Capítulo 3

À vista de todos, longe e perto, via-se a cena em que o membro mais jovem dos Stallon era expulso do local onde estava hospedado. Perto dali estava também aquele homem, cujo uniforme trazia cinco estrelas. Ao ver que o jovem da noite anterior estava em apuros, foi em seu auxílio.

- É costume te expulsarem de todos os lugares?

Perguntou em tom de sarcasmo. Ao ver que era a mesma pessoa da noite anterior, Daimon sentiu um pouco de vergonha.

- A minha vida é um pouco complicada.

- Quer que eu ajude? Posso falar com o dono para deixá-lo ficar.

- Não, muito obrigado. Já terei tempo de fazê-lo ver que cometeu um erro.

Daimon caminhou lentamente. Precisava chegar à sua nova casa, pois em breve chegariam as suas carruagens com os seus pertences e ele tinha de ir ao escritório de assuntos oficiais, para prestar declarações de como obteve todos aqueles rendimentos e, claro, para os colocar a salvo da sua gananciosa família. Ao recordar como o trataram durante todos estes anos, pois sempre foi o menos favorecido pelos seus pais (apenas o seu avô era o único que se preocupava com ele), Daimon concentrou-se tanto nos seus pensamentos que se esqueceu daquele homem que lhe ofereceu ajuda. Quando voltou à realidade, virou-se e sorriu alegremente para o jovem.

- Lamento a minha descortesia, sou Daimon Stallon. Eu sempre me lembro daqueles que me ajudam. Se precisar de alguma coisa, não hesite em me procurar.

- Mas eu não o ajudei em nada?

- Eu sei, mas foi o único que se aproximou de mim quando eu estava com problemas e isso significa muito para mim. Sempre me lembrarei disso.

Daimon entregou um relógio. Mas não era um relógio qualquer. Era diferente, pois naquela época os relógios eram de bolso, mas aquele era de pulso. Era único no seu género, para não dizer que era justamente o dele. Tinha as iniciais D.S. Para o jovem, era estranho ver aquele tipo de relógio. Parecia mais uma pulseira feminina, mas não era afeminado, era perfeito para homem.

- Cuide bem dele.

Fazendo uma vénia, Daimon retirou-se do local. Não perguntou o nome da pessoa. Não precisava de perguntar, sabia perfeitamente quem era. Era Aron Velgara, o segundo homem mais importante do país. Não havia melhor maneira de fazer aliados do que encantá-los com algo novo e inovador. Pela cara que Aron fez e pelo quão calado ficou, Daimon teve a certeza de que estava certo.

Aron observou o objeto ao detalhe. Era muito elegante. Além disso, as joias incrustadas eram raras e não eram consideradas caras, mas em conjunto com o relógio davam-lhe uma elegância e um estilo únicos e, acima de tudo, prático, pois não precisaria de tirar o que trazia no bolso preso a uma corrente fina. Este prendia-se ao braço com um fecho. Sem pensar, pegou no seu antigo relógio e deu-o a um menino que passava. O que tinha recebido era muito melhor. Mal sabia ele que estava a ser usado como método de propaganda por Daimon.

...

Na casa dos Stallon, Felipe golpeia com a sua espada um boneco de treino. O seu avô Roger disse-lhe que, enquanto o seu irmão não falasse pessoalmente com ele, não permitiria que o casamento se realizasse.

- Ele pensa sempre mais nele do que em mim, não é justo!

- Vá lá, filho, não sejas tão negativo. O teu irmão vai voltar, eu já tratei disso.

- Isso não me garante que ele não vá colocar o avô ainda mais contra mim.

- Isso não vai acontecer, fica tranquilo.

A mãe de Felipe sorria enquanto se lembrava de como tinham expulsado o seu filho do lugar onde ele estava hospedado. Ela ainda não sabia como ele conseguiu ocupar um quarto naquele lugar. Era caro até para eles, era preciso mais do que dinheiro para se hospedar ali. Longe dali, Daimon espirrava. Estava sentado em frente ao juiz, onde estava a registar todos os seus bens.

- Os bens que chegaram à fronteira estão em nome de Dominic Smith.

- Posso perguntar por que não estão em seu nome?

- É um assunto privado, mas para que não haja mal-entendidos, direi o motivo: os meus pais não apoiaram a minha ideia, mas querem os lucros do meu esforço e trabalho.

O homem compreendeu as razões pelas quais Daimon, o filho menos favorecido pelos pais, agiu daquela maneira. Sem mais delongas, tratou da papelada, registando os bens em nome das duas pessoas.

- Muito obrigado.

Daimon agradeceu e retirou-se, não sem antes lhe dar o mesmo tipo de relógio, mas não era igual ao de Aron. Cada relógio era diferente. Pouco a pouco, ele iria conseguir publicidade gratuita. O homem ficou surpreendido com a prenda, pois também nunca tinha visto nada igual.

Já era noite de novo e, estando já instalado na sua casa, Daimon esperava apenas que o chamassem para ir buscar os seus pertences.

- Amanhã irei ver o avô Roger.

Daimon era muito grato ao seu avô, pois este tinha sido o seu principal benfeitor. Ninguém acreditou nele, o ancião foi o único que o fez, por isso ele estava muito agradecido.

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