O Começo da Sua Vida e da Minha

O Começo da Sua Vida e da Minha

Capítulo 1

Ao entardecer do ano de 1852, uma carruagem viajava lentamente. O passageiro era um homem magro de cabelo loiro. O homem havia viajado um ano antes para expandir seus negócios. Daimon Stallon se dedicava à joalheria considerada incomum, a qual em seu país não tinha valor, mas ele decidiu viajar para encontrar novas maneiras de investir nela. Felizmente, ele conseguiu. Poucos tinham fé em seu trabalho, por isso ninguém esperava que ele retornasse um homem extremamente rico. Nesta noite, viajava com pouca bagagem, pois seu dinheiro e ouro vinham por outra via mais segura. Eram várias carruagens cheias desses pertences, por isso todas tomaram rotas diferentes para não serem emboscadas. Ao chegar à mansão Stallon, foi recebido pelo mordomo da família. Este, ao vê-lo, ficou pálido, pois não esperava ver o homem chegar, muito menos esta noite.

- Sr. Grifin, que bom vê-lo novamente! Onde estão meus pais e meu irmão? Preciso dar grandes notícias!

A emoção de Daimon era evidente, seu sorriso dizia tudo. Mas ao ver que o mordomo o olhava com pena, seu sorriso se congelou.

- Aconteceu alguma coisa? Você parece abatido.

- Não, não é isso. A família inteira está celebrando o noivado do seu irmão mais velho.

A confusão era evidente. Seu irmão não tinha namorada e não estava noivo quando ele partiu, há um ano.

- Com quem ele está se casando?

- O jovem Felipe ficou noivo da jovem filha dos Dracon.

- O quê você disse?!

A surpresa era evidente no rosto do jovem. Ele não entendia o que estava acontecendo.

- É isso mesmo, senhor. Seu irmão se casará com a jovem Salma...

- Onde?

- No salão Florentino...

Em um salão repleto de ilustres convidados celebrando o noivado de duas pessoas, não era apenas a união de um casal, era a união de duas grandes famílias: os Dracon e os Stallon. Salma Dracon e Felipe Stallon, os futuros noivos. Daimon, que saiu desesperado de sua casa na mesma carruagem em que havia chegado, ao estar em frente àquele salão, sentia o coração bater tão forte que parecia que ia sair do peito. Armou-se de coragem para entrar. Durante todo o caminho, suspirou e rezou para que tudo fosse uma confusão. Mas a realidade lhe deu um golpe duro no rosto. Ao entrar, percebeu que seu irmão segurava a mão de sua namorada. Felipe, ao ver que seu irmão havia chegado, seu olhar se tornou sombrio.

- Daimon chegou! O que fazemos?

Perguntou angustiada Salma, cujo rosto havia ficado pálido com a presença de seu ex-namorado. Ao ver que ela se sentia ansiosa, a tomou pelo braço com mais força, dando a entender que ele estava lá para cuidar dela. O casal se aproximou de Daimon.

- Irmão, você finalmente voltou!

- Então é verdade? Irmão, você sentiu tanto a minha falta que encontrou consolo nos braços da minha namorada?

- Desgraçado!

Ouviu-se a voz, seguida de um forte tapa. O pai de Daimon e Felipe havia chegado para defender seu primogênito.

- Pai! Você também concorda com isso, não é?

- Cale-se! Este não é lugar para você fazer seus escândalos! Está tentando manchar a honra da noiva do seu irmão mais velho?

- Salma, você não vai dizer nada?

A bela jovem mordeu o lábio, sem saber o que dizer. Era verdade que eles eram namorados, mas ele a deixou para ir em busca de seus sonhos.

- Eu amo Felipe, sempre o amei.

Não lhe restou outra escolha a não ser defender seu atual noivo. Depois de ver Daimon com roupas comuns, supôs que ele não havia alcançado seu objetivo.

- Muito bem! Aqui, diante de todos, eu termino qualquer tipo de relação com os Dracon!

Sem mais, Daimon partiu. As pessoas se perguntavam quem era aquele jovem que se declarou inimigo dos Dracon, que eram uma família muito influente em Moonlight.

- Este é o bom filho que criamos? Sai por um ano e se revela assim?

- Não se aborreça, querido. Já teremos tempo para lhe dar uma lição.

Após se desculpar com os convidados e os futuros sogros de Felipe, a festa continuou.

Felipe caminhou para fora do local, seus olhos cheios de lágrimas contidas finalmente puderam se libertar. "Quem disse que homem não chora?", pensou ele. Ali estava, derramando lágrimas pela traição de sua família e pela mulher que tanto amava. Isso era realmente doloroso. Todo esse tempo ele viveu trabalhando duro para poder dar a vida desejada à sua amada, não esperava que ela não conseguisse suportar a distância e o tempo, para que no final o traísse. Ele estava tão distraído que não percebeu que um cavalo se dirigia a ele.

- Cuidado!

Gritou o cavaleiro, pois ia a toda velocidade. Ele usava um uniforme com cinco estrelas no lado esquerdo do peito, a patente mais alta entre os soldados do exército.

- Você está bem?

Perguntou o cavaleiro após descer do cavalo para se certificar de que Daimon não havia se ferido gravemente. Um pouco atordoado, Daimon olhou para ele. Sem dúvida, era um homem bonito. Balançou a cabeça e se levantou do chão, sacudindo a roupa, e fez uma reverência em sinal de desculpas, pois fora ele quem havia atravessado o caminho daquele homem.

- Estou bem. Realmente sinto muito ter atrapalhado seu caminho.

Não esperou resposta e foi embora. O cavaleiro o viu partir. Era estranho ver jovens chorando. Quando viu de que direção ele vinha, teve uma leve ideia do que estava acontecendo.

- Meritíssimo, parece que aquele jovem era o ex-namorado da noiva de hoje.

- Muito bem, voltemos. Já não há mais nada para o que precisemos estar presentes.

O homem era um convidado. Mas não era qualquer convidado: era o general das tropas de guerra da coroa, cujo valor se igualava ao do rei. Salma era parente do homem. Dado seu status, ela acreditava que ele não compareceria. Ele só foi por mera curiosidade. Ao ver como as coisas haviam acontecido do lado de fora, perdeu o interesse e decidiu voltar.

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