Alex – Nas Garras Da Stefano

Alex – Nas Garras Da Stefano

A Chegada do Desconhecido

...Melissa Stefano...

— Vamos, Mel. Ou iremos nos atrasar! — Minha amiga reclama em um tom acima de seu habitual. É raiva. Bate a sola de seu tênis contra o piso de madeira do nosso quarto compartilhado, bem irritada. Ela odeia esperar, perder tempo, e quando os dois se juntam.

— Já estou indo... — Respondo, durante a minha arrumação dos cadarços, totalmente calma, o contrário da garota à minha frente.

— Você está demorando muito!

— Calma, Sofie! Só falta eu colocar meus tênis! — Termino de colocar os cadarços e ponho meus dedos dentro, depois encaixando o calcanhar, fazendo o mesmo com o outro.

— Vamos! Estou com pressa!

— Pressa para o quê? — Ando até ela, que estava parada na porta.

— Você não soube? O Professor Smith se aposentou.

— Ah! Isso é bom. — Sorrio minimamente, pensando no homem que nos deu aula por um longo tempo. Foram-se anos.

— Ele é um idoso e já estava na hora dele sair dessa vida de professor. — Afirmo levemente com a cabeça. Ele é realmente um senhor de idade que já deveria ter se aposentado há algum tempo. Ele merece. — Mas isso não explica a sua ansiedade. Você nem gostava dele.

— Vamos ter um novo professor de matemática!

— E pela sua cara, ele deve ser lindo e atraente. Acertei?

— Provavelmente. Só soube que ele é lindo...

— Por favor, não babe no chão. Eu limpei ele ontem. E com muito zelo, por sinal.

— Podemos ir, agora? — Ela pergunta pela enezima, apontando para a porta.

— Podemos.

Sofie me puxa para fora, à caminho do colégio. Ao entrarmos, ela vai correndo na direção de algumas garotas encostadas nos armários. Abraça uma delas com tanta força, que a garota mudaria de cor se isso fosse um desenho animado.

— Ele já chegou? — ela pergunta às outras.

— Sim! Acabei de ver ele entrando no prédio! — Camila se exalta, dando um pulinho adorável para sua estatura e título de menor do nosso grupo.

— Vocês não estão a exagerar um pouco? — Pergunto, realmente me sentindo deslocada no meio delas. Estão tão cismadas com esse novo professor de matemática, lindo e maravilhoso, como dizem.

— Não estamos, Melissa. Ele é impressionante. — Uma das garotas da minha sala se vira para olhar para mim, eufórica.

— Por que a nossa primeira aula não podia ser de matemática? Quero ver como ele é. — Sofie diz, se apoiando no ombro da garota que abraçou anteriormente.

— Porque deixaram essa aula vaga, graças à professora de italiano que faltou e nos avisou que faria. — Digo, sorridente.

— E eu vou buscar a bola de basquete no meu armário.

— Tantas coisas que poderíamos fazer, como ouvir música, passear por aí, surrupiar uma sobremesa da cozinha, ou até ir à biblioteca. E você quer jogar basquete, Melissa?

— Não reclame, Sofie. Eu tive que recusar uma partida de futebol por sua causa, da última vez. Tive que ficar de vela ainda.

— Tá, vai lá buscar a bola. Eu fico aqui te esperando. Talvez o professor passe por aqui. — Ela apenas acena, como se estivesse me expulsando, enquanto estende o braço ao redor dos ombros da Camila.

— Vou ser rápida para que você não fique esperando à toa.— Ando pelo corredor, na direção onde fica meu armário. E, ao olhar mais adiante, me deparo com o time de futebol do colégio. Gargalham e implicam uns com os outros. Devem ter acabado de terminar um treino.

— E aí, gata? — Diz o capitão do time, sorrindo ao me ver. Ele é alto, loiro dos olhos azuis e tem um belo sorriso, de deixar qualquer uma encantada. Mas não faz meu tipo.

— Gata? Sabe que essa não cola comigo, certo? — Desdenho com um sorriso no canto dos lábios, fazendo alguns dos meninos darem risada. Ai, esses caras. Em um momento eles riem dele, mas se alguém partisse pra cima, virariam os próprios animais selvagens.

— Ok, você é difícil... — Se dá por vencido, passando a mão pela nuca e sorrindo. — Vai jogar com a gente, hoje? Você está nos devendo uma partida, desde que disse em voz alta que joga melhor do que eu. Quero provas, gatinha.

— Adoraria mostrar minhas habilidades, algo que você não tem, mas eu pretendo jogar basquete hoje.

— Vai me enrolar com esse papinho de deixar para uma próxima, de novo?

— Não tenho culpa se você cede tão fácil aos meus pedidos.— Desvio de sua tentativa.

— Tão doce quando um limãozinho... E eu adoro uma balinha de limão... — Ele diz tudo com um lindo sorrisinho.

— A culpa é de vocês por terem me nomeado como a “Princesa”. Me subiu à cabeça.

— Tudo bem, temos culpa. — Ergue as mãos como se estivesse se rendendo. — Mas eu ainda te acho uma princesa. — Ele faz um biquinho e se aproxima de mim. Sinto os lábios dele na minha bochecha, seguido de uma algazarra de seus amigos que presenciaram a cena. — Pode continuar com o que estava fazendo.

— Sério? — Questiono pelo beijo repentino que recebi. — Prometo ver como está a minha agente. Quem sabe, eu possa encaixar uma partida de futebol para esse mês... Não garanto.

— Não faça promessas que não pode cumprir. Sabe que vamos cobrar todas elas.

— Está bem! Nos vemos por aí, meninos! — Volto meu caminho pelo corredor, agora correndo, pois já tinha demorado demais.

Essa conversa com o Thiago me atrasou. Já saí vinte minutos depois do horário de início das aulas, porque teríamos uma aula livre da professora de italiano, agora gastei quase dez minutos de conversas aleatórias no corredor com as meninas e o time.

E aquele beijo?

Por que ele me beijou? Com certeza foi para se mostrar na frente dos amigos. “Amigos”, com aspas mesmo. Aposto que eles não fazem ideia de que o capitão do time é gay. Eu não tenho nada contra. Sei desse fato há um pouco mais de dois anos, quando o peguei beijando um homem mais velho, atrás de um carro, no escuro. Espera. Na verdade, tenho sim. Tenho algo contra o pensamento dele, de que o capitão do time pode perder o respeito dos outros jogadores se soubessem de tudo. Já disse que é bobagem. Mas ele prefere assim. Afinal, é seu último ano escolar.

— Ai!

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