rir, mostrando as suas presas.)
- Está melhor? (Pergunto, e vejo o seu semblante se fechar novamente.)
— Estou muito bem, só preciso dormir... (Ela mente novamente, fechando os olhos e dormindo; aproveito para fazer mais carinho nela.)
#Lana#
*Acordo pela manhã, ainda com muita dor, percebí que até eu me recuperar ia passar uns dias de fome. Mas, Isac não estava do meu lado, porém o seu cheiro permanecia alí. Lembro-me novamente das flores que nascem na fronteira, foram as únicas que ví em toda a minha vida. Estava com sede, então tento me levantar, me esforço ao máximo, mas só me causa mais dor, roubando alguns gemidos involuntários.*
— Para onde acha que vai? (Vejo Isac atravessar a fronteira, com um bicho estranho na boca.)
- Tentava ir beber água! (Respondo, tentando levantar-me novamente.)
- Come primeiro, depois eu te ajudo a ir até o rio! (Ele sugere, mas a sua voz grossa e firme fazia tudo parecer uma ordem.)
- Eu não sei nem o que é isso! (Eu digo, cutucando o animal.)
- Para de frescura e come, é uma capivara! (Ele diz, mas o bicho ainda me intrigava.)
- Nunca vi esse animal! (Respondo, provando o bicho.)
- Claro, ela não sobreviveria no frio, sem comida e água! Aí só tem lagos congelados, e o rio, que também tem uma capa grossa de gelo... (Ele diz, como se fosse óbvio.)
- É por isso que os territórios pretendem unir-se! Os recursos desse lado são escassos, enquanto o líder do seu território tem alguns inimigos e precisam de apoio! (Explico, sem deixar notável quem sou.)
- Eu sei... (Ele diz, e me surpreendo, achei que era sigilo.)
— Espero que resolvam logo essa desavença. (Digo, comendo o animal, que aliás, estava ótimo.)
#Isac#
*Levando-me antes do sol nascer, vou até os caçadores e mando se virarem sem mim hoje. Volto pelo rio e vejo uma capivara, era ela mesmo que serviria de alimento para Lana. Vou levando o animal sem dificuldade, e quando atravesso a fronteira noto ela tentando se levantar, tentativas falhas, pois só lhe causavam dor. Não acredito que ela é teimosa o suficiente para sair nesse estado, então trato de deixar claro que dalí ela não sairia. Lana faz doce, para comer a capivara, então falo firme, para que ela coma e deixe de pôr defeitos no animal, que depois de muito reclamar ela finalmente come, me dando a oportunidade de voltar para me alimentar.*
- Onde vai? (Ela pergunta-me, com aqueles olhos azuis pousados em mim.)
- Já volto... (Digo, atravessando a fronteira.)
- Não demora! (Ela manda, sim, manda. Eu devo está muito mole.)
- Abusada! (Eu repreendo-a sem firmeza nenhuma.)
*Vou até à mata, onde após tanto procurar, finalmente acho uma onça. Odiava alimentar-me com predadores, mas era o que tinha para- hoje, já que o horário de caça era péssimo. Alimento-me alí mesmo, e escuto os caçadores passarem a correr pela floresta, o que queria dizer que eles saíram mais cedo, já que costumamos sair quando o sol está mais quente. Áxla e Alef correm até mim, que terminava de comer a minha caça.*
- A coisa tá feia mesmo, você comendo um predador? (Áxla diz, gargalhando.)
- O horário não está dos melhores para caçar! (Explico pacientemente.)
- Ursos também são predadores, sabiam? Cabeças de camarão! (Alef diz, debochando das nossas caras.)
- A gente só preda eles por ego! Qual caçador que não quer dizer para os filhos que enfrentou um dos animais mais perigosos da redondeza? (Áxla diz.)
- Eu! Realmente não me importo. (Eu digo, arrancando gargalhadas dos dois.)
- Você é o lobo mais convencido que eu conheço! Até parece que não faz tanta questão assim... (Alef diz, rindo.)
- Eu não sou convencido, apenas não tenho culpa se vocês não conseguem alcançar-me. (Eu confidencio, os provocando.)
- Não seja tolo! Se já é assim sozinho, imagine quando tiver uma luna!? (Áxla diz, encarando Alef, que gargalhava.)
- Já passou da hora, 26 anos e encalhado! Não vejo a hora de encontra a minha, mas enquanto não acho, contento-me com as que vêm até mim. (Áxla diz, rindo como o belo cafajeste que é.)
- Falando nisso... Eu já encontrei a minha! (Alef diz, nos fazendo encará-lo.)
- E você só diz agora? (Eu pergunto.)
- Poiser, o Áxla já sabia, mas você tem andado tão distante esses dias! (Ele diz, e percebo que tenho passado muito tempo tentando me dividir entre a alcateia e Lana.)
- Eu também achei a minha! Por isso tenho andado sumido... (Confesso, e roubo todos os olhares para mim.)
- Quem é ela? (Áxla pergunta.)
- Na hora certa irão saber, agora preciso ir... (Eu digo, me virando e indo até o rio, limpar-me e ir buscá-la para beber água.)
*Chego na toca e ela estava brava, e eu não sabia o porque, mas mesmo assim eu peço desculpa, se tem uma coisa que aprendí com o meu pai é que a mulher tem sempre razão.*
- Por que está brava comigo? (Eu pergunto confuso.)
- Por que demorou tanto? Estou morrendo de sede! (Ela responde-me, ainda mais irritada.)
- Mas não precisa ficar brava comigo, eu só encontrei alguns amigos enquanto caçava! (Explico-me e mesmo assim ela continua mal-humorada, e o seu corpo estava muito quente.)
- Podemos ir beber água agora? (Ela pergunta, quase que me dando ordem.)
- Que bicho lhe mordeu? (Pergunto, já irritado também.)
- Nada, só não estou bem! (Ela fala, enquanto tenta se levantar, então mesmo irritado eu ajudo-a.)
#Lana#
*Ele ajuda-me- a ir até o rio, vamos mais devagar do que eu gostaria, pois, meus ossos ainda doíam, mesmo após terem voltado para o lugar. E finalmente chegamos no rio, nunca fui tão feliz vendo água.*
- Tava com sede mesmo... (Ele debocha.)
- Não diga! (Respondo, com um olhar mortal.)
- Você tá muito estranha! (Ele diz. Ele só não sabia que a merd@ do meu cio decidiu chegar ontem a noite.)
- Eu só não estou legal! (Digo, me virando para ir embora. Muito me surpreende ele não saber identificar um cio.)
*Voltamos para a toca, e eu tentava a todo custo não demonstrar o quão difícil estava sentir o seu cheiro e as suas carícias em meu pescoco, e como ele gostava de lamber esse bendito pescoço, parecia ate provocação. E assim eu conseguí dormir, pois o dia seguinte ia ser longo.*
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Maria alice De jesus
ótima história, só não entendo como sabe sobe lobos e lobisomens pois nossa cultura não é sobre isso.
2024-01-12
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