Capítulo 20

“Alexia Monteiro”

Fiquei parada por alguns segundos processando tudo! Por Deus, se ele falou com o meu pai, então estamos em uma espécie de relacionamento? Se estamos a gente deve fazer certas coisas! Meu Deus, como vou lidar com isto agora?

— O que foi Alexia! Você está pálida? — Karla se aproximou ao me tirar dos meus pensamentos...

O que me fez olhá-lo e o mesmo estava sério ao falar com o meu pai e mais outros homens, que se puzeram em volta deles!... Porém Cristian não parava de me olhar.

— Oie, terra para Alexia?

Voltei a minha atenção a Karla e a mesma estava sorrindo ao me olhar e ainda segurando uma latinha em mãos... Com o barulho da música alta, comecei a sentir dor de cabeça, o que fez eu levar a minha mão sobre...

— To com um pouco de dor de cabeça!! — Proferi próxima dela e a mesma me encarou ao continuar

— Pode ser, mas eu te conheço tem algo a mais, conta o que foi? — Karla continuou a me olhar...

— Eu não sei! Será que eu e o Cristian estamos em algum tipo de relacionamento, já que ele até falou com o meu pai? — Falei ao sentir um friozinho percorrer o meu corpo!

— Olha provavelmente! — Karla sorriu— É complicado entender estes meninos do complexo, mas eu creio que o Cristian logo fala com você sobre isto, mas você tem certeza que está bem Alexia? — Disse a mesma ainda me encarando ao ficar seria.

Ela percebeu que eu estava segurando minhas mãos, ao apertá-las e talvez eu tenha deixado escapar o meu nervosismo! Eu estava quase andando de um lado ao outro, porém me segurei ao máximo, olhava para o Cristian e quando ele voltava a sua atenção a mim, eu desviava o olhar, minha nossa!

— Ei garota calma— Karla segurou nos meus braços, enquanto eu a observei — Me conta o que ouve?

— Eu nunca... Eu nunca... Karla eu...

— Fala o que foi? — Me Interrogou a mesma parecendo preocupada, quando viu que eu não conseguia falar

— Eu nunca... — Respirei fundo — Eu nunca cheguei até os finalmente com alguém! — Eu estava tremendo, mas eu precisava dizer isso a alguém

— Ah você é virgem? — Karla se aproximou ao falar baixinho! E eu tremi com a sua pergunta...

— Não eu...

— Ué então? — Karla me pareceu completamente confusa, quando me calei...

Eu travei, não consigo me lembrar sem sentir meus olhos se formando lágrimas, em minha garganta senti um nó se iniciando... Engoli em seco algumas veses e a observei nos olhos, Karla parecia esperar uma resposta! Uma luz para entender o que estava havendo, mas eu comecei no momento errado, eu não consigo, eu travei...

— Desculpa amiga! Eu não consigo falar sobre — Limpei minhas lagrimas ao olhá-la— Eu tô com muita dor de cabeça, vou para o meu quarto!

Karla apenas assentiu sorrindo fraco e eu sai entre o pessoal, na direção do meu quarto! Limpando as lagrimas que insistiam em cair... Questionando até a minha presença neste local, eu não deveria estar viva, eu quem deveria ter partido no lugar da minha mãe...

Entrei no meu quarto ao trancar a porta, deixando todo o meu ar sair dos pulmões ao inspirar novamente, tentando regular a minha respiração, a música estava tão alta que eu pude gritar em paz, me deitei sobre a cama ao segurar o travesseiro e gritar o quanto eu pude, ate a minha garganta doer...

Fiquei encolhida, com o travesseiro entre minhas pernas e abraçada com ele por alguns segundos, enquanto apenas deixo as lágrimas caírem, quando segundos depois alguém bateu a porta!

— Alexia! Abre... — Vi que o trinco se moveu ao ouvir a voz dele...

A voz do homem que talvez eu ame, mas não posso ter um relacionamento com ele, ate porque eu não conseguiria! Minhas lágrimas escorrem mais rápido, enquanto ele me chama do outro lado!

— Alexia amor abre a porta, por favor!!! Você está bem?

Ouvir ele chamando assim, parecendo tão preocupado, me fez levantar ao limpar minhas lágrimas, caminhei até a porta e a abri, Cristian estava parado com a mão no batente da porta, ao me ver o mesmo pareceu me analisar...

— Você estava chorando? — Dei alguns passo para trás e ele entrou fechando a porta... — O que ouve?

— Não foi nada! Eu tô bem... — Lá vai eu fingir que sou forte o tempo todo!

Caminhei ao me sentar sobre a cama, ao olhá-lo vi que o mesmo me seguiu e se sentou na minha frente! Ao segurar a minha mão

— Foi porque eu saí e fui falar com o seu pai? — Indagou ele me olhando

— Não você não me fez nada! Não estou assim por você, eu tô bem não se preocupe!... — Respirei fundo ao desviar o meu olhar

— Então me conta o que foi? — Sua expressão parecia bem preocupado

E eu fiquei em silencio, não encontro palavras para dizer a ele, nem sei qual seria a sua reação, senti o mesmo limpar minhas lágrimas e para não sofrer mais, nem fazer ele sofrer, eu apenas disse ainda sem olhá-lo.

— Eu acho que a gente deve se afastar!

— O que? — O mesmo perguntou com uma voz surpresa

— Eu sinto muito Cristian, mas eu não sou mulher para você!...

— Pode parar de onde você tirou isso? — Interrogou o mesmo, movendo meu rosto para que eu o olhe nos olhos

— Não dá! Eu até tentei, mas você viu aquele dia, não consigo me relacionar, só de pensar eu já entro em pânico! — Voltei a minha atenção aos meus pés

— Porque amor? Eu não vou te pressionar a nada! — Disse o mesmo me olhando...

— Não dá Cristian você é homem e não vai me esperar sentado! Só porque nunca tive relação com ninguém! — Falei sem querer e então voltei a minha atenção a ele espantada.

Notei que ele franziu sua sobrancelha ao me olhar, a princípio ele não disse nada! Apenas me encarou e eu me calei...

— Morena eu não vou te pressionar a ter relações comigo! Nunca... — Ao ouvi-lo percebi que ele entendeu tudo errado!

— Não é isso Cristian! — Abaixei a minha cabeça e então senti a sua mão segurando a minha...

— Ei morena desencana, eu sei que não é fácil perder a virgindade, ainda mais quando você quer saber se o cara é mesmo o cara certo! Calma eu não vou te pressionar a nada! — Suas palavras foram bonitas, mais não se enquadram a mim infelizmente

— Não é isso Cristian!! — Falei num tom alto e ele me encarou...

— O que foi então? — Interrogou-me ele me olhando confuso... Enquanto me levantei, Cristian continuou sentado, juntei todas as minhas forças ao olhá-lo nos olhos e então eu soltei como uma bomba o que estava engasgado a anos

— Eu não sou virgem!... Mas também não foi porque eu quis! Eu só tinha sete anos! — Notei que ele ficou incrédulo ao ouvir as minhas palavras, enquanto continuei— Eu só queria brincar de boneca, mas ele me forçou, me ameaçou, me machucou e ainda vivia dentro da casa da minha mãe!!

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