Jasmim

#Lana#

*A semana se passa arrastada, a minha rotina era sempre a mesma, da toca para a fronteira. Agár quase arruma confusão para nós duas, ela sempre tentava prejudicar-me, e ser vista com maus olhos pela alcateia. O meu pai nunca permitia que eu fosse caçar com o restante dos guerreiros, ele dizia que eu atrapalharia. Então, quando todos voltavam da caçada, eu ia. E cá estou eu, cercando um apetitoso alce, existem muitos por aquí! Somos instruídos a nunca caçar as fêmeas ou os filhotes, para não atrapalhar o equilíbrio, e faltar-nos alimento no futuro. Ele não percebe que estou próximo, então permaneço quieta; mas, der repente eu piso em falso, ele escuta-me e sai disparado. Persigo ele até a fronteira, onde ele atravessa.*

— Merda!! (Grito com raiva.)

*Enquanto eu lamentava a perca do servo, observo alguém se aproximar. E que cheiro bom aquele ser tinha, parecia jasmim... Eu amo essas flores. O ser continuava a se aproximar, mas o contato da neve com o calor da primavera fazia o gelo fumaçar, impedindo a minha visão exata do que tinha lá. *

#Isac#

*Acordo cedo, a minha rotina é sempre a mesma, acordar, caçar e resolver problemas da alcateia. Sempre tinha alguém querendo invadir a toca do outro, roubar alimento e as vezes brigavam por coisas fúteis. Eu, como o futuro líder, tinha que resolver conflitos de forma pacífica, quando não dava certo, descontrolava-me e matava ambos. Paciência não era o meu forte, principalmente quando envolvia as pessoas que eu gostava, mesmo eu tendo poucos amigos, Alef e Áxla, eles sempre estavam metidos em confusão. Resolvi espairecer depois da caçada, já que eram sempre os homens e poucas guerreiras da alcateia que buscavam alimento para as famílias. Eu andava perto da fronteira, quando um servo corre desesperado na minha direção, mas quando me vê, corre na direção ao meu lado, fico confuso, imaginei que deveria ter outro predador atrás dele, então fico em alerta, era comum alguns ursos atacarem os lobisomenss. Mas, sinto um cheiro tão bom, e não era cheiro de urso, mas, sim, de flores, só não sabia qual. Observo uma movimentação atrás da neblina formada pelo gelo, e tinha algo ali, e o cheiro vinha daquilo.

— Quem é você? (Digo, na expectativa.)

— Quem é você? (A loba diz, pela voz era fêmea.)

— O que faz aquí, sozinha? (Pergunto, pois, só sentia o cheiro dela, que impregnou o ambiente.)

— Eu estava a caçar o servo que passou para o seu lado! (A loba diz, com uma voz penosa e irritada.)

— Sinto muito pela sua caça! (Digo, gargalhando.)

— Não rir, não sabe o quão difícil é caçar com tanta neve! (Ela diz, irritada.)

— Não faço ideia! Mas, espere aquí, já volto! (Peço, mas sem colocar fé, que ela realmente me esperaria.)

#Lana#

*O lobisomem pede-me para esperá-lo, eu olho em volta, e não vejo ninguém, então não custa esperar, ele provavelmente não me mataria e me jogaria no rio... Né?*

#Isac#

*Corro até um ponto onde eu sempre conseguia as melhores presas, e consigo capturar apenas alguns coelhos, mas, dá para enganar a fome. O horário era péssimo para se caçar, imagino que ela não saiba disso. Volto com algumas lembres na boca, e por incrível que pareça, ela ainda estava lá!*

— Pode atravessar? (Pergunto, queria muito ver o seu rosto.)

— E se alguém me ver aí? (Ela pergunta, noto Interesse e curiosidade na sua voz.)

— Não vão, estou sozinho! (Tento passar-lhe segurança.)

— Tem certeza? (Ela pergunta receosa.)

— Vêm! (Digo, ansioso.)

*Vejo aquela lobinha branca colocar o seu focinho para fora da neblina, farejando o ar, e não consigo conter o riso. Ela coloca a cabeça e após constatar que não tinha ninguém, ela atravessa, pousando o seu olhar em mim, e que olhos lindos ela têm, e o seu cheiro fez o meu coração palpitar, era ela, eu tinha certeza, no meu íntimo.*

#Lana#

* Ainda receosa coloco o meu focinho do outro lado da neblina, farejo o ar, não sinto o cheiro de mais ninguém, e ele está a rir de mim. O repreendo imediatamente, quem já se viu? Vou a colocar parte por parte do meu corpo, ainda atenta aos movimentos... E como ele é assustadoramente lindo. E tem um cheiro tão bom, e os olhos são negros como a noite, e dão-me um pouco de medo, me fazendo escolher-se.

— Está com medo de mim? (Ele pergunta, mas a resposta é óbvia, pois eu mais tremia do que falava.)

— No meu lugar você também estaria! (Digo, torcendo para não irritá-lo.)

— Não vou machucar-te! Nem mesmo se eu quisesse, não conseguiria! (Ele diz, e percebo os sinais, ele é meu companheiro... Mas, porque Selene pregaria uma peça de tão mau gosto assim?)

— Eu sei... (Respondo, agora mais confiante, e percebo que os coelhos próximos às suas patas.)

— Tome... Coma! (Ele diz, muito cuidado, me entregando os coelhos.)

— Mas, e você? (Pergunto.)

— Já comí... (Ele diz, mas notei ser mentira, pois escutei o roncar da sua barriga de longe.)

