Culpada

Pedro Silva

Em mais um dia normal de trabalho, estou virando a esquina, próxima ao restaurante onde trabalho de garçom, quando derrepente, escuto o barulho de um carro freiando bruscamente, e quando dou por mim, sou arremessado.

Tudo foi muito rápido, sinto uma forte dor nas costas, no braço, e minha cabeça, dói bastante. Duas moças saem do carro desesperadas em minha direção.

Não posso morrer, os meus pais dependem de mim. Meu pai é diabético, vive numa cadeira de rodas, por um acidente que sofreu a cinco anos. A minha mãe fica em casa cuidando dele, a aposentadoria que recebe, serve apenas para comprar os remédios, mal dá para a alimentação, preciso continuar a trabalhar para ajudá-los, não posso morrer.

Uma mulher se aproxima de mim, olho para ela, parece um anjo, seus olhos são lindos, escuto ela falar algumas palavras, que vai ficar tudo bem. Os meus olhos estão pesados, não consigo permanecer acordado, e então, perco a consciência.

...Pedro Silva...

Isabela

Luana recobra a consciência, e juntas, seguimos a Ambulância até o hospital. Ele é encaminhado para a emergência, enquanto ficamos aguardando aflitas.

Ligo para a minha secretária, peço para reagendar a reunião, não posso deixar o rapaz sozinho, seus famílias devem chegar a qualquer momento.

Uma hora depois, vejo entrar na sala de espera, uma senhora empurrando um senhor, em uma cadeira de rodas.

— O meu filho! Onde está o meu filho! Quero vê-lo! Pedro! Meu filho!

O meu coração fica em pedaços com a cena. O casal de idosos estão chorando desesperados, duas enfermeiras vêm ao encontro deles, tentando acalmá-los.

— Lu... Não pode ser... Eles não podem ser os pais do homem que... Não vou conseguir conviver com a culpa se ele...

— Ei! Ele não vai morrer, fique calma, vai ficar tudo bem.(Luana fala me abraçando.)

Algumas horas se passam, a senhora está sentada ao lado do cadeirante, eles não param de chorar, é de partir o coração. Fui uma irresponsável, por causa da pressa, causei um grave acidente, que pode destruir uma família.

O doutor sai da sala de cirurgia, vindo em nossa direção.

— Familiares de Pedro Silva De Oliveira.

O casal de idosos se aproxima.

— Somos os pais dele, doutor. O que aconteceu com o nosso menino?

— O Pedro foi atropelado. Por causa do impacto, ele fraturou duas costelas, o braço direito, e teve traumatismo craniano.

— Nãaao! Meu filho não! Meu menino!

— O traumatismo teve consequências leves, o cérebro está um pouco inchado, temos que esperar quarenta e oito horas, para observar a sua evolução com os medicamentos.

— Por favor, doutor! Salve o nosso filho.

— Farei o meu melhor. Senhor e senhora Silva, sei que é um momento difícil, mas, precisam comparecer à recepção, para arcar com as despesas do hospital.

— Nós... Não temos como pagar doutor, somos uma família simples, o que temos, mal dá para comprar remédio. O nosso filho que nos ajuda, e...(A senhora começa a chorar.)

— Eu sinto muito senhora, o Pedro tem algum plano de saúde?

— Não senhor, como eu disse, não temos muito.

— Eu sinto muito, mas, se não pagarem as despesas, o Pedro terá que ser transferido de hospital, o que eu não recomendo, poderia agravar o estado de saúde dele. Acredite, se dependesse de mim, ele não seria transferido, mas, no momento, estou de mãos atadas. Sou apenas um funcionário do hospital.

— Entendo, doutor. Quando vamos poder vê-lo. ( O Homem mais velho pergunta.)

— Amanhã ele poderá receber visitas. Hoje, o horário de visitas já encerrou, e na UTI, não são permitidos acompanhantes.

— Vamos esperar aqui, obrigada doutor.

— Estou a fazer apenas o meu trabalho.

Quando terminam a conversa com o doutor, eles vão até a recepção, ver quanto tinham que pagar, e talvez, tentar fazer um empréstimo, não poderiam deixar o filho ser prejudicado.

— A diária com a sedação, na terapia intensiva, custa setenta mil, se o paciente permanecer mais de cinco dias, faremos a cobrança pelos dias que for preciso ficar, contabilizando, os dias seguintes.

— Esses setenta mil serão apenas por cinco dias? Teremos que pagar mais que isso?

— O valor a ser cobrado, depende da evolução do paciente, e os procedimentos que irá precisar.

— O que será do nosso menino, Aurélio? Não temos como conseguir tanto dinheiro.(A mulher chora desesperada, enquanto o homem chora em silêncio.)

Enquanto isso, isabela conversa com o doutor.

— Doutor, aquele casal são os pais do homem que atropelei?

— Sim, senhorita Bueno.

— Doutor, por favor, faça o possível para salvar a vida desse homem. Fui a causadora de toda essa situação, ele está aqui por minha... Culpa. Não se preocupe com os gastos, serei responsável por tudo.

— Farei o que estiver ao meu alcance.

Observo o casal de idosos voltarem para a sala de espera, arrasados. A senhora senta no sofá, enquanto segura a mão do marido.

Aproxima-me deles, me preparando para coisas horríveis que vou escutar. Porém, tenho que pelo menos, confortá-los, e deixar eles saberem que estou a disposição, e que mesmo sendo culpada por essa tragédia, tenho que arcar com as minhas responsabilidades.

— Senhor e senhora Silva?

— Sim...(O senhor olha-me com um olhar desolado, enquanto tenta confortar a esposa.)

— Quero pedir perdