Capítulo 10-Merda de contrato-Alana

-Aline, querida! -ela está dormindo e eu estou a horas observando, ele me lembra mamãe.-Preciso que acorde irmã!- sua tristeza me afeta, mais do que eu gostaria.

-Lana, por favor só mais 5 minutos.- fala tudo embolado.

-Vamos mocinha, preciso ir até o trabalho, assinar alguns documentos e preciso te deixar com Berta.- falo já tirando suas cobertas.

Estou assustada sim… não planejava essa mudança, mais como tudo na vida será uma etapa importante para Aline. Conversei com sua antiga orientadora escolar e descobri que minha irmã não estava tão bem quanto eu imaginava, a ausência dos nossos pais e o fato de eu está a anos longe, tornou minha pequena um poço de insegurança. Buscar nossos laços foi uma indicação da terapeuta. Eu havia encontrado meu refúgio em Gotemburgo, mais minha irmã sempre viria em primeiro lugar.

Seria tudo novo, eu logo teria que ver um novo emprego, visto que trabalhar de freelancer era um pouco incerto e eu não gostava disso, mais tinha sido a opção inicial para que nossa estadia na Itália fosse a melhor possível! Ravier estava nos ajudando com a mudança e nos indicou uma pequena cidade próxima de Milão, porém menor e aconchegante. Meu pai dizia que nossa família estava espalhada por toda Itália, que preferia adotar o sobrenome Smit por uma briga que teve com seus pais e adotou o sobrenome de sua mãe que era inglesa.

Chego na empresa e Carla pede para que eu suba a sala da presidência, isso pareceu estranho.

-Bom dia, Smit!- fala com Toda formalidade.

-Como vai? Me encaminharam para este setor, mais só vim assinar a papelada da minha demissão.- tento agilizar

-O senhor Tiago Rossi, está aguárdando.- fala sem me explicar nada.

Ela me acompanha para uma das salas e lá encontro um homem analisando uma papelada e reclamando do mundo.

-Senhor?- Carla aborda.

-Me traga um café, esse dia…-olha para mim, com os olhos de águia- está ficando …interessante.-Ele aponta para cadeira a sua frente e eu me sento.

Ele olha para mim analiticamente e diz.

-Sim… eu entendo… agora eu entendo. - respira fundo e volta a olhar os documentos.

-Senhor Rossi…- ele volta me olhar- Não entendo o que faço aqui, eu apenas vim assinar os papéis de minha demissão.-acrescento o mais razoável possível.- Não sei se isso seria um problema para o senhor… mais estou aqui e gostaria de encerrar o quanto antes.

-Entendo, Senhorita Smit.- respira fundo.- Eu tive pouco tempo para me inteirar de tudo aqui, estou com seu contrato e gostária de negociar.- é enfático.

-Não me entenda mal, mais eu não tenho interesse. Estou me mudando de país.- ele volta a me olhar.

-Vai para que país senhorita?- pergunta.

— Vou para Itália. - respondo

-Interessante, muito interessante. Pode me dar um minuto, preciso fazer uma ligação.

-Claro, senhor.- o que eu posso fazer?

Que estranho, esse homem é meio doido, bastava me entregar a documentação e logo tudo estaria resolvido. Depois de 15 min ele volta, como se seu mundo ganhasse cor.

-Aceitá um café Senhorita Smit?- ele questiona assim que Carla entra trazendo sua xícara.

-Não Senhor, como disse tenho pressa.- falo tentando fazer com que ele me de os papéis .

-Bom, não gosto de enrolação.- imagine se gostasse.- Então vamos ao ponto. Eu tenho interesse em que permaneça em nossa empresa e tenho uma proposta.- quando vou falar, ele continua- Gostaria que permacesse conosco, em Milão nossa sede. Terá todos os custos cobertos por nossa empresa, estamos falando de custos de mudanças, realocamento, e sua irmã estará matriculada em um dos melhores colégios da Itália, porém queremos 6h de período presencial, seu salário terá um acréscimo de 50%.

Uau, isso resolveria meu problemas, não teria que tocar em nossas economias para mudança, mais eu ficaria um bom tempo longe de minha irmã, isso não seria bom, não agora. Como ele sabe dela?

-Senhor, infelizmente estou com algumas questões pessoais e essa proposta não me atende.- ele fica supreso.

-Compreendo senhorita Smit. É uma pena, gostaríamos muito que permacesse em nossa equipe. Neste caso, vou precisar acionar a cláusula de multa, e de sigilo. Ficará impedida de trabalhar com a mesma tecnologia e no mesmo ramo, e a multa, é esta, segue a conta e o valor, tem até amanhã para depositar 70% do valor e o restante pode pagar em 10 dias.- como?

Olho o documento e o valor. Eu não tenho esse dinheiro, como assinei isso? Quantas pessoas saíram da empresa e nada tiveram que pagar. Merda. Engulo seco, tô ferrada.

-Claro que se quiser negociar, podemos a qualquer momento…- deixa solto.

-Isso é um absurdo, trabalhei aqui por 4 anos, falta apenas um ano e esta me cobrando a multa integral, sendo que vários colegas já fizeram o mesmo e nada foi cobrado. - digo nervosa.

-Mera liberalidade do empregador. Infelizmente está no projetor piloto, esse projeto é de relevância sem igual para nossa empresa, então tudo aqui é tratado com maior rigor. - esses riquinho.

-Eu não acredito nisso.-me levanto, olhando com um fúria para esse engomadinho.

-Acredite, nem eu. Porém é valiosa demais para que nossa empresa a entregue a um concorrente.- engulo seco.- minha proposta continua de pé .

Respiro fundo e penso, falta apenas um ano.

-certo. Vou aceitar a proposta. Mais não aceito mais qualquer mudança em meu contrato, Juan me impôs uma seria de medidas que não estavam no meu contrato e eu não aceitarei nada além do que ajustamos àqui.

-Interessante. - ele fala novamente me analisando.

Fico um pouco tonta e ele vem em meu socorro.

-Se sente bem Senhorita Smit?- questiona

Sim… apenas estou sem me alimentar, com toda correria da viagem.

-Nosso CEO terá uma reunião com a senhorita na Segunda, tem toda a semana para se organizar e sobre a matrícula de sua irmã já estarei providenciando. Temos um imóvel que será disponibilizado para você , sobre as passagem pode nos encaminhar que será reembolsada.- engulo seco, ele tem tudo calculado.

Não falo nada.

-Foi um prazer fazer negócio com a Senhorita. Estará em minha terra natal e nos esbarraremos por lá. - me questiona- Conhece Milão?

-Não. Tenho dupla nascionalidade, meu pai tem família lá. - solto

-Smit, não é um sobrenome comum na Itália.- me informa.

-Me chamo Alana Biachi Smit, meu contrato trás essa informação senhor Rossi.-provoco, ele apenas ri.

-Interessante, conheço muitos Biachi, quem sabe não temos amigos em comum.? - como se isso fosse possível.

-Não conheço meus familiares italianos, mais duvido que tenho o mesmo nível social que o senhor, duvido muito que tenhamos conhecidos em comum.

-Entendo. -sorri- Até segundo Senhorita Biachi. Me estende a mãos e assim nos despedimos.

Mais essa, minha vida está uma montanha russa.

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