Tinha tubos no meu nariz. Um barulho chato do aparelho médico apitando o tempo todo. Médico? Eu estou no hospital? Tento abrir os meus olhos, o corpo estava pesado. Se eu tomei alguma anestesia, o efeito já estava passando. Levei minha mão até o rosto, e tirei o pequeno tubo do meu nariz, respirando livremente. A luz do sol passava a janela ardia meus olhos.
- Quem deixou essa porra aberta?
- Katarina! - Diz meu pai, que corre até mim, abraçando e chorando. - Fiquei tão preocupado com você!
- Oi pai. Desculpa, eu ia te ver assim que chegasse em casa.
- Por que foi para cima deles? Eu te ensinei que lutar e apenas para se defender em casos extremos!
- Foi um caso extremo. Nenhum deles estava armado, só o último mas isso foi uma surpresa. Eu lutei para me defender, e também evitar que as pessoas fossem roubadas ou machucadas.
- Isso poderia ter custado sua vida! Como eu ficaria? Um dia morre minha filha, no outro minha outra filha? Katarina isso acaba comigo!
- Desculpa pai.
É, eu realmente não tinha pensado nisso.
- Você não tem com o que se desculpar. - Minha mãe interrompe entrando no quarto. - Rovier, foi você quem incentivou nossa filha a fazer aulas de karatê, Taekwondo e box quando criança. Você sabe do temperamento dela. Saiba mina filha, que apesar da minha preocupação por sua vida, estou feliz por ter feito algo em uma situação como aquela. Os deuses apreciam sua bravura.
- Obrigada mãe.
Precisei levar um tiro para rever meus pais. Que perfeita filha eu sou. Devo ficar menos de três dias aqui. Para a minha sorte, a bala não acertou nenhum lugar de alto risco. Vou ficar de castigo por um tempo. Minha mãe orou para Odin e Freya, afim de acelerar meu processo no hospital. Mamãe e descendente de Noruegueses, ela foi ensinada sobre os deuses nórdicos, os apreciam desde nova, e me ensinou tudo. Meu nascimento, foi previsto por um vidente, que dizia que eu seria uma criança adorada pelos deuses. O engraçado e que, para grande ironia, eu gostava muito do Deus Loki, o deus da mentira e trapaça.
Já estava a anoitecer. Era hora de alguém vir dar meus medicamentos. Mamãe tinha que ir para casa, tomar um banho e preparar as coisas para trabalhar no dia seguinte. Ela não viria mais aqui hoje. Meu pai ainda estava louco de preocupação, saiu para comprar lanches e frutas escondidas para mim. Ele ainda estava em luto, então ficará fora do trabalho por um tempo. Me deixaram livros. Não gosto de ler. Mas tinha cruzadinhas, sudoku e caça-palavras. Essa noite eu me acabava nessas revistas.
- Pessoas ignorantes, rudes. 6 letras...
- Idiota? - O enfermeiro entra no meu quarto.
- Ahh. Quase.
- Xucras?
- Isso! Nunca tinha ouvido essa palavra.
- Você continua fazendo palavras cruzadas sem saber um pingo de dicionário.
- Hum?
Me assustei. O enfermeiro continuava e trocar o soro, e separar os medicamentos. Estavam de costas, não dava para saber quem era. Mas aparenatava me conhecer. Pensei em diversas formas de furar a mão dele com a caneta caso ele tentasse me fazer algo.
- Quem e você?
- Eu queria que você olhasse para mim e me reconhecesse. Mesmo fazendo tantos anos que não nos vemos. Quando vi seu nome na ficha médica fiquei em dúvida se era realmente você. Quando vim fazer os cuidados depois dos exames do médico, tive a confirmação. Eu fiquei feliz em te ver de novo, Katarina.
Finalmente se vira de forma que eu possa ver seu rosto. Tive um susto enorme. Os olhos azuis claros eram os mesmos, seu cabelo, meio ondulado em tom caramelo. Ele estava maior, mais alto e forte. Rosto fino, diferente do que eu conhecia. Meu coração chegou a palpitar naquele momento.
- Darwin... É mesmo você?
- Fico feliz que me reconheceu. - Ele chegava perto me mim com os remédios na mão e um copo de água na outra. - Aqui os seus remédios. Tenho tantas perguntas...
- Eu também tenho. Muitas. - Viro todo o copo na boca. - Por que foi embora daquele jeito? Você nem se quer falou comigo.
- Ahh, isso... me desculpa. Depois que brigamos achei que você não queria me ver mais. Quando te fazia as cartas e jogava na sua janela com o aviãozinho de papel, você não respondia. Me ignorava na escola e não via minhas mensagens. Meu pai tinha que mudar de cidade outra vez. Então, eu fui.
- Eu...
- Não tem que se desculpar, tem razão de ficar chateada comigo.
- Eu senti muito a sua falta quando você se foi. Me senti um lixo por ter brigado com você. Eu ainda... gostava muito de você - lágrimas começam a cair dos meus olhos.
- Eu... Amava muito você.
- Deixou completamente de sentir isso por mim?
- Katarina, se passou muitos anos...
- Responde! - Me levando agressivamente puxando a agulha do soro do meu braço. - Eu te odiei. Juro Darwin eu te odiei por ter partido sem me falar nada! E me odiei por ter discutido com você!
Minhas pernas fraquejam e eu caio no chão. Estava tonta. Olhava embaçado. Darwin veio tentar me levantar e eu o puxo para o chão. Fazendo o me encarar. Ele estava com os mesmo olhos que eu. Perdidos e molhados. Ainda tonta, eu o puxo pela gola do seu uniforme de enfermeiro e beijo. Intensamente, com gosto, vontade e desejo. Um beijo que demorei anos para provar novamente, jurei que ele me empurraria e me xingasse, ou qualquer outra coisa. Mas ele retribuía meu beijo. Aquilo me deixará tão feliz. Nós afastamos, com faltar de ar. Minha visão foi ficando mais turva e meu corpo cada vez mais mole. Fui caindo aos poucos. Senti Darwin me pegar no colo e me colocando na cama, com a agulha do soro de volta ao meu braço. Não escutava bem. Ele parecia muito preocupado. Pegou outros gazes limpos na gaveta e pôs no meu abdômen. A ferida tinha aberto novamente. Desmaiei, e minha última visão foi ele beijando meu rosto.
Acordei, já era de manhã. Estava deitada na cama, tudo normal. As memórias da noite anterior vieram com tudo em minha mente. Olho para meu braço, dois furos na agulha de soro. O lixo estava limpo, mas o curativo na minha barriga eram novos. A maçaneta fizera um barulho, alguém entraria. Torci para que fosse Darwin.
- Senhorita Vanklaus. Que bom que acordou.
- Quem é você?
- Sou sua enfermeira, me chamo Marlia.
- Não, não, não. Darwin, o nome do enfermeiro que cuidou de mim era Darwin. Cadê ele?!
- A senhorita deve estar confusa. Nenhum enfermeiro chamado Darwin esteve aqui.
- Sim estava! Eu sei. Eu, eu tinha me levanto aí, eu... desmaiei?
- Sim, você desmaiou. A senhorita caiu da cama tendo delírios, arrancando o soro e abrindo a ferida outra vez. Cuidados de você. Mas não tinha nenhum Darwin.
Tinha algo de errado. Eu o vi! Eu o beijei! Como ele Não esteve aqui? Fiquei com isso na cabeça, eu não tinha dado nenhum delírio. Minha certeza, era a palavra cruzada que eu estava respondendo quando ele apareceu. Depois dos três dias, pude finalmente ter alta. E procurei pelo nome dele em todo o hospital. Mas todos diziam que não tinham nenhum Darwin ali. Mas sabia que eles mentiam. Seu olhar e desconfiança mostravam isso. Voltei para casa, ainda me recuperando, queria encontrá-lo de novo.
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