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Na carruagem...
O pai de Karoll olha para ela com um sorriso radiante, seus olhos brilhando de orgulho.
— Minha querida filha, você estava tão magnífica hoje!— ele comenta, com um leve tremor na voz. — Estava quase chorando ao perceber que a minha bebezinha cresceu tão rápido…
Ao encontrar o olhar afetuoso do pai, Karoll sente um calor reconfortante se espalhar por seu peito, mas também uma pontada de tristeza ao perceber como o tempo passa rápido.
— Obrigada, pai, mas sabe que não gosto quando me chama assim, é meio infantil — ela diz, tentando esconder a emoção que ameaça transbordar.
— Mas você apenas tem um décimo de vida, então é uma criança, não? — comenta a Duquesa enquanto ajeita o vestido.
Karoll engole em seco, sentindo um aperto no peito ao ser confrontada com a realidade da sua juventude.
— Tem razão… — murmura, seu sorriso desaparecendo aos poucos.
— Então, papai, estou preocupada com o imperador. Não cheguei a vê-lo, mas mamãe falou que ele desmaiou no meio do baile. Ele está melhor agora?
As palavras de preocupação escapam dos lábios de Karoll antes que ela possa contê-las, sua voz trêmula revelando o medo que ela tenta esconder.
— Como sabe, o imperador já está um pouco 'velho'. A idade é cruel até mesmo para ele — responde o Duque com um suspiro pesaroso. — Quando fui para o quarto junto da imperatriz, o imperador estava tossindo sangue e gritando de dor em seu peito. Ele só gritava de dor e o nome da sua concubina. Aquela visão era aterrorizante.
O Duque olha nos olhos de Karoll com seriedade, compartilhando o peso da preocupação.
Ao ouvir aquilo, Karoll sente um frio na espinha, seu coração apertando com a angústia do desconhecido. Não sabe como lidar com a possibilidade de perder o imperador, nem com as consequências que isso poderia trazer.
— Você está dizendo que o imperador está morrendo e eu vou ter que me casar com um príncipe chorão? — Karoll responde, sua voz tremendo, as lágrimas ameaçando transbordar. — Não posso só herdar o seu título, papai?
— Me desculpe, filha, mas fiz esse acordo desde que nasceu. Não posso voltar atrás. É o imperador, meu melhor amigo.
Ao ouvir a resposta do pai, um misto de raiva e tristeza se mistura dentro de Karoll, sua mente girando com a injustiça da situação.
— Então está insinuando que o seu amigo é mais importante que a sua única filha?!
— Caso esse amigo for o imperador, a resposta é sim! — responde o Duque com uma tristeza resignada.
As palavras do pai caem sobre Karoll como uma tonelada de pedras, sua mente girando com a sensação de abandono e desamparo. Não sabe como reagir, apenas concorda com um aceno de cabeça, a dor silenciosa ecoando dentro dela.
A carruagem continua em um silêncio absoluto até a mansão do Duque, mas o peso das palavras não deixa espaço para mais nada.
No dia seguinte, Karoll é acordada pelos seus empregados para se arrumar para o novo dia.
Sua babá, a qual é muito próxima, entrega uma carta a ela, sussurrando em seu ouvido:
— Minha senhora, esta manhã chegou uma carta confidencial do Barão Gustav Elenorv. Achei estranho e logo vim aqui entregar a vossa alteza.
O coração de Karoll dispara com a perspectiva de uma distração da sua tristeza, mas também com o medo do desconhecido que ela representa.
Ela pega a carta com mãos trêmulas, a esperança lutando para se abrir caminho através da escuridão que a envolve.
"Minha cara amiga Lady Karoll Sentiny, não deu para nos despedir apropriadamente ontem do baile imperial, então queria que aceitasse as minhas humildes desculpas. Conhecer-te ontem foi a única coisa boa que aconteceu comigo durante o dia inteiro. Adorei também conhecer o outro lado da 'futura imperatriz', séria e forte, um lado fofo, engraçado e bondoso. Adoraria que nos encontrássemos novamente, mas acho que isso manchará sua reputação. Espero realmente que no futuro nos veremos novamente.
De seu belo amigo, Gustav Elenorv.”
Terminando de ler a carta, Karoll dá um pequeno sorriso no canto de sua boca, um lampejo de alegria surgindo em meio à tempestade emocional que a assola. Ela se senta em sua mesa para escrever uma resposta, a caneta tremendo em suas mãos enquanto ela luta para encontrar as palavras certas.
