A palavra “sim” ainda ecoava nos meus ouvidos, um som que era ao mesmo tempo uma libertação e uma condenação. Eu havia aceitado. A entrevista. O "encontro seletivo" no Sétimo Céu. Meu corpo tremia, mas não de frio. Era um calafrio que vinha de dentro, daquele lugar onde o medo e a esperança se encontravam em um abraço sufocante. Minha mãe… a imagem dela, frágil, dependente, era o único farol na escuridão que me cercava. Era por ela. Sempre por ela.
Passei a manhã em um torpor, os relatórios de Fernando se misturando com as imagens de um futuro incerto. À tarde, a necessidade de me preparar para a entrevista me arrastou para casa mais cedo. Abri meu guarda-roupa, olhando para as roupas simples e desgastadas. Nada ali parecia adequado para o “Sétimo Céu”. Eu precisava de algo que gritasse confiança, que escondesse o pânico que me corroía. Algo que me fizesse parecer… desejável.
Encontrei um vestido preto, simples, mas que abraçava minhas curvas de uma forma que eu raramente permitia. O tecido liso deslizava pela minha pele, e me senti uma estranha no meu próprio corpo. Cada movimento era um lembrete do que eu estava prestes a fazer, do abismo que eu estava prestes a cruzar. O espelho me devolvia uma imagem desconhecida, uma mulher com olhos assustados, mas com uma determinação fria que eu nunca soube que possuía.
O telefone tocou. Era Fernando. Meu coração deu um salto.
“Ana, preciso que você venha ao escritório. Há um relatório urgente que só você pode finalizar.” Sua voz era um comando, sem espaço para objeções.
Meu estômago se contorceu. “Fernando, eu… eu já estou em casa. Não posso ir agora.”
“Não é um pedido, Ana. sou chefe. Estarei esperando. E não demore.” A linha ficou muda.
A raiva borbulhou em mim, mas o desespero de desobedecê-lo era maior. Ele sabia. Ele sempre sabia. Troquei o vestido preto por algo mais casual, mas ainda assim me senti exposta.
Quando cheguei ao escritório, a luz estava baixa, e o silêncio era quase palpável. Fernando estava sentado à sua mesa, a silhueta imponente contra a janela. Ele não me olhou de imediato, e a espera me consumiu.
“Boa noite, Fernando”, eu disse, minha voz um pouco trêmula.
Ele levantou os olhos lentamente, e o brilho neles me fez prender a respiração. Era um olhar que me despia, que via além da minha roupa, além da minha fachada. Um olhar que me conhecia de uma forma que eu não queria admitir.
“Ana”, ele murmurou, seu tom baixo e rouco. “Você veio.”
“Você me chamou”, respondi, tentando manter a voz firme.
Ele se levantou, caminhando lentamente em minha direção. Cada passo era uma eternidade. O ar na sala parecia rarefeito, pesado com uma tensão que era quase insuportável. Ele parou a poucos centímetros de mim, a proximidade me sufocando. Eu podia sentir o calor do seu corpo, o cheiro do seu perfume, agora mais intenso, mais inebriante.
“Você está… diferente hoje, Ana”, ele disse, seus olhos percorrendo meu rosto, descendo para meu pescoço, meus ombros. “Mais… viva.”
Senti um rubor subir pelo meu pescoço. “Eu… eu estou apenas cansada.”
Ele sorriu, um sorriso que não era amigável, mas que me prendia. “Cansada? Ou excitada?” Sua mão se estendeu lentamente, e eu congelei. Seus dedos roçaram meu queixo, levantando meu rosto para encará-lo diretamente. O toque era leve, quase imperceptível, mas a sensação era de um choque elétrico.
“Você sabe o que eu quero, Ana, não sabe?” Sua voz era um sussurro, mas cada palavra era um martelo batendo na minha cabeça. “Eu vejo em seus olhos. A mesma fome que me consome.”
Meus lábios se entreabriram, mas nenhuma palavra saiu. Eu queria recuar, fugir, mas meus pés pareciam enraizados no chão. Havia algo nele, uma escuridão, um poder, que me atraía e me aterrorizava ao mesmo tempo. Era uma dança perigosa, e eu era uma marionete em suas mãos.
Ele se inclinou, seu rosto tão perto que eu podia sentir sua respiração quente em meus lábios. Sua mão desceu, lenta e deliberadamente, pela minha clavícula, parando no início do meu decote. O calor de sua palma queimava através do tecido da minha blusa.
“Você é minha, Ana. Sempre foi. Com um movimento lento e calculado expôs meu seio acariciou o bico, e quando notou a protuberância que denunciava minha excitação, seus lábios desceram. Ele chupou vorazmente meu mamilo, um som úmido e pecaminoso que me fez gemer, um gemido que eu não reconhecia como meu. Era uma mistura perversa de repulsa e uma atração estranha, quase imperceptível, mas inegável. O jogo de poder era evidente, e eu me sentia como uma presa encurralada, com meu caçador desfrutando da espera, do meu rendimento iminente. “Você tem um brilho, Ana. Algo que eu não vejo em mais ninguém.”
