Ataques de ansiedade

No dia seguinte, meu despertador me acorda mais uma vez para ir ao colégio, eu acordo já reclamando

" Affff que sacoooo"

Eu levanto e me arrumo como faço todo dia, desço pego um pão e saio de casa, e vou para o colégio, lembro que hoje tem a apresentação do trabalho que eu fiz com meu grupo, fico nervosa mas preparada para apresentá-lo, eu chego na escola, entro, e todos ficam olhando para mim e dando risada da minha cara, eu fico sem entender o porquê, eu só saio caminhando por eles até chegar na minha sala, antes de entrar um menino grita no corredor:

- Olha lá vem a bvzinha do colégio e a menina esquisita que se veste mal

Eu olho para ele, e pergunto:

- O que você disse?

- Isso mesmo que você ouviu

Eu mostro o dedo do meio para ele e dou as costas, todos no corredor ficam fazendo barulho e provocando:

- WOOOWW, ela é estressadinha também

E ficam rindo do menino ao mesmo tempo, eu entro para a sala e o professor já está na espera para ver as apresentações da turma, meu grupo é o primeiro a apresentar, Renata levanta primeiro e começa a conversar com o professor, não dá para ver o que ela está falando com ele, porém parece que está reclamando de algo, o professor só fala:

- Julia, faço o favor

Eu me levanto e vou na mesa dele sem saber o real motivo dele está me chamando ali, ele fala:

- Renata disse que você não ajudou o grupo a fazer o trabalho

Eu logo respondo injuriada

- Como é? Ontem eu e os meninos fomos na casa dela fazer o trabalho

O professor questiona Renata:

- Você está mentindo para mim?

Ela responde:

- Não professor

- Se você estiver mentindo vai ser 0 na certa viu

Eu fico na minha porque eu sei que eu fiz a minha parte, o professor decide chamar o restante do grupo para perguntar aos meninos, Gabriel logo responde:

- Ela não ajudou professor

Eu fico pensando:

" Claro que ele ia acobertar a namoradinha dele né"

Já o Thomas fala a verdade:

- Ela fez professor, fui a casa dela buscá-la, e a deixei-a de volta no mesmo lugar.

O professor fica sem saber em quem acreditar, eu falo:

- Pode ligar para minha mãe professor, ela tava lá na hora

- Certo

O professor sai da sala e liga para minha mãe, ela confirma que sim, que eu fui fazer o trabalho na casa de Renata, o professor volta e fala:

- Renata e Gabriel vão levar 0 no trabalho e me acompanhem para a diretoria por favor

O professor sai com eles e todos da sala ficam gritando:

" Iiiiiiiiii "

Eu fico na minha e agradeço a Thomas:

- Obrigada

- De nada, não ia deixar eles prejudicarem você, sendo que você fez realmente o trabalho

Eu sorrio para ele, fico esperando o professor voltar, ele volta e manda apenas eu e Thomas apresentar o trabalho, a gente começa a apresentar no final ele da sua avaliação:

- Gostei muito da maquete, e da apresentação, parabéns podem se sentar

A gente se senta e assim vão os outros grupos se apresentando, o tempo passa até dar o intervalo, eu decido sair da sala de novo, no meio do caminho Renata e suas amigas patricinhas decidem me barrar no meio do corredor para puxar briga, começam a me empurrar e me fazem tropeçar no chão, me insultam, me chamam de nerd e outras coisas.

Renata fica falando comigo:

- Você vai pagar por aquilo Júlia, você vai se arrepender

Ela sai e me deixa lá jogada no chão, eu levanto e percebo que meu nariz está sangrando, cai de boca e nariz no chão com tudo, eu corro para o banheiro, logo logo alguém que viu a cena vai a diretora para contar tudo e ela vai até mim no banheiro

- Julia? Aqui é a diretora

- Oi diretora

- O que aconteceu?

- Nada, eu caí e bati o nariz no chão

- Não foram isso que me contaram... Tem certeza? Me falaram que bateram em você e eu queria saber quem era esse alguém para receber uma punição, não admito isso dentro do meu colégio

- Tem, eu caí, não foi nada

- Tá bom, qualquer coisa estarei na diretoria

Ela sai e me deixa no banheiro, eu começo a ter uma crise depressiva lá, fico querendo me cortar, fico chamando pelo meu irmão, isso meio que já uma alucinação::

- ERICK

- ERICK, me ajuda por favor, tá doendo muito, tô sofrendo

Eu pego minha tesoura e começo a fazer cortes em meus braços com marcas, fico tapando minha boca para ninguém me ver gritando e perguntar se eu estou bem, depois de um tempo eu paro de me cortar, coloco um casaco para ninguém ver os cortes ou o sangue, eu chego atrasada na sala, o professor pergunta:

- Tá tudo bem Julia? Se atrasou

- Eu estava passando mal, na verdade ainda estou... Posso ir embora?

- Pode, mas fale com a diretora antes o porque está indo, certo?

- Tá

Todos da sala ficam me olhando, eu só saio correndo, passo na diretora falo que não estou me sentindo bem e que queria ir embora para casa, ela me libera e eu saio correndo e gritando na rua:

- EU NÃO AGUENTO MAIS ESSA CIDADE E ESSA VIDA

Eu me ajoelho no chão, e fico lá sem reação nenhuma, a diretora liga para minha mãe

- Bom dia, gostaria de falar com a mãe de Júlia

- Bom dia, sou eu, aconteceu algo?

