Uma chance

#Nestor#

*Eu amava correr pelo campo aberto, sério mesmo... era maravilhoso! O meu pai era muito tranquilo, já lhe contei histórias dele. E Naty estava lá, linda, e muito ‘sexy’.

- Me poupa dos detalhes, pai!

— Para de ser chato, moleque! Puxou a raça da mãe... (Digo, voltando ao assunto.)

*Eu sentí um cheiro tão bom de jaca, eu seguí o cheiro e lá estava ela! Linda, maravilhosa... No mesmo dia a marquei, e nem fui falar com o seu avô materno, ele era muito ciumento! Ia matar-me, com certeza. Quinze anos depois tivemos você, demorou muito, a gente queria curtir um ao outro. Ela ainda era jovem, tinha apenas 16 anos, eu já era adulto, mas ela nunca se importou com a nossa diferença de idade.*

- Pai... você era apenas 6 anos mais velho! Sempre exagerado... (Ele retruca, gargalhando.)

- Para de ser chato, tá estragando a história! (Digo, jogando ele longe.)

- Não é justo, velhote, pegou-me de surpresa! (Ele diz, vindo na minha direção, e eu derrubo-o no chão novamente, prendendo-o com o peso do meu corpo.)

- Sentí falta desses momentos, filho! Que idade a jovem tem? (Pergunto, curioso.)

- Eu não sei, na verdade, eu nunca perguntei se quer o nome! (Ele diz, e noto confusão nas suas palavras.)

- Você não é muito inteligente! Como que você marca alguém que não sabe o nome? (Pergunto, indignado.)

- Eu não a marquei ainda... (Ele diz, envergonhado.)

- Não? Você não sabe como faz? Olha você começa... (Vou a explicar como que acontece, mas sou interrompido.)

- Paiiiii!!! Não precisa explicar-me nada, eu sei como faz, tá bom! Credo, pai... Ela ainda não está pronta, é só isso! (Ele diz-me, gargalhando de nervoso.)

- Você já fez isso antes? (Pergunto, curioso como sou, não ia deixar a oportunidade passar.)

- Não pai... Nunca sentí atração por ninguém! Ou o senhor acha que sou burro suficiente para ficar com essas lobas da alcateia, que só olham para mim porque querem ser lunas? (Ele diz, me fazendo rir, orgulhoso. O meu filho é muito maduro, desde filhote, nunca me deu trabalho.)

- Mas... E a La... (Pergunto, interrompido novamente.)

- Nunca tive nada com ela, a não ser conversas! (Ele diz, tranquilamente.)

- Espero filho, porque não tem coisa pior que uma loba revoltada! Falo por experiência própria... A sua mãe, uma vez, deu uma bela surra em Jane, lembra daquela loba que morava perto de nós? Poiser, a sua mãe que a expulsou das proximidades, mulher louca, fingiu estar grávida de mim! Logo eu, que não saía da toca sem a sua mãe... Não respirava sem ela... (Eu digo, gargalhando.)

- Eu não deixaria ninguém machucá-la! Quando você conhecê-la vai amá-la, não tanto quanto eu, mas você vai ter carinho de pai por ela! Ela é delicada, frágil, forte e marrenta, tudo ao mesmo tempo!!! (Obcervo os olhos do meu filho brilhar, e isso preenchia-me. Seja quem for, já a adoro.)

- Prometo amá-la como um pai, mas não garanto que ela me ame da mesma forma! Afinal, um pai é insubstituível... (Digo, compreensivo.)

- Se ela ao menos tivesse tido um! Mas pelo que sei até agora, ele menospreza-a... (Ele diz, e sinto o seu ódio.)

- Aquí ela vai ser feliz! Agora vamos terminar de chegar, se não a sua mãe vai apedrejar-me diante da alcateia! (Eu digo, correndo em direção a alcateia.)

...****************...

#Lana#

*Chego na minha toca, e tento conter as lágrimas de decepção, pois, por mais que eu tentasse, não conseguia sentir raiva dele. Todo mundo subestima-me, ninguém acredita que sou capaz! Mas, amanhã isso acaba...*

#Agár#

*Vou até à toca da fedelha, e ela não está! Era só o que me faltava, o meu pai vai matar-me... Sempre tive que cuidar dela, todos a tratavam como se ela fosse quebrar! Odiava ela com todas as minhas forças. Tinha que levá-la sempre para onde eu ia, alimentá-la e cuidar, pois, a minha mãe a rejeitou quando nasceu, pegando ela poucas vezes, apenas para amamentar. Lana sempre foi fraca, então na infância, eu sempre resolvia os seus problemas. Eu fui obrigada a ser sua mãe. Por isso, desde criança ela tem a própria toca, assim como eu resolví ter a minha, quando adolescente. Resolvo não esperar ela chegar, amanhã eu com certeza brigaria com ela.*

#Lana#

*Amanheceu, e hoje seria diferente. Eu pego a cabeça do urso que cacei ontem, e quando os caçadores estavam a preparar-se para sair, eu paro o meu pai no meio de todos, com aquela cabeça na minha boca. Eu coloco-a no chão, e ele olha para mim sério, e para os meus ferimentos, que estavam a cicatrizar.*

- O que quer? Não é hora para brincadeiras! (Ele diz, firme e já irritado.)

