O amanhecer chegou e com ele os pertences de Daimon, que guiou pessoalmente os trabalhadores, indicando como deviam acomodar as coisas. Desde que comprou a casa, certificou-se de que ela fosse decorada ao seu gosto e necessidades para o negócio. Tudo tinha sido feito em nome de Dominic Smith. Por sorte, não ordenou que fizessem os arranjos como Salma gostaria.
– Salma...
Suspirou. Aquela mulher tinha-lhe partido o coração, mas não o espírito. Ele demonstraria o seu valor, só para lhe dar uma lição a ela e à sua família. Desde o momento em que saiu do salão Florentin, jurou que não voltaria para ela, mesmo que ela implorasse. Receber o tratamento amargo e distante da sua família era algo a que já estava habituado; mais cedo ou mais tarde, teriam de se separar. É o ciclo da vida, para poder formar uma família. Mas ela, que era a pessoa com quem tinha feito planos para toda a vida, com quem sonhava envelhecer, com quem teria filhos e esses filhos lhes dariam netos... Não havia dúvida de que doía mais por todas as ilusões que tinha.
– Senhor, está tudo como ordenou.
– Muito bem. Toma, leva-os a beber algo na cantina.
Daimon deu-lhes uma grande quantia de dinheiro depois de terem trabalhado, não sem antes lhes lembrar que deviam voltar no dia seguinte, pois o trabalho seria fixo na sua casa. Era mais de meio-dia, a hora a que o seu avô saía para almoçar todos os dias no mesmo lugar. Duvidava que os seus velhos hábitos tivessem mudado num ano, por isso saiu numa carruagem em direção ao local. Demorou um pouco, mas quando finalmente chegou, o seu avô estava a entrar no dito lugar.
– Avô!
O velho, ao ouvir a voz do neto, virou-se na sua direção. Era muito evidente a felicidade no rosto do ancião. Fazia mais de um ano que não o via.
– Meu pequeno Dai, finalmente regressaste! Nem imaginas como senti a tua falta!
Daimon tinha vinte anos, mas em frente ao avô comportava-se como uma criança. Isto acontecia porque o seu avô adorava mimá-lo o tempo todo.
– Não foi tanto tempo. Estou aqui, afinal. É isso que importa.
Ambos estavam mergulhados num abraço cheio de amor e felicidade. Foi só quando ouviram a tosse de um terceiro que o avô se lembrou de que não ia sozinho ao lugar, tinha ido com um sócio importante.
– Desculpem a interrupção, é que não estava à espera da visita do meu neto – desculpou-se o velho Roger.
Daimon, ao ver de quem se tratava, sorriu. Sem dúvida, o destino queria colocar essa pessoa no seu caminho, e quem era ele para contrariar o destino?
– Não se preocupe, mas devíamos entrar antes que o lugar se encha de gente.
– Tens razão. Vamos, neto, entremos.
Os três entraram e foram recebidos pelo empregado de mesa. Por respeito pelo velho, ambos os jovens deixaram que ele escolhesse os pratos, mas Daimon reparou que o homem que os acompanhava não lhe tirava os olhos de cima. Era algo incómodo, ainda assim, tentou não lhe dar importância.
– Neto, este é um sócio e um grande amigo. Creio que já ouviste falar dele.
– Avô, claro que sei quem é o jovem. É o irmão do rei, ou estou enganado? Além disso, é considerado o Herói da Coroa, por ter derrubado o antigo rei, o seu pai.
– Vejo que estás muito bem informado. O Aron comentou-me que se conhecem há pouco tempo.
– Eu diria que somos duas pessoas com encontros um pouco invulgares – respondeu Aron, erguendo uma sobrancelha perante a resposta tão inesperada.
– É verdade. Vi-o em duas ocasiões, nada agradáveis para ele.
O velho, que estava a beber vinho, ficou tenso ao ouvir isso.
– Há algumas noites, fui a um evento, mas vi que o jovem saía um pouco aborrecido. Achei um pouco curioso.
Daimon baixou o olhar, pois o seu avô já o estava a observar.
– Eu sempre te disse que aquela jovem não era para ti. É melhor que ela fique com o teu irmão. Um patife para uma idiota, são o casal perfeito.
O avô não escondeu o seu desgosto por Salma e Felipe, apesar de o segundo ser seu neto.
– Avô, calma, eu não me vou opor a que eles fiquem juntos. O que começa mal, acaba mal.
– O seu neto é muito sábio, Sr. Roger.
– Claro que sim, por isso tenho fé nele. Os pais sempre o menosprezaram e deram mais valor ao Felipe. Ele não dá valor ao que tem porque não lhe custou nada. Tudo lhe foi dado de bandeja.
– Avô, não falemos sobre isso à frente de estranhos. Além disso, não preciso da aprovação deles. A única aprovação que quero é a sua.
Daimon pegou na mão do avô com delicadeza para apaziguar a sua ira. Sempre que falavam dos seus pais e irmão, acabava de mau humor.
O trio almoçou tranquilamente. Daimon falou sobre tudo o que tinha visto no estrangeiro. Aron notou como os seus olhos brilhavam com intensidade sempre que se lembrava dos novos lugares. Os seus olhos eram brilhantes como as estrelas. Finalmente, despediram-se. Aron seguiu o seu caminho; como era alguém importante, tinha de tratar de assuntos igualmente importantes. Daimon acompanhou o avô à casa dos seus pais.
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Atualizado até capítulo 20
Comments
Cida Domiciano
estou gostando só espero, que continue a postar sempre.
2024-11-10
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