No dia seguinte, pela manhã, eu acordo meio assustada com vários barulhos de coisas sendo arrastadas pelo chão, um pouco incomodada com toda aquela bagunça decido descer para ver o que estava acontecendo e vejo meus pais encaixotando algumas coisas, para a mudança. Ao me verem eles logo me cumprimentam:
- Bom dia Filha
Com um pouco de sono ainda respondo a eles com um bom dia meio desanimado, tive uma noite não muito boa novamente por causa de toda essa história que tem acontecido. Sem nem repararem meu estado já foram me avisando para preparar minhas coisas
- Hoje de tarde é para você encaixotar suas coisas, ta bem?
- Vamos sair depois de amanhã
Em silêncio só concordo fazendo sinal de sim com a cabeça e volto para meu quarto, me visto para ir para o colégio, pego meu skate, tomo meu café e saio. No caminho do colégio decido mudar a direção, dessa vez eu vou direto para uma praça a alguns quilômetros do colégio e fico andando lá até o horário de voltar para casa, após ficar umas 2 horas sozinha na praça, um garoto chega com seu skate do Tony Hawkd um skatista famoso, o garoto me vê andando e fazendo algumas manobras e decide conversar comigo:
- Ei, tu anda bem, vi você fazendo algumas manobras
Meio envergonhada por nunca ter sido elogiada por andar de skate respondo a ele
- Oii, ahh obg, não sei muita coisa ainda
Ele pergunta:
- Qual teu nome?
- Júlia e o teu?
- Mike, posso te ensinar algumas coisas
- É vc anda bem Mike pelo que tava vendo
Ele vai me ensinando, eu tomo quedas algumas vezes, mas tudo normal, após vários tentativas consigo fazer um Ollie North uma manobra que eu achava bem difícil, o tempo vai passando e o sol ficando cada vez mais forte, já era quase meio dia, meus pais me ligam, o celular toca umas 3 vezes, mas resolvo ignorar, olho as horas e vejo que tenho que ir embora:
- Preciso ir Mike
Mike sobe no seu skate dá um toque na minha mão e se despede
- Vai lá, e cuidado pra não cair( Ele fala rindo)
- Tchau Mike aceno pra ele
Ele acena de volta.
Eu coloco meu fone e volto para casa, sobre 4 mini rodas e demonstrando todas minhas habilidades e manobras que aprendi pela rua, chegando em casa, vejo meus pais me esperando na porta, aquela era uma cena que eu estava evitando ao máximo, mas não tinha o que fazer, eles me olhavam com um aspecto de preocupação e raiva ao mesmo tempo, começaram a brigar comigo:
- Onde você estava Júlia? te ligamos dezenas de vezes e você não atendeu
- Andando de Skate
Minha mãe me dá uma bronca dizendo:
- Era para você estar na escola, a diretora ligou e disse que está preocupada com você, nós falou que você não está prestando atenção nas aulas e que se continuar assim você será reprovada.
Não se importando muito com o que estava acontecendo com minhas notas do colégio e revoltada com tudo, respondi a eles em um tom meio grosseiro:
- Talvez vocês deveriam para de pensar só na minha aprovação no colégio e passar a refletir sobre o quão mal tem feito essa mudança para aquela merda de cidade, vocês não estão vendo que isso está me deixando péssima?
Meu pai logo me repreende em alto tom
- Julia, pare de gritar com sua mãe!!
Uma discussão se inicia nesse momento entre eu e meu pai
- Vocês não entendem, isso tudo tá estragando minha vida!!
- Você vai ficar de castigo!!
- O que é? Vocês vão me bater agora também? Estão tirando tudo de mim, tudo que eu amo!!
Sem pensar duas vezes só subo para meu quarto com meu skate e saio batendo nas portas da casa, caio com tudo na cama e fico a tarde toda no quarto sem fazer nada, até que eu decido pular a janela para andar na cidade, pego minhas coisas e meu skate, olho para baixo pela janela vejo se dá para pular é um pouco alto, mas eu acabei conseguindo me apoiando na calha grudada a parade do meu quarto por fora, meus pais não vêem pois estão ocupados demais com essa mudança toda.
