#Lana#
*Conseguí escapar da minha irmã ontem, mas mesmo assim ela ficou desconfiada, e irritada por eu sumir, acho até que teria levado umas bofetadas se o meu pai não tivesse aparecido. Ela logo ficou quieta, para meu pai não descobrir que saí do campo de visão dela. Ele ainda achava que ela cuidava de mim como ele fazia questão de mandar. Eu odiava ser perseguida, então fiz um acordo com Agár, ela deixava-me em paz e ia ficar com as amigas dela, enquanto eu sempre dizia ao meu pai que estava com ela o tempo inteiro. Acordo cedo e vou para a minha rotina, espero os caçadores chegarem para eu ir caçar, e finalmente eles chegam, já estava morrendo de fome. O meu pai nunca trazia caça para mim, pois incumbiu essa tarefa a Agár, e ela permaneceu não trazendo, até que eu mesma decidí burlar as ordens do meu pai, entrando na mata e caçando eu mesma. Observo de longe um urso, eles eram dificílimos de matar, mesmo sendo menores que nós, ainda tinham muita força e garras mortais. Me aproximo lentamente, estava com vontade de desafiar as minhas capacidades, era a chance que eu tinha de provar para meu pai que eu era capaz, e podia caçar com os outros. Ele estava próximo à fronteira, como sempre alí tinha as melhores presas, pois, poucos se atreviam a pisar lá. Me aproximo do lado oposto ao vento, para que ele não notasse o meu cheiro, e avanço no seu pescoço por trás, para evitar aquelas garras "fofinhas". Mas me distraiu por alguns minutos e aquelas garras rasgam a minha pele... O meu pai vai matar Agár e eu quando me ver machucada. Choramingo de dor, mas não desisto, voltando a atacá-lo, de frente dessa vez, já que ele não me dava as costas. Cravo as minhas presas no seu pescoço, e ele finca as suas garras nas minhas costelas, eu aperto mais a minha boca, rezando para ele morrer antes de matar-me, e finalmente consigo, arranco a sua jugular. Comemoro muito feliz, nem noto que era observada por ele... Aqueles olhos negros são inconfundíveis.
- Você viu? Eu conseguí!!! (Comemoro, indo até ele, tentando arrastar o urso, que mesmo não sendo muito pesado eu tinha dificuldade.)
- Eu vi, minha princesa, você foi muito bem! Agora vem cá, deixe-me ver esses ferimentos... (Ele diz, vindo até mim, e lambendo os meus cortes.)
-Vamos comer? Eu estou faminta! (Digo, impaciente.)
- Percebí... A sua linda barriguinha branca está a roncar alto o suficiente para ouvir da alcateia! (Ele diz, gargalhando.)
- Não seja exagerado! Eu só não tive tempo de caçar mais nada ontem, tive que correr para casa! (Digo, saboreando a minha caça.)
- Deveria ter comido todos os coelhos! (Ele diz, noto a sua decepção consigo.)
- Larga de ser bobo, você fez mais do que qualquer um já fez por mim! Agora come logo, é muita carne para eu comer sozinha... (Digo, lambendo o seu focinho.)
- Eu sei... Você não tem tamanho para isso tudo! (Ele diz, a gargalhar.)
#Isac#
*Termino os meus afazeres e vou até à fronteira, não tinha me alimentado ainda, mas pouco me importava, eu queria vê-la novamente. Chegando próximo à neblina, escuto o choramingar de uma loba, e eu tinha a certeza no meu coração que era ela, eu corro e sem pensar duas vezes, atravesso a cortina de fumaça, e o que eu vejo paralisa-me, ela caçava um... Urso? É sério? De tantos animais... Ela escolhe um que pode matá-la? Que cabeça ôca... Mas não interfiro, ela reclamou de sempre ser poupada demais, então apenas fico atento. Vejo ela cravar as presas no pescoço do urso, pela frente, achei um golpe não muito inteligente, mas com o tempo ela aprenderia a caçar com êxito. Ela comemora a morte do urso como se tivesse ganhado a melhor coisa do mundo, aquecendo meu coração. Chamo ela até mim e limpo as feridas, logo elas estariam cicatrizadas, então não me preocupo. A sua felicidade era impagável, e noto o orgulho que ela sentia em ver-me comer o que ela havia caçado, sozinha.*
- Eu quero que você me ajude arrancar a cabeça dele! (Ela pede, me fazendo gargalhar.)
- Você vai levar isso para a sua toca? (Pergunto, surpreso.)
- Não bobo... Até porque não cabe! Irei mostrar para o meu pai, quem sabe ele deixa eu caçar! (Ela diz, toda fofinha... Mas o que faz a minha espinha tremer, imagino ela tendo que disputar com os outros pelas presas.)
- Você não imagina o quão satisfatório é após tanto tempo sendo subestimada, finalmente ser útil! Você é grande, forte e bem intimidador, deve caçar desde muito cedo! (Ela diz, me encarando com aquele olhar azulado, que percorria as minhas qualidades. E realmente, ela era bem menor que eu, e não tinha nada de intimidante.)
- Sabe, as vezes é bom deixar-se ser cuidado! Eu queria ter tido essa oportunidade... (Digo, lembrando-me que desde cedo tive que aprender a cuidar de todos.)
- Eu estou aquí agora! Irei cuidar de você... Eu mato todos os ursos se for necessário... (Ela diz, rindo docemente, me fazendo gargalhar.)
- Eu que devo cuidar de você! Sei que não gosta, mas com o tempo você vai entender a função de um parceiro... (Digo, cada palavra que saía da minha boca vinha do meu coração. Como eu a conhecia tão pouco e ainda assim a amava.)
