capítulo 14

Capítulo 14: A princesa e o rei

Ryen segurava a princesa Chelli em seus braços quando ela despertou e o olhou. Rapidamente, Ryze se aproximou, com seus olhos brilhantes.

— Isso foi incrível — comentou Ryze.

— Você também foi — respondeu Ryen.

Freya ordenou que o exército regressasse para Atalanta, dirigindo-se a Ryen, Ryze, Leecya, Rosalind, Fenrir, Kanato e as meninas.

— O mestre é incrível! — afirmou Leecya.

Ryen olhou para todos eles e colocou Chelli no chão, que estava com o rosto corado. Mari se jogou em direção a Ryze, abraçando-o, o que deixou Kanato, Emi e Keiko irritados por se sentirem excluídos.

— Vou voltar para o castelo, cuidem-se na volta, Freya, Rosalind — falou Ryen, abrindo o portal de sombras.

— Vamos voltar com você, mestre — disse Leecya, se aproximando e entrando no portal junto com Fenrir.

Quando Ryen estava prestes a entrar no portal, Freya segurou seu braço, puxando-o para perto e dando um beijo em sua bochecha, deixando Rosalind surpresa.

— Amanhã, encontre-me na entrada da capital — falou ela, soltando-o.

Ryen balançou a cabeça, adentrando no portal, enquanto todos olhavam para Freya, deixando-a corada e envergonhada.

— Você nunca se interessou por príncipes, mas com o Ryen, você parece bem interessada, irmã — comentou Rosalind.

— Ele nos ajudou duas vezes, então é o mínimo, não é? — perguntou Freya.

Ryze olhou para Keiko, lembrando-se de quando Ryen era Kentaro e estava interessado nela. Ele se questionou se ela sabia que Ryen era Kentaro e se eles poderiam ficar juntos, já que ela havia recusado todas as declarações de amor de Kentaro.

— Não — murmurou Ryze, balançando a cabeça em negação. — Ele sempre foi bom demais para ela. Ela não merece alguém como ele, especialmente agora que ele ganhou respeito como Ryen.

Mari percebeu que Ryze estava pensativo sobre algo, mas decidiu não perguntar nada naquele momento.

Ryen saiu do portal e chegou diretamente à sala do trono. Ele colocou a mão na bochecha em que Freya o beijou e ficou corado. Afinal, em seu mundo, ele não era tão habilidoso com as meninas.

— Não, aquilo foi apenas um beijo de agradecimento — ele falou ao se sentar no trono.

Fenrir deitou ao lado do trono, percebendo que Ryen estava distante, e Leecya se dirigiu ao seu quarto para descansar.

No dia seguinte, ao amanhecer, Freya estava esperando no local combinado quando um portal de sombras surgiu e Ryen emergiu dele, olhando para ela.

— Me siga — falou Freya, adentrando a cidade.

Ryen hesitou por alguns segundos, mas decidiu segui-la. Eles passearam juntos, lado a lado, pelas ruas movimentadas da cidade. Freya olhou para Ryen, que estava com o olhar fixo à sua frente. Ela começou a pensar em como iniciar uma conversa para evitar que ficassem em um silêncio constrangedor.

— Ei — chamou a atenção dele.

— Sim? — perguntou Ryen.

— Como é no seu mundo? — perguntou ela, caminhando ao lado dele.

— No meu mundo, não usamos magia, não existem dragões, elfos e nem mesmo princesas, pelo menos não mais — respondeu Ryen.

Ryen olhou ao redor da cidade, parando no meio dela e colocando a mão no queixo.

— Ah, também temos vários comerciantes, mas não em barracas como aqui — comentou.

Freya olhou confusa para o lado, sem entender a resposta de Ryen. Afinal, como eles poderiam viver sem magia?

— Então, como vocês têm energia se não têm magia? Ficam todos no escuro? — perguntou ela, ainda mais confusa.

— Usamos algo chamado energia elétrica — respondeu Ryen, retomando a caminhada.

Freya deu alguns passos, seguindo-o, e o olhou com surpresa. Ela ainda estava tentando entender o que era energia elétrica, mas sabia que se perguntasse acabaria ficando mais confusa. Então, decidiu mudar de assunto.

— Então... você tem família? — perguntou ela.

— Minha mãe faleceu, meu pai se casou novamente e eu tenho cinco irmãos: uma irmã mais velha, um irmão mais velho, duas irmãs mais novas e um irmão com quase dez anos — respondeu Ryen, deixando-a surpresa.

— Nenhuma esposa?

— Ah, no nosso mundo não funciona assim, Freya. Existe uma sequência a ser seguida: amizade, namoro, noivado e casamento. Não se pode casar com alguém que você não conhece — explicou ele.

— Então... — Freya colocou suas mãos atrás das costas e começou a mexer o pé de forma nervosa, como se estivesse prestes a fazer uma pergunta embaraçosa — se uma garota se apaixonasse por você neste mundo... você seguiria todas essas etapas?

Ryen ficou corado e desviou o olhar, pensando em como responder àquela pergunta. Ele suspirou e olhou para Freya.

— Isso acontece naturalmente, Freya. Por exemplo, nós somos amigos e estamos nos conhecendo melhor. Se você quisesse, poderíamos avançar para um namoro.

Ryen percebeu rapidamente o que tinha acabado de dizer ficando corado novamente

— Eu quero dizer... Ok, vou pensar sobre isso — Respondeu Freya

Ryen sorriu, compreendendo a confusão de sentimentos de Freya, e concordou.

— Leve o tempo que precisar. Estou aqui para você, seja como amigo ou algo mais.

Mais uma vez, a conversa mudou de assunto, dessa vez iniciada por Ryen, que já estava bastante envergonhado para continuar o tópico anterior.

— Então, como funciona a magia de invocação? — perguntou ele, apressando um pouco o passo.

— Ela escolhe, aqueles que têm uma alta reserva de mana, mesmo que esteja adormecida — respondeu ela, olhando-o.

— Isso significa que eu e os outros...?

— Sim, a magia os trouxe. Espere, quero mostrar algo a você — ela pegou no braço de Ryen e começou a correr, puxando-o junto.

Ryen ficou confuso enquanto seguia Freya, acompanhando sua velocidade. Ela desviava habilmente das pessoas em seu caminho, como se estivesse utilizando algum tipo de magia, até chegarem a uma igreja.

— Vamos lá — respondeu ela, entrando.

Ryen entrou na igreja junto com ela. Ao adentrar, depararam-se com uma enorme tapeçaria retratando uma mulher alada de asas negras e um homem com uma magia semelhante às sombras, emitindo uma cor vermelha. Diante deles, havia dois garotos e duas garotas com armas distintas lutando contra os dois.

— O que é isso? — perguntou Ryen, impressionado.

— É a profecia que me fez invocá-los. Nossos antepassados diziam que heróis viriam de outro mundo, derrotariam a rainha dos demônios e, em seguida, desapareceriam. Assim, os descendentes daqueles que conheceram os heróis os adorariam como deuses — respondeu Freya.

Ryen e Freya se entreolharam quando gritos ecoaram vindos de fora da cidade. Ambos correram na direção do tumulto, encontrando um enorme monstro que se assemelhava a um minotauro, atacando as pessoas desesperadas.

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