Minhas pálpebras tremeram, cedendo à intensidade do momento. Sua outra mão deslizou para a minha cintura, puxando-me para mais perto, nossos corpos quase se tocando. Senti a rigidez de seu corpo, a urgência palpável em seu toque. Minha respiração ficou presa na garganta, um nó apertado de pânico e… algo mais. Era errado. Totalmente errado. Mas a parte mais sombria de mim, aquela que eu não ousava admitir sequer para mim mesma, pulsava com uma expectativa assustadora. Eu me odiava por essa traição interna.
Ele se inclinou ainda mais, e seus lábios roçaram os meus, uma provocação agonizante. “Me diga, Ana. Me diga que você quer.” Sua voz era um rugido baixo e rouco, um comando disfarçado de pergunta, um desafio que prometia perdição.
O beijo veio, então. Avasalador, faminto. Seus lábios pressionaram os meus com uma força que me tirou o ar, e senti sua língua pedir passagem, invadir, tomar posse. Havia raiva, posse e uma paixão sufocada em cada movimento, em cada investida. Minhas mãos, contra a minha vontade, se agarraram aos seus ombros, não para afastá-lo, mas para me firmar, para me ancorar em meio ao turbilhão que ele criava em mim.
Enquanto seus lábios me subjugavam em um beijo voraz, Fernando movia suas mãos pelo meu corpo como se o reivindicasse. Senti o roçar de seus dedos pelas minhas costas, pela curva dos meus quadris, até que uma de suas mãos deslizou para a frente, pressionando com possessividade meu centro por cima da calcinha. A pressão era intensa, e a cada roçar, a fome que ele despertava em mim se tornava mais palpável, mais urgente. De repente, com um movimento rápido e inesperado, senti o tecido da minha calcinha ser afastado. Seus dedos encontraram minha pele quente e úmida, e um choque percorreu todo o meu corpo.
Eu estava tão molhada, a sensação era quase insuportável, uma antecipação dolorosa e deliciosa. Sentia-me tão inteira para ele, como se cada célula do meu ser clamasse por seu toque. Conforme ele me acariciava ali, com uma intimidade que me deixava sem fôlego, uma vontade incontrolável de rebolar, de me movimentar sob seus dedos, tomou conta de mim. Era uma necessidade física avassaladora, um desejo obscuro de me entregar completamente àquela sensação proibida. Cada toque era uma faísca que acendia um incêndio dentro de mim, consumindo qualquer resquício de resistência.
Minha mente gritava para parar, para resistir, mas meu corpo, esse traidor, respondia ao seu toque, à sua intensidade avassaladora. A sanidade se esvaía, levada pela correnteza do desejo proibido.
Era errado. Totalmente errado. Mas a parte mais sombria de mim, a que eu não ousava admitir, pulsava com uma expectativa assustadora. Eu me odiava por isso.
Ele se inclinou para trás quando notou que eu estava quase chegando ao clímax, seus lábios roçaram os meus. “Me diga, Ana. Me diga que você quer. Que eu te coma” Sua voz era um rugido baixo e rouco, um comando disfarçado de pergunta.
O beijo veio de novo, avassalador, faminto. Seus lábios pressionaram os meus com força.
Ele me empurrou suavemente contra a parede, seus dedos no meu clitóris, seu corpo prensando o meu, não deixando espaço para fuga. Minhas pernas fraquejaram, e eu me entreguei ao momento, um misto de medo e uma excitação perturbadora. Seus beijos desceram pelo meu pescoço, e eu arfei. Eu estava nas mãos dele, completamente à mercê de seus desejos, e a sensação era aterrorizante e, de forma doentia, libertadora. Ele me beijou, um beijo mais suave, quase um pedido, antes de se afastar um passo, seus olhos fixos nos meus, famintos.
“O relatório, Ana. Não se esqueça.” Sua voz voltou ao tom profissional, mas o brilho em seus olhos permaneceu, uma promessa silenciosa do que poderia ter sido, e do que ainda seria.
Saí do escritório cambaleando, a cabeça girando. A cena com Fernando havia me deixado exausta, mas também estranhamente… desperta. Ele era um veneno, mas um veneno que eu sentia que precisava. A atração por ele era uma mancha escura na minha alma, uma traição aos meus próprios princípios, mas era inegável.
O relógio marcava as horas, e a entrevista no Sétimo Céu se aproximava. O vestido preto agora parecia um uniforme, uma armadura para a batalha que eu estava prestes a enfrentar. Eu não sabia o que me esperava, mas a promessa de uma vida sem preocupações para minha mãe era o único combustível que me impulsionava. O mistério do clube, a sombra da máfia que eu sentia pairar sobre ele, tudo isso era assustador, mas a alternativa era a ruína.
Peguei minha bolsa, meus dedos roçando o cartão de Damien. Era hora. O Sétimo Céu me esperava. E eu estava pronta para me perder, se isso significasse salvar a única pessoa que eu amava.
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Atualizado até capítulo 23
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