- Meus pais não são parceiros... Ela foi obrigada a casar-se e a ter filhos! (Ela diz, e sinto ficar pensativa. E lembro-me do encontro com os líderes da outra alcateia, e que teria que me encontrar com a filha deles.)
- Imagino que ela deva querer ver os seus filhos felizes, já que ela mesmo não pôde ser! (Eu digo, limpando o seu pelo, que esteja sujo de sangue.)
- Não sei. Não a vejo com frequência, na verdade, ela é muito exclusa. Acho que não gosta de lembrar que a sua vida foi toda planejada por terceiros, dos filhos ao marido! (Ela diz, e sinto a sua tristeza.)
— Sinto muito por isso! (Digo, fazendo um leve carinho, e pedindo para que ela me siga.)
- Pra onde você quer me levar? (Ela pergunta, noto a sua curiosidade.)
- Já tomou banho de rio? (Pergunto, mas já tenho em mente a resposta.)
- Você sabe que moro num lugar que só tem gelo, né? Lá é difícil até de suprir as necessidades básicas! (Ela diz, me fazendo gargalhar.)
- Logo você vai estar aquí! (Falo, rindo, e mostrando-lhe o rio.)
- Não deveríamos estar aquí! Se alguém me ver? (Ela diz, e noto o seu medo.)
— Não vão, ninguém vêm nessa parte do rio! (Digo, entrando no rio.)
- Eu não sei nadar! (Ela diz, como se eu já não soubesse.)
- Vem logo!! (Digo, saindo do rio e puxando ela até mim.)
#Lana#
*Ele me puxa para dentro do rio, sinto medo de início, a correnteza puxava-me de leve. Era uma sensação boa, e nova em simultâneo. Ele apoiava o meu corpo no dele, para que a água não me deslocasse. Aquela parte do rio não era profunda, então eu conseguia mergulhar sem dificuldade.*
- Acho melhor irmos, está próximo de anoitecer! (Digo, realmente preocupada. Mesmo sabendo que naquele dia eu não receberia as visitas do meu pai e Agár.)
- Dorme comigo hoje? (Ele pede, e realmente eu queria, mas, ainda tinha muito receio.)
— Não tenho certeza! (Confidencio.)
- É só dormir, prometo! (Ele insiste.)
- Tá bom... Mas, onde? (Pergunto, curiosa.)
- Eu tenho uma toca aquí próximo! (Ele logo soluciona o problema, com um semblante feliz.)
*Ele leva-me até uma toca próxima, era muito bem escondida, imagino que ele gosta de esconder-se. Tinha muitas folhagens alí, e era coberto por algum tipo de couro, imagino ser couro de urso, que coincidência. Aconchego-me nele, na toca, e era muito espaçosa, bem maior que a minha pelo menos. Aproveito o carinho que ele estava a fazer em mim, que me deixava muito relaxada.
- Poderia morrer agora que ainda estaria feliz! (Digo, virando a minha barriga para cima.)
- Não diga asneiras, eu não viveria sem você! (Ele diz, agora lambendo a minha barriga, me causando cócegas e fazendo-me rir.)
- Viveria sim... Viveu ate hoje! (Eu digo.)
- Você realmente não sabe nada sobre o laço de companheirismo! (Ele diz, noto a sua inquietação.)
- O que houve? (Pergunto, preocupada.)
- Espere aquí! (Ele diz, saindo da toca.)
#isac#
*Sinto uma movimentação perto da toca, mesmo com dificuldade eu enxergava bem a noite. Saiu da toca para averiguar o que seria, hoje não posso dar-me o luxo de ser pego de surpresa. Assim como em todo o lugar, tínhamos inimigos, e eles poderiam estar próximos. Por isso a união das alcateias era analisada. Peço para ela ficar lá, seria mais fácil protegê-la, fora da toca ficamos indefesos, já que eu teria que analisar todos os lados, e ela.
- O que foi? (Ela pergunta-me, fora da toca?)
- Eu mandei você ficar na toca! (Digo, irritado e preocupado.)
- Eu não vou quebrar! (Ela dizia, tentando a todo custo ficar comigo.)
- Você precisa entrar, não dá para eu proteger nós dois ao mesmo tempo! (Eu falo firme, e sinto que magoei ela.)
- Não quero a sua proteção! Você é como o meu pai, só que ele demonstra o repúdio! (Ela diz, irritada e com a voz embargada.)
- Pra onde você vai? (Pergunto, noto ela indo em direção a fronteira, e eu a sigo.)
- Não é da sua conta! (Ela diz, correndo e atravessando a fronteira, antes que eu chegasse até ela.)
- O que faz aquí a essa hora? (Omeu pai pergunta, me deixando nervoso.)
- O que o senhor faz aquí? (Eu pergunto, tentando disfarçar o nervosismo.)
- Você não estava na sua toca! Estava com alguém? (Ele pergunta, cheirando o meu pelo.)
- Para pai! Não sou criança faz tempo! (Digo, tentando afastá-lo.)
- Você achou ela, não achou?
— Pai... (Digo, sério.)
- Pode falar filho, você sabe que sou seu amigo! (Ele diz, esbarrando o seu corpo no meu, propositalmente.)
- Achei pai... (Eu digo, esperando a repreensão, mas vejo que ela está feliz.)
- Que bom! filho... Quero conhecê-la em breve. Deve aguardar somente a reunião, eles não podem saber que já é comprometido, apenas na hora certa! (O meu pai diz, e sinto orgulho de ser o seu filho.)
- Obrigado pai, confesso que sentí medo da sua objeção! (Confesso.)
- Jamais! Eu já lhe contei como conhecí a sua mãe? (Ele diz.)
- Irei contar-lhe... (Ele diz, entusiasmado.)
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Marfisa Torres Ferreira
se o pai dela fosse como o dele né
2024-06-12
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