- Ela disse que tava passando mal e foi embora do colégio

- Ah sim, estarei aguardando ela

A diretora desliga o telefone, eu me levanto e vou para casa, minha mãe como sempre me enche de perguntas:

- O que aconteceu?

- O que aconteceu mãe? É que eu tô aqui e não no Piauí, eu não aguento mais ficar aqui, eu não tenho nada aqui

- Calma minha filha, por favor respira

- Não mãe, tá tudo uma merda, eu não aguento mais

Ela me segura em um abraço, eu desabo no colo dela, começo a chorar sem parar, eu dou um vacilo e ela consegue ver meu braço

- O que é isso Julia???

Mdss, você está se cortando

- E se eu estiver? Vocês não se importam comigo, vocês não percebem que eu não estou bem, e que desde que ele se foi eu fiquei assim e vocês não fizeram nada, só me levaram em um médico que eu ainda não gostei dele

- Filha, me desculpe, eu não sabia que você estava assim

- E hoje na escola eles me bateram, e ficaram falando coisas horríveis de mim no colégio, entre outras coisas

Eu subo para meu quarto gritando:

- ARGHHHH, NÃO AGUENTO MAIS

Minha mãe liga para meu pai:

- Rodrigo, venha para casa agora, Julia está surtando, estou com medo dela fazer algo

Meu pai sem exitar logo responde:

- Já estou indo, não demoro

Meu pai sai às pressas do trabalho dele e chega em casa, fica batendo na minha porta, eu não abro, eles começam a gritar:

- JULIAAA, ABRE A PORTA AGORA

Sem respostas minhas

Meu pai forçar a porta até ela abrir, eles se deparam comigo e eu estou lá na cama desmaiada e alguns remédios no chão espalhados, minha mãe começa a gritar:

- AHHHHHH, filhaaaa mdsss

Meu pai me pega no colo e coloca no carro, ele e minha mãe me levam para o hospital, chegando lá os médicos me atendem e me internam, examinam se realmente tomei os medicamentos ou não, enquanto isso fico tomando medicação na veia para controlar meus níveis de depressão e ansiedade que estavam altos, o médico chega para meus pais:

- Bom dia

- Bom dia dr, descobriram algo?

- Bom, até agora não tem nenhuma substância no corpo dela encontrada, se ela não tomou os remédios ela pode ter desmaiado pela crise de ansiedade, basicamente ela pode ter ficado sem ar para respirar...

- Oh meu deus, podemos ver ela?

- Ainda não, ela está em observação na UTI, eu recomendaria uma psicóloga e acompanhamento médico especializado para ela, se quiserem eu sei de boas indicações.

- Pode ser

O médico passa todas as informações para meus pais e eles anotam, eu passo a tarde toda desmaiada no hospital sem fazer nenhum sinal e

nem movimentar nada, no comecinho da noite eu acordo

- Hum, onde eu estou?

Falo meio zonza ainda

O médico que está comigo fala:

- Você está no hospital, mantenha a calma, tá?

Eu concordo com a cabeça, e no finalzinho da tarde eles confirmam para meus pais:

- Não existe nenhuma substância presente no corpo dela, então foi por causa da ansiedade mesmo

- Tá bom, obrigada Dr.

- Nada

- Ela acordou agora, mas ainda está meio zonza, Jajá libero vocês para ver ela

- Certo Dr.

O médico sai e deixa meus pais sozinhos conversando, meu pai decide conversar com minha mãe sobre o que irão fazer:

- Vamos ligar mais tarde para a psicóloga.

- Tá bom Rodrigo, vamos

Eu fico acordando e dormindo e sem entender nada, o médico libera meus pais para entrar

- Filha?? Você nós ouve? Sou eu sua mãe

Falo com a voz bem fraquinha e com os olhos fechados ainda

- Oi mãe

O médico fala:

- Não dêem muitas informações a ela ainda, para ela não ficar nervosa e nem ansiosa

Meus pais respeitam o médico e não me ficam fazendo mais perguntas só me observando quietos,eles perguntam aos médicos:

- Que dia ela receberá alta?

Certo de sua resposta o médico diz:

- Amanhã se tudo continuar bem

- Certo

-Agora precisamos deixar ela descansando um pouco, podem me acompanhar?

- Sim

Meus pais se despedem de mim e saem da sala onde eu estou, eu fico sozinha mais uma vez, acabo dormindo por causa da medicação que estou recebendo, o médico fala com meus pais:

- A depressão dela está muito elevada, vocês tem que tomar cuidado

- Ela nunca comentava nada com a gente sobre isso

- Humm, tem alguma coisa que deixou ela assim?

- Sim, a morte do irmão foi muito forte para ela

- Vocês a levaram em algum psicólogo?

- Não, só no psiquiatra, e depois ela disse que não queria ir mais porque não gostou

- Ah sim, tem que continuar o tratamento para ela ficar bem, se não pode ocorrer uma piora no quadro dela

- Certo, vamos tomar providências

Eles ligam para a psicóloga que o Dr. Passou e tomam as demais providências

- Alô

- Alô, gostaria de falar com a psicóloga Carolina

- Sim, aqui é a secretária dela, gostariam de marcar uma consulta?

- Sim, é para nossa filha

- Certo, qual o melhor dia e horário para vocês?

- Pode ser na quinta feira umas 10h da manhã

- Certo agendado, estamos aguardando por vocês, obrigada pelo contato e tenham uma boa noite

- Obrigada você, tchauzinho

- Tchauzinho

A secretária desliga a ligação, e meus pais ficam aliviados de conseguirem marcar a consulta com a psicóloga, e assim mais um dia de minha história se encerra

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