Eu saio de parecendo um zumbi, não dormir direito, sem comer direito e cheia de problemas, eu não queria saber de mais nada á não ser do meu skate que era a única coisa que me deixava feliz no momento, após um momento caminhando paro em uma lagoa, me sento e fico olhando os peixes com seus pais todos felizes e começo a chorar porque eu sei que não sou daquele jeito com os meus, pra quem quem escuta essa comparação pode pensar que eu estou meio doida, mas minha vida nunca foi fácil aos 14 anos perdi meu irmão mais velho com uma doença rara e aquilo foi muito doloroso para mim, hoje em dia tenho 17 anos e ainda não superei sua morte e desde então tenho que ficar me medicando para não fazer nada comigo mesma e isso tudo é uma merda, ele me faz muita falta, eu só queria ele aqui comigo de novo, me abraçando e falando que vai ficar tudo bem, nossa família não ficou a mesma sem ele, eu me tornei mais agressiva e estressada e meus pais não me dão a atenção de qual eu esperava de pais, nem para servir de apoio e tentar aliviar a dor da perda do meu irmão, no final das contas eu tenho que carregar tudo sozinha e sem nenhum tipo de carinho deles, para se ter idéia meus pais queriam pagar uma psicóloga para mim só que eu não quero, já passei pelo psiquiatra e não gostei nem um pouco, ele era desses médicos ruins, não que todos psiquiatras sejam, para não desmerecer, mas não quero ter que passar por outro assim, o tempo passa e eu fico meio perdida nos meus pensamentos, até que uma moça vem até mim:
- Menina? Está tudo bem?
- Sim, está sim
- Certeza? Você está chorando
Eu não tinha percebido que no meio de tudo que estava pensando, as lágrimas escorriam pelo meu rosto
- Não, tá tudo bem sim
-Certo
Ela só vai embora e me deixa, depois de um tempo eu retomo a realidade e resolvo voltar para casa, no meio do caminho do caminho vejo um cachorro perdido na rua que me chama a atenção, ele é lindo pelos marrom parece ser da raça poodle, eu paro, ele fica olhando para mim, eu vou até ele e fico fazendo carinho, ele balança seu rabinho sinalizando que está gostando, eu continuo, meus pais nunca deixariam eu levar ele para minha casa, que chato, decido da um nome para ele:
- Vou te chamar de Bob
- Gostou Bob
Ele parecia contente com o nome e latiu algumas vezes
- Au au au
- Que lindinho
Infelizmente eu teria que deixa-lo lá com o coração partido, tanto o meu quanto o dele, eu vou saindo aos poucos de perto dele ele fica latindo para mim com uma carinha triste, mas eu fico gritando para ele que voltaria:
- Eu volto bob, fique em algum lugar seguro
Eu chego em casa e a sala toda já está praticamente empacotada com os móveis e coisas em caixas grandes, eu só ignoro e volto para meu quarto, meus pais nem percebem eu chegando, fico no meu cantinho de conforto vendo um dos últimos episódios da minha série preferida "stranger things" e aguardando ansiosamente para o 2 volume, eu desço e pego comida, mas não será para mim e sim para o Bob, eu pego e saio de casa novamente, vou encontrar ele no mesmo lugar que o vi, começo a gritar:
- Bob
- Bob, aqui garoto
Ele vem latindo, pula em cima de mim todo feliz, por sorte o encontrei ali ainda, eu dou comida a ele
- Aqui garoto, comida
Ele come tudo, fico brincando com ele, escondo ele em um lugar seguro e
e volto para casa, já são umas 22h, meus pais já estão dormindo, eu esquento minha comida como e vou dormir.
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Atualizado até capítulo 57
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