"Fiquei muito feliz em receber uma carta sua, meu 'belo' amigo Gustav. Suponho que é muito novo para ter um ego assim. Adoraria também saber mais de você, mas como mencionou, vai ser difícil nos encontrarmos novamente. Podemos combinar isso no próximo baile que acontecerá, se você puder comparecer.
De sua bela amiga, Karoll."
Depois de envelopar a sua carta, Karoll chama sua babá, pedindo para entregar a carta ao Barão sem que ninguém saiba.
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Alguns meses depois...
Na mansão do Barão, as coisas eram um pouco diferentes. Gustav não tinha permissão para sair e aproveitar o dia, restringido apenas a bailes ou à academia imperial. Por vezes, ele se aventurava em saídas secretas para receber e entregar cartas a Karoll.
Depois da primeira troca de cartas, vieram várias outras, cada dia com uma pergunta e resposta diferente. Também se passaram vários bailes, nos quais os dois combinavam encontros secretos para conversas íntimas ou brincadeiras divertidas.
Em um desses encontros escondidos, decidiram explorar o centro da capital em um dia de festival.
A cidade pulsava com energia, e Karoll e Gustav, vestidos de forma discreta para não serem reconhecidos como nobres, se maravilhavam com as novidades.
Gustav estava particularmente animado, nunca tendo presenciado um festival ou explorado o centro da capital. Karoll notou sua excitação e, com uma risada suave, comentou:
— Nossa, qual é o motivo de toda essa animação? Parece que nunca viu um festival, ha ha…
A expressão de Gustav se suavizou com a vergonha, e Karoll rapidamente mudou de assunto, apontando para uma apresentação próxima.
—Uau, você viu aquilo? O cara soprou fogo do nada! Vamos ver! — ela disse, agarrando a manga da blusa de Gustav e o puxando para o centro da multidão.
Passaram a tarde inteira mergulhados na atmosfera festiva, experimentando comidas e admirando as atrações.
À medida que a noite caía, dirigiram-se à praça para observar as pessoas dançando.
Gustav olhou para Karoll e a convidou para dançar. Com um sorriso contido, ela aceitou.
Ele colocou a mão em sua cintura e a puxou para mais perto, seus rostos a pouca distância um do outro, as bochechas coradas revelando a proximidade.
Dançaram ao som de várias músicas, compartilhando risos e conversas enquanto se moviam no ritmo da música. Após a última dança, se separaram e se cumprimentaram.
— Uau, você até que é um bom dançarino, vossa graça — comentou Karoll, impressionada.
Naquela instante, o céu se iluminou com uma explosão de cores e luzes, os fogos de artifício dançando em um espetáculo magnífico. Gustav, com os olhos brilhando de admiração, não conseguia desviar o olhar do espetáculo que se desenrolava diante de seus olhos.
A cada explosão, ele sentia uma emoção renovada, maravilhando-se com a beleza efêmera que se desdobrava no céu noturno. Mas quando seus olhos se encontraram com os de Karoll, sua admiração cresceu ainda mais.
O brilho radiante em seu rosto, a expressão de fascínio em seus olhos violetas, tudo isso mexeu com algo dentro de Gustav.
Um calor se espalhou por seu peito enquanto ele observava Karoll, percebendo que compartilhavam aquele momento especial juntos. Por um instante, eles se perderam um no olhar do outro, uma conexão silenciosa que os envolveu na magia da noite.
No entanto, logo se desviaram, suas faces coradas de vergonha diante da intensidade daquele momento. Gustav sentiu seu coração bater mais rápido, uma sensação estranha de excitação misturada com nervosismo. Aquele breve instante de conexão deixou uma marca indelével em sua mente, alimentando uma esperança tímida de algo mais entre eles.
— É... acho que já está tarde, temos que voltar para casa — disse Gustav, quebrando o silêncio.
— Está certo, tenho que estar em casa antes das luzes vermelhas se acenderem… — concordou Karoll.
Com um aceno de despedida, seguiram caminhos separados, mas o brilho daquela noite permaneceria vivo em suas memórias por muito tempo.
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Na mansão do Barão na capital...
Gustav entrou pela entrada dos empregados, seus passos ecoando pelos corredores vazios da grande residência. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, sua mente atormentada pelo pressentimento de que algo estava errado.
Ao chegar ao seu quarto e abrir a porta, um nó se formou em sua garganta ao ver a figura imponente de seu pai sentado em sua cama. Os braços cruzados sobre o peito denotavam uma postura séria, e ao lado dele estavam as cartas que Gustav recebia de Karoll.
— Você pensou mesmo que poderia esconder os seus encontros secretos com a noiva do príncipe herdeiro? — a voz do Barão ecoou na sala, carregada de desapontamento.
Gustav imediatamente se ajoelhou diante do pai, as lágrimas começando a escorrer por seu rosto.
— Por favor, perdoe-me, pai, perdoe-me por esconder isso de você! Eu nunca mais vou fazer isso de novo! Pode punir-me da forma que quiser, mas por favor, não conte nada ao imperador ou à imperatriz. Não quero que a reputação de Karoll seja arruinada. — Gustav soluçava, suas palavras mal conseguindo escapar entre os soluços enquanto ele implorava pelo perdão do pai.
O Barão observou seu filho com uma expressão pensativa antes de finalmente responder.
— Uau, pelo visto vocês dois se importam um com o outro. Desde quando estão se encontrando?
— Desde o primeiro baile do príncipe herdeiro.
Um sorriso malicioso apareceu nos lábios do Barão enquanto ele cruzava os braços.
— Hahahaha! Então são meio que amantes. Vejo que puxou o seu pai…
— Pai, pelo amor de Deus! Somos apenas crianças. Não temos esse tipo de relação. Somos apenas amigos. Posso ter treze anos, mas nunca ousei pensar nela dessa forma. Isso seria o mesmo que trair o Império.
O Barão levantou uma sobrancelha, ponderando as palavras do filho.
— Então ainda pensa na honra dela mesmo se encontrando "escondido" com ela. Se bem que a sua relação com ela pode beneficiar a nossa família no futuro… — ele murmurou, seu tom indicando um plano ardiloso em gestação. — Já sei! Você pode fazê-la se apaixonar por você e, depois, ela poderá elogiá-lo ao imperador, fazendo com que nossa família ganhe o respeito merecido na sociedade. No futuro, você poderá até mesmo se tornar o braço direito do Império! Sim, isso é uma grande oportunidade!
As palavras do pai caíram sobre Gustav como um balde de água fria, fazendo-o sentir como se o chão estivesse se abrindo sob seus pés. Ele se levantou abruptamente, uma mistura de raiva e indignação borbulhando dentro dele.
— Você é realmente um idiota!? — Gustav explodiu, sua voz carregada de fúria contida. — Eu nunca me aproveitaria da amizade de Karoll para me beneficiar ou ajudar nossa família. Eu preferiria apodrecer na pobreza extrema do que traí-la!
O Barão arregalou os olhos, surpreso com a fúria repentina de Gustav. Antes que pudesse reagir, Gustav avançou e agarrou o pescoço do pai com um ódio feroz brilhando em seus olhos.
— De onde veio essa força? — o Barão respondeu, entre a surpresa e a incredulidade. — Parece que o meu querido filho se apaixonou e está ficando louco.
Gustav percebeu o que fez e largou seu pai, sua raiva diminuindo à medida que a gravidade do que acabara de acontecer se instaurava em sua mente.
Segundos depois, o pai de Gustav desferiu um soco na barriga do filho, derrubando-o no chão com um golpe duro e impiedoso.
O Barão continuou a golpeá-lo, sua raiva se manifestando em cada golpe desferido. O ar fugiu dos pulmões de Gustav enquanto ele se encolhia no chão, incapaz de se defender diante da fúria do pai.
— Espero que você aprenda a se dirigir ao seu pai daqui para frente!
— Me perdoe, pai. Eu não me controlei. Nunca mais irei fazer isso de novo. — Gustav falou, olhando para o chão com um misto de vergonha e desprezo.
— Tanto faz! A sua punição será ir para guerra que ocorrerá daqui a um mês, ficando ao lado do príncipe herdeiro. Você irá protegê-lo e, nesse tempo, tentará conquistar a confiança dele e arriscará a sua vida pela dele. Seu treinamento ficará mais pesado a partir de amanhã! Não me decepcione!
Depois que o Barão saiu, Gustav estava tomado por uma mistura avassaladora de emoções.
Sentimentos de raiva, frustração e tristeza se agitavam dentro dele, clamando por uma liberação. Sem pensar duas vezes, ele começou a quebrar tudo em seu quarto, cada objeto se tornando alvo de sua fúria contida.
Cada som de vidro se partindo e móveis se quebrando era como um grito de desespero ecoando no vazio do quarto.
Quando finalmente não restava mais nada para destruir, Gustav sentou-se ao lado da janela, seu peito ainda apertado pela dor que o consumia por dentro.
Ele olhou para a lua, sua luz fria e distante refletindo a solidão que o envolvia. Mas, ao olhar para ela, sua mente involuntariamente voltou-se para Karoll e seu sorriso encantador.
As lembranças da jovem lady trouxeram à tona uma dor ainda mais profunda, uma sensação de perda iminente que o sufocava. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, silenciosas testemunhas de sua angústia e desespero.
Gustav chorou por toda a madrugada, lamentando a possibilidade de nunca mais vê-la novamente, seu coração partido pela incerteza do futuro.
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Um mês depois...
Karoll ficou preocupada por não receber mais cartas de Gustav. Ela temia que alguém tivesse descoberto seus encontros e decidido pôr um fim a eles. Preocupada, optou por não enviar mais cartas também, temendo o pior.
Chegou o dia da partida do príncipe para sua primeira guerra, e, como tradição, Karoll tinha que se despedir de seu noivo.
— Filha, você pegou o lenço? — perguntou o pai de Karoll.
— Peguei, pai. Afinal, estou indo só por ele, não é mesmo? — respondeu Karoll, com um toque de sarcasmo em sua voz.
— Hoje você tem que agir como se gostasse do príncipe. Ninguém pode perceber que temos uma relação não muito boa…
— Eu sei, pai. Só queria voltar logo para casa, para o sul... Após terminarmos as coisas aqui na capital, podemos voltar para casa?
O Duque sentiu pena de sua filha. Tudo o que desejava era que ela encontrasse a felicidade.
— Eu prometo, Karoll! Vamos voltar para casa ainda nesta primavera!
Chegando ao castelo imperial, uma multidão se reunia, cavaleiros se despedindo de suas famílias, esposas com suas crianças chorando, entre outros. Karoll odiava aquela atmosfera triste que pairava sobre o lugar.
Ela desceu da carruagem e entrou no castelo para se despedir do príncipe.
No momento em que entrou no salão, uma multidão de nobres estava reunida, ávida para observar a dinâmica entre ela e Gilbert. Karoll achou aquilo completamente desnecessário.
Ela desceu as escadas com um pouco de vergonha até chegar ao portão principal do castelo para se despedir de Gilbert.
Lá estava ele, esperando-a no portão, com sua armadura dourada e detalhes prateados, parecendo um pouco engraçado devido ao seu físico pequeno, já que tinha apenas doze anos.
— Saudações, príncipe herdeiro do Império Gilbert Quátez. Estou bastante triste com a sua partida — disse Karoll, tentando manter a compostura.
Com um olhar radiante, Gilbert respondeu:
— A honra é minha, Duquesa Karoll. Também estou triste por não ter passado mais tempo com você desde o dia em que nos conhecemos. Mas prometo que, quando voltar da guerra, farei questão de marcar vários encontros para nós nos conhecermos melhor.
Karoll deu um leve sorriso para o príncipe, entregando-lhe o lenço com o símbolo imperial.
— Fiz este lenço para você sempre levá-lo em algum lugar nesta armadura, para não me esquecer jamais.
Gilbert aceitou o lenço e guardou em seu bolso.
— Muito obrigado. Nunca esquecerei da beleza e bondade da minha noiva.
Então, o príncipe se aproximou e deu um beijo na bochecha de Karoll, surpreendendo-a. Karoll e toda a multidão ao redor ficaram chocados com o gesto.
Depois de um momento, Karoll se afastou um pouco e falou timidamente para Gilbert:
— Espero que volte em segurança, Vossa Alteza Imperial.
Gilbert sorriu e subiu em seu cavalo, partindo enquanto olhava para trás. Karoll observou os nobres gritando suas despedidas e, ao virar-se novamente para frente, viu Gustav ao lado do príncipe, partindo para uma guerra que poderia durar oito longos anos.
Percebendo a presença de Gustav ali, Karoll compreendeu que algo havia acontecido e que só saberia se Gustav voltasse vivo.
Ela passou todos os dias na esperança de que ele retornasse em segurança…
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Atualizado até capítulo 70
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