Confusão

(Se puder, escute a música, Nasci pra te amar, Henrique e Juliano.)

Pedro

Seguro na sua mão, e começo a percorrer o caminho indo em direção a saída. Descemos as escadas, quando olho para trás, Isabela está com os olhos vermelhos, e as lágrimas rolando pelo seu rosto. Sem pensar, a puxo para os meus braços, ficamos parados, sentindo as batidas dos nossos corações, ouvindo a música tocar, Nasci pra te amar, Henrique e Juliano:

"Eu nunca fui de escrever cartas

E nem de mandar flores.

Eu que já tive em minha vida

Milhões de amores

É a primeira vez que eu não sinto

Meus pés no chão

Fiquei perdido quando vi

O seu olhar no meu

Quase que fiquei louco

Querendo um beijo seu

Senti dentro do peito

Bater forte o coração.

Mas era cedo...

Pra me declarar

Fiquei com medo

De você duvidar

No outro dia tive a sorte

Te encontrei de novo

Falei desse amor que é lindo

Mais é perigoso

Quando se ama alguém que não

Quer se apaixonar

Mas vi você sorrindo

E o medo desapareceu

Notei que o amor da sua vida

Era eu

Então te dei um beijo

E fiz você acreditar...

Que eu nasci pra te amar. Que eu nasci pra te amar"

Isabela se afasta um pouco, me olhando nos olhos. Tomo a iniciativa, enquanto estou com uma das minhas mãos na sua cintura, com a outra, limpo a lágrima que rola pelo seu rosto. Ficamos nos olhando nos olhos por alguns minutos, parece que o tempo parou, estou com uma vontade imensa de beija-lá, quando penso em realizar esse desejo, observo o mesmo homem que estava no camarote, vindo na nossa direção. Não sei o que deu em mim, aproximo os nossos lábios, tomando a sua boca num beijo calmo e gostoso.

Nos beijamos, aproximo a minha testa da sua, dando mais um selinho, a puxando para os meus braços novamente. Ela não viu o homem vindo atrás dela, tenho a impressão que ela a fez sofrer muito. Talvez, ela não aprove o que acabei de fazer, quando vi ele vindo, porém, não foi apenas por isso que a beijei, estava querendo muito isso, há dias.

Derrepente, sinto o lado esquerdo do meu rosto arder, Isabela me dá um tapa bem forte.

— Eu não sou esse tipo de mulher que você pensa que sou.( Ela fala e sai correndo em meio a multidão, e eu, corro atrás dela.)

Isabela

Quando vi Robert com Patrícia, quis sair correndo daquele lugar. Eu não o amo mais, mas, dói saber o quanto fui cega. Durante o tempo em que me dedicava, fazia planos para nós, ele estava com ela, as vezes penso que fui a culpada,

Peço Pedro para me tirar dali. Ele pega em minha mão, sinto uma corrente elétrica passar pelo meu corpo. Como sou azarada, estou gostando de um homem que já tem dona, mas, ao contrário de Patrícia, eu nunca serei a causa da destruição de um compromisso.

Descemos as escadas, Pedro me olha de uma forma diferente, derrepente, ele me abraça, eu precisava disso, não consigo conter as lágrimas.

Nos afastamos, mas, ele ainda permanece com uma mão na minha cintura, enquanto limpa uma lágrima que cai em meu rosto, e sem esperar ele me beija, eu perco a razão e retribuo o beijo.

Os seus lábios macios nos meus, o cheiro do seu perfume, a sua pegada forte na minha cintura, enquanto a sua outra mão está em minha nunca. O tempo parece parar, por alguns minutos, eu esqueço de tudo. Ele me abraça, e quando saio do meu transe, o que estou fazendo? Não, não, não! Estou agindo igual a Patrícia... Sem pensar, dou um tapa forte no seu rosto.

— Eu não sou esse tipo de mulher que você pensa que sou!

Saio correndo, para o mais longe possível. A multidão serve como ajuda, fica difícil o Pedro me encontrar no meio de tantas pessoas. Consigo chegar até o meu carro, sentindo um misto de emoções, saio daquele lugar, indo em direção ao meu apartamento.

Tomo um banho demorado, tentando esquecer essa noite, mas, vai ser mais complicado do que imagino.

Pedro

Após procurar Isabela por todos os lados, não consegui encontrá-la. Disco o seu número, ligo várias vezes, não tenho resposta. Então, envio uma mensagem, preciso saber pelo menos, se ela ainda está aqui na festa, ou, foi para casa.

— Me perdoa pelo beijo, não queria ter te deixado dessa forma. Por favor, só preciso saber se você ainda está aqui, se está segura. Não vou conseguir voltar para casa, sem saber se você está bem. Responde por favor.

Alguns minutos depois, ela visualiza, e responde apenas com uma frase.

— Estou em casa.

Pego a minha moto e acelero em direção ao apartamento. A minha cabeça está uma confusão. Eu a beijei, ela correspondeu, parecia querer isso tanto quanto eu, o que eu fiz de errado?

Ao chegar, tiro a minha jaqueta, sento-me no sofá, tentando absorver o que aconteceu, quando a companhia toca, abro a porta, me deparo com Bianca, vestida um sobretudo. Ela entra sem pedir permissão.

— Bianca...

— Você voltou cedo, não está com ninguém, isso quer dizer que ainda existe chance para nós.(Ela fala tirando o sobretudo, ficando apenas com uma lingerie vermelha.

— Bianca, não force mais a barra. Agente não tem mais volta, acabou.

— Você não sente mais nada por mim? Nem desejo?(Ela fala se aproximando, tentando beijar-me.)

— Suas atitudes me fazem sentir tudo, menos desejo.(Falo a afastando.)

— Não pode me rejeitar dessa forma!

— O rejeitado aqui fui eu! E quer saber, aprendi a lição! Não tem mais volta! Não quero ser grosso com você, mas, está me obrigando a isso. Se não sair agora, vou ter que usar a força.

— Você vai se arrepender dessa atitude, Pedro! Um dia vai implorar pelo meu amor.(Ela fala saindo, batendo a porta com força.)

Por que as mulheres têm que ser tão complicadas? Bianca me rejeitou, e agora que não a quero mais, vive correndo atrás de mim. Enquanto a mulher que eu gosto, e pensei sentir o mesmo por mim, me bateu por ter lhe dado um beijo.

Preciso conversar com Isabela, vou pedir a ajuda da Luana. Quero saber porque ela agiu assim, se foi apenas por causa do beijo, preciso me desculpar. Amanhã vou me encontrar com ela, nem que para isso, precise ir em seu trabalho, ou, em sua casa.

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