- Quero caçar! (Digo, confiante.)

- Lana, não me perturbe com as suas loucuras! (Ele desfaz-se de mim mais uma vez.)

- Eu sou capaz, veja, eu mesmo matei esse urso ontem! (Eu mostro-lhe orgulhosa, a minha caça.)

- Agár? Não estava com a sua irmã ontem? (Ele encara Agár, que me olha mortalmente.)

- Ela está a brincar, não é, Lana? (Ela me olha com ódio.)

- Não!! Eu saí escondida no meio da noite, para caçar! (Digo, omitindo alguns fatos.)

- Você deu sorte, sabe que não vai ser sempre assim, só irá atrapalhar-nos! (Ele fala, fazendo os caçadores rirem de mim.)

- Deixe-me provar que sou capaz! (Eu quero essa chance, é a minha vez de mostrar que sou forte.)

- Pois bem, se você me trazer ao menos o seu alimento, deixarei! (Ele diz, mas, percebo que ele sinaliza para os outros caçadores, só não sabia se isso era bom ou ruim.)

*Saímos em direção a floresta, aquele dia estava especialmente mais frio. Percebo que todos começam a correr, e eu vou direto para o meu lugar de caça. Antes que eu conseguisse pegar o cervo, Agár empurra-me de ladeira abaixo, fazendo-me bater numa árvore.*

- Você enlouqueceu? (Pergunto indignada, ainda mancando devido à dor, pois não havia quebrado nada.)

- Quem enlouqueceu foi você! Como pode dizer a papai que saiu do meu campo de visão? (Ela esbraveja, me deixando ainda mais brava.)

- Devia ter dito que você me deixava dias com fome na infância! E caço- sozinha há anos... (Jogo na sua cara a realidade.)

- Eu sempre cuidei de você, sua peste! (Ela diz, avançando em mim.)

- Depois eu resolvo isso com você! Agora preciso caçar... (Corro na direção que o cervo foi, esquecendo os meus problemas e focando alí.)

*Procuro loucamente aquele cervo, o cheiro dele está próximo, o meu coração palpita, eu não posso fraquejar agora! O vejo ao longe, e um dos caçadores também, porém eu me adianto-, e cravo as minhas presas no cervo, que se debate na minha boca, até morrer. Volto para à alcateia com o cervo na boca, entro na minha toca e vou alimentar-me, depois daquela confusão eu só queria paz.*

- Cadê ela? (Escuto a voz furiosa do meu pai.)

- O que quer? Cumprí o desafio! (Eu digo, jogando a cabeça do pobre cervo próximo das suas patas.)

— Engraçado, o caçador falou que você roubou a caça dele! (Ele olha-me com nojo.)

- Mentira!!! Eu venho perseguindo ele lobo desde a fronteira. (Eu grito irritada.)

- Você tem provas? (Ele me olha com desdém.)

- Assim como ele não tem! Mas prefere acreditar em qualquer um do que em mim... Você nunca gostou de mim, nunca fez o seu papel de pai, sempre foi um péssimo… (Não termino o meu desabafo, pois ele me ataca muito antes de terminar, e sinto apenas o gosto metálico na minha boca, e ele não parava de desferir golpes em mim, pois perde o controle, até que finalmente alguns homens o contém, me deixando alí, machucada. Percebo todos se afastarem lentamente, a minha toca era a mais afastada da alcateia. Escuto Agár aproximando-se de mim.)

- Eu falei-te para ficar quieta! Se tivesse me escutado estava a passar fome em segredo, agora vai passar fome para todos saberem. (Ela sussurra no meu ouvido e vai embora.)

*Arrasto-me até a minha outra toca, que ficava na divisa entre os reinos, a neblina e a neve escondiam a sua entrada, então ninguém me acharia com facilidade.*

#Isac#

*Acordo com os gritos da minha mãe, assusto-me, achei estávamos a ser atacados, tamanho era o escarcel.*

- Filho!!! conta-me tudo... (Ela grita, fazendo os meus ouvidos doerem.)

- Calma, mãe! Do que está a falar? (Pergunto, ainda sonolento.)

- Da sua parceira, do que mais seria? (Ela fala como se fosse óbvio.)

- Meu pai te contou? Fofoqueiro. (Resmungo, ele ia ver só.)

- Não sei se você sabe, mas, eu carrego uma marca no pescoço, eu sei tudo que se passa naquela mente perspicaz! (Ela orgulha-se.)

- Tá mamãe... Eu conto, mas talvez vocês não gostem muito de saber! (Então eu conto tudo, sem omitir nada.)

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