Capítulo 15

Eliza Fitzy narrando:

Corro enquanto peço para segurarem o elevador, ao entrar suspiro por não ter que esperar o mesmo descer novamente, quero logo chegar no meu apartamento para tomar um banho e descansar.

Sinto pequenos bracinhos abraçarem minhas pernas e ao olhar para baixo, vejo que era Malu. Olho para a pessoa que estava com ela e noto o olhar de Madison sobre mim

— Oi! — sorriu para ela.

— Oi. — diz ela desviando o olhar.

O que está acontecendo com ela?

— Você está bem? — pergunto.

— Estou. — diz. — e você?

— Também estou. — falo. — Oi pequena.

— Oi, tia Eliza. — diz Malu se afastando de mim e sorrindo. — mamãe comprou pipoca e doces, e vamos comer assistindo filme, quer assistir com a gente?

Olho para Madison, a mesma nega me olhando.

Ela não quer que eu vá, ela está estranha, e está me evitando. Isso significa que aconteceu alguma coisa, mas eu não sei o que é.

— Eu vou, gosto de assistir filmes. — falo. — ainda mais quando tem pipoca.

— Eu também. — diz ela. — vai ser nossa festa do pijama. Só eu, você e a mamãe.

— Vai ser divertido. — falo olhando para a Madison que me olha um pouco brava.

O que fiz para ela estar agindo assim comigo?

Não tenho mais tempo de estar com ela, pois o elevador se abre e logo Madison sai puxando Malu pelo braço. Aceno para Malu que acena de volta falando que nos vemos a noite. Sorriu saindo do elevador e seguindo até meu apartamento onde tomo um banho e visto uma roupa moletom super confortável.

Fico no meu apartamento de bobeira, apenas deitada vendo vídeos no celular enquanto chega o horário de ir até o apartamento da Madison. Meu plano era chegar em casa, tomar banho e dormir. Agora estou prestes a ir até a casa da Madison assistir filmes e comer pipoca com ela e sua filha, e quem sabe até descobrir o que está acontecendo com ela, e o que a está fazendo ficar estranha na minha presença. Enfim, planos mudam.

Quando vejo que já são oito horas, saiu do meu apartamento e paro de frente a porta do apartamento vizinho, respiro fundo antes de dar três batidas e esperar alguém vir me atender. A porta se abre e uma Malu toda animada e de pijama de unicórnio pula em cima de mim, me abraçando.

Sorriu abraçando ela de volta, a mesma se afasta e me manda entrar, ela fala que sua mãe está na cozinha terminando de fazer a pipoca. Ando até o sofá e me sento, com Malu ao meu lado. Depois de alguns minutos a Madison aparece com um baldinho de pipoca, igual aqueles de cinema.

Mads para quando me ver, ficamos nos encarando por alguns segundos, mas logo quebramos nosso contato visual quando a Malu corre até sua mãe e pega a pipoca. Madison anda até o sofá e se senta ao meu lado, fico um pouco nervosa ao ter sua presença tão perto de mim, parecia que eu estava sentido o calor do seu corpo, e nem estávamos tão próximas assim.

Madison coloca o filme e nos acomodamos para assistir, era um filme de princesa, uma princesa negra e um sapo, gostei.

— A Tiana é minha princesa favorita. — diz Malu. — ela é igualzinha a mim.

— A Malu adora a princesa e o sapo, e a Tiana por ser negra, faz minha filha se sentir representada. Todas as outras princesas são brancas, loiras, às vezes tem os cabelos escuros, mas sempre tem a pele clara, e como dizemos, são o padrão da sociedade. Um padrão bem tóxico e preconceituoso. — diz ela.

— Você é uma mãe incrível. A Malu tem sorte de ter você. — falo vendo ela abrir um lindo sorriso.

— Eu que tenho sorte de ter ela. — fala. — A Malu é minha princesinha.

— Silêncio. — diz Malu concentrada no filme.

Olho para a Madison e sorrimos, logo voltamos nossa atenção pro filme.

[...]

Quando o filme acabou, Madison subiu com Malu para o quarto, a pequena menininha já dormia pesadamente. Fiquei sentada esperando Mads voltar, o que demorou alguns minutos. Quando ela apareceu na sala, ficamos nos encarando, a mesma andou e se sentou ao meu lado.

— Sobre sexta a noite... — começo a falar mais ela me interrompe.

— Não precisa falar, ninguém irá saber. — diz ela.

— Mads... você sabe como é difícil para mim... — novamente ela me interrompe.

— Não é difícil, você que dificulta as coisas. — diz ela. — Você tem medo do que as pessoas irão falar, por isso você nunca irá ser feliz, porque você tem medo das pessoas te julgarem.

— Madison, me ouve. — falo fazendo ela ficar quieta e me encarar. — eu sei que depois daquele momento no banheiro eu agi estranho... mas é que eu... eu sou complicada.

— Espera, e sobre o que aconteceu depois? — pergunta.

— O que aconteceu depois? — pergunto confusa.

— Você não lembra? — pergunta.

— Lembrar de quê? — pergunto. — a última coisa que me lembro daquela noite foi de me acabar de beber no bar enquanto você dançava na pista com a bunda quase a mostra.

— Depois disso, você não lembra de mais nada? — pergunta.

— Não, aconteceu alguma coisa? Eu te fiz alguma coisa? — pergunto.

— Não... você não fez nada. — diz baixando o olhar e andando em direção à porta.

— Madison... me fala. — peço. — se eu fiz alguma coisa de ruim com você, eu quero saber para poder consertar.

— Você não fez nada. — diz abrindo a porta. — já está ficando tarde, eu quero dormir.

Ando até a porta e paro na sua frente. Levanto seu rosto com meu dedo e faço ela me olhar nos olhos, os mesmos estavam marejados.

— Madison, por favor. — imploro.

— Não foi nada, pode ir embora agora. — diz olhando pro corredor. Abaixo a cabeça e sorriu tristemente, assim ando até o corredor e olho uma última vez para ela, antes dela fechar a porta rapidamente.

Entro no meu apartamento e suspiro, passo as mãos no cabelo com raiva e solto um grito de frustração.

— Droga, por que não lembro de nada? — Passo as mãos pelo cabelo. Eu tenho certeza que aconteceu algo, mas por que ela não quer me falar?

Frustrada, subo para meu quarto onde me jogo na cama. Fico perdida nos meus pensamentos, logo adormeço devido ao horário e o cansaço do dia exaustivo que tive.

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