— A gente divide, olha... (Peguei dois e lhe devolvi dois.)

— Tá bom... Fique à vontade, não irei atacar-lhe, quero a sua companhia! (Ele diz, e como aqueles olhos assustadoramente lindos mexia com os meus sentidos.)

#Isac#

* Pressinto o seu medo ao ver-me, o que me deixa um pouco perdido, eu sei que a minha aparência não é muito receptiva, mas, não imaginava ser tão feio assim... Tento tranquilizá-la, entrego os coelhos e deito-me, deixando à mostra os meus pontos vitais, demonstrando que estou vulnerável a ela, o que a deixa mais tranquila. Ela oferece para que a gente divida a refeição, e eu aceito, estava realmente com fome. Como ela é delicada, parece tão frágil, ao ponto de quebrar, então com muito cuidado eu aproximo-me, farejando o seu pelo, percebo ser jovem, e nunca foi tocada, o que me enche de alegria. Ela aceita os meus toques e carícias, o que me deixa feliz. Queria levá-la para minha toca, mas ainda não posso, pois, poderia dar início a uma guerra; não há união entre as alcateias ainda. Mas, seria mais um motivo para eu conseguir uni-las; e faltava apenas algumas semanas.

— Sabe quem sou? (Pergunto, lambendo o seu pelo, onde ela receberia a minha marca.)

— Não... (Ela responde, com a voz doce, saboreando a caça.)

— Sabe o que sou? (Pergunto, e vejo os seus olhos, mais uma vez, estacionar em mim.)

- Meu parceiro? (Ela responde, mas em dúvida.)

-Não entende muito sobre o assunto, não é? (Pergunto, notando a sua pouca experiência.)

— Não... Para mim nunca foi simples conversar sobre! (Ela diz, sentando-se na minha frente e analisando os meus movimentos.)

-Por que? (Pergunto, curioso.)

-É uma longa história... (Ela diz, cabisbaixa.)

— Tenho todo o tempo do mundo! (Eu disse, realmente estou curioso, ela parece-me interessante.)

— Nascí prematura... Foi uma gravidez complicada. Nasci muito fraca, e sobrevivi por compaixão de Selene. Sou a mais fraca e inútil da alcateia, não caço com os outros, assim como não sou incluída em outras tarefas! Então, sou afastada de todos da alcateia, ninguém me ver como... Alguém que possa valer a pena. Então o meu pai dedicou os seus dias a ensinar as minhas irmãs a se defender, enquanto eu, fui ensinada a ser submissa. (Ela conta, com pesar.)

— Você não é inútil e fraca, só não está no lugar certo... Logo vai estar comigo, e eu prometo que irei cuidar de você! (Eu digo, e como eu estava ansioso por aquilo.)

— O problema é esse, eu já sou cuidada demais. Até parece que sou doente! (Ela diz, manhosa.)

— Não sei se você sabe, mas a função do parceiro é essa, cuidar... (Digo, esfregando-me no seu pelo, marcando o território, deixando claro que ela me achou.)

#Lana#

*O carinho e a conversa estavam ótimos, ninguém nunca havia me escutado, e muito menos me acariciado... A minha mãe não tinha muito instinto materno, na verdade, casou obrigada, teve filhos à força. Ela quase não me via, assim como Agár e Neila. Estava tudo tão bom, que havia esquecido a realidade por algumas breves horas, até que escuto Agár gritar por mim.*

— Lana!!! Pirralha... (Agár grita, furiosa, imagino que o meu pai deve ter procurado por mim.)

— É a minha irmã, estou morta! (Digo, muito nervosa.)

- Morta porque? Eu converso com ela! (Ele diz, deve está louco, se ele soubesse a cobra que ela é...)

- Não!!! Você não a conhece, vai por mim, se ela descobrir que estou aquí, e que você é meu parceiro, ela vai dar um jeito de matar você e apedrejar-me no meio da alcateia! (Digo, ficando um pouco exaltada.)

- E quem ela pensa ser para fazer isso? (Ele diz, gargalhando... É completamente insano.)

- Vai por mim, ela é mais que nós dois juntos! (Digo, e percebo a sua indiferença com ela, e o seu deboche para mim.)

- Você é tão ingênua, dá vontade de guardar num potezinho! (Ele diz, lambendo o meu pelo.)

- Isso não é hora para carícias, estou encrencada, como irei sair daquí sem ser notada? (Digo, esperando que ele me ajude.)

- Vem comigo, eu sei de um lugar!! (Ele diz, me fazendo segui-lo.)

#Isac#

*Noto o receio que ela tem da irmã, e sinto-me incomodado. Ela é tão pura, doce e ingênua... Gostaria de prendê-la comigo eternamente, odeio o fato de ter que deixá-la ir. Após uma breve conversa percebo que ela quer ajuda para despistar os olhos da irmã de cima dela. Só pela voz, já não gostei dela! Quem ela pensa ser para chamar a minha companheira de pirralha! A levo até uma passagem segura que conheço, usava ela na infância para bisbilhotar os lobisomens que passavam por alí, ou até mesmo esconder-me de Alec e Áxla, quando brincávamos de esconder-se. A vejo ultrapassar a neblina e meu coração despedaça, parece que vou morrer sem ela. Se estava assim antes de marcá-la, imagine depois?*

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Comments

Marfisa Torres Ferreira

Marfisa Torres Ferreira

essa história promete

2024-06-08

0

Lucilene Palheta

Lucilene Palheta

que lindos, que eles fiquem logo juntos ❤ ❤ ❤ ❤ ❤

2024-04-04

1

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