Farejando Sangue

    Três dias e nenhum sinal de mago ou Rischter, ele não veio atrás de mim… Cheguei na região onde supostamente está os Trimegisto, Caeté, tenho uma mata grande para procurar, mas por algum motivo percebo um aroma familiar, sangue, talvez de um animal morto, mas farejo sangue pelo caminho nesta tarde no meio da mata, estou farta de ter que me alimentar com animais e água de qualquer fonte, quero logo que isso acabe para eu poder descansar.

    Descansar? Penso comigo mesmo, e onde irei descansar se não tenho lar? Com quem se não tenho para quem voltar? Sinto um arrepio como se fosse um abraço e me lembro de Rischter, quanto mais eu tento esquecer, mais penso nele, naquele beijo ‘caliente’, se concentra Igraine, vamos lá.

    Sinto que encontrarei aquele mago, mas tenho uma carta na manga dessa vez, algo que me fará ter vantagem na luta se ele vier.

    Por horas percorro essa floresta até chegar em um corpo morto no chão diante de um portal aberto, minhas pernas tremem ao me deparar com a cena e me debruço sobre o cadáver.

- Mick! Por que você está aqui e quem fez isso?

    Lágrimas como cachoeira escorriam pela minha face e corpo, aquele era um de meus irmãos de sangue, um que vivia grudado em mim. Quem quer que tenha feito isso sabia que eu chegaria ali e tinha conhecimento de que aquele era meu irmão mais chegado a mim. Não sei quem é, no entanto, conseguiu me abalar o suficiente para pensar apenas na vingança.

    Começo a cavar naquela terra para fazer uma cova para Mick, não vou largá-lo aqui. Minha família…

    Lembro-me de quando ele fazia presentes entalhados em madeira para mim, todo aniversário eu ganhava um, ele sempre estava comigo por onde eu ia, até pensaram sermos namorados, ha, ha, ha. Se bem que ele era tão grudento que até me descobriu quando fiquei com Leon, mas que mistura de vergonha e raiva eu senti naquele dia…

    Após cavar uma cova e enterrar Mick, me levanto e cruzo o portal propositalmente aberto, acho que voltei no mundo mágico.

    Diante de uma escadaria, começo a subir. O solo aqui tem terra preta, tochas iluminavam o local, havia musgo pelos degraus e as árvores tinham suas folhas secas ou apenas galhos secos amostra. Mas que lugar fúnebre! Alcanço uma grande porta de madeira trabalhada, mesmo que eu quisesse entrar de forma sorrateira, não conseguiria, com o ranger que essa porta fez, até a pessoa no sono mais profundo despertaria. Chego a um salão escuro e procuro por alguém.

- Espero que tenha gostado da minha recepção Igraine.

    Uma voz masculina que ecoava por toda parte e reverberava pelos tetos daquele imenso lugar, o eco estava atrapalhando, mas parecia ser uma voz familiar.

- Quem está ai?

- Oh\, não sabe quem sou\, mas que pena? Você sabe do que um Alfa Genuíno é capaz?

- Por que não aparece diante de mim? Garanto que vai descobrir.

- Com um ritual mágico\, o sangue de um Alfa Genuíno pode dar poder\, muito poder concentrado em uma relíquia mágica capaz de destruir pessoas apenas com um simples toque. Aliás\, o sangue de um por si só pode salvar a vida de um companheiro prestes a morrer.

- Então é disso que se trata? Por isso deseja minha vida e de meus sete irmãos seu mago maldito!? Quanto poder você terá com oito Alfas Genuínos?

- Não se engane Igraine\, preciso apenas de sete vidas\, a minha própria vida eu não irei tirar minha cara irmãzinha.

    Ele finalmente apareceu, Leonardo, o primogênito, meu irmão mais velho, não acredito que ele fez aquela atrocidade contra a própria família apenas para ter uma relíquia de poder, eu não estou acreditando nisso.

- Lêh! Como isso é possível? Foi você quem orquestrou tudo?

- Não\, não\, mas eu fui atraído pela ideia de poder mana\, um poder que me fará forte o suficiente para estar acima de cada alcateia e cada ser humano existente\, o poder absoluto\, hu\, hu\, ha\, ha\, ha\, ha...

- Desde quando você planeja isso?

- Ora\, e desde quando você achou que eu não planejava mana? Desde quando pus os pés neste mundo eu desejei o poder supremo e estava disposto a tudo\, nossos pais até tentaram me aprisionar me disciplinar com a magia de Ur e dos magos\, então me contive por alguns anos aparentando ser o bom irmão e esquematizei tudo na surdina.

- Não acredito nisso\, você que sempre me ajudava e sempre estava presente\, todo aquele tratamento bom era fachada?

- Não era\, eu cuidava de vocês\, pois era meu desejo fazer aquilo\, eu precisava dar carinho\, era dever meu tratar bem meus preciosos sacrifícios\, ha\, ha\, ha\, afinal de contas se algo acontecesse com algum de vocês\, meu plano estaria perdido\, por que você acha que nasceram tantos alfa genuínos? Já é um milagre nascerem dois. Foi tudo orquestrado pelo Concil dos Magos a fim de finalizar esta magia.

- Como assim? O que eles fizeram?

- Nossos pais gerariam apenas dois herdeiros\, depois disso o útero da mamãe secaria\, já estava velha\, então um mago do Concil a enfeitiçou\, eles concordaram com o plano de fazer mais Alfa Genuínos\, então uma magia rara e manipuladora fez nascer mais seis descendentes\, pode-se dizer que você só existe devido ao Concil dos Magos. Mas o que nossos pais não sabiam\, era o plano real\, pois vocês não passavam de porcos para o abate\, ha\, ha\, ha.

- Já chega de conversa! Esteja preparado para as consequências!

    Meus olhos provavelmente já estavam vermelhos quando começo a correr em sua direção. Três ataques meus são esquivados, outros lobos chegam ao local, são sete, não há magos a vista ainda, mas sinto cheio de magia.

    Num piscar de olhos todos se tornam Crinos, porém as transformações minha e de Leonardo são os maiores, por sermos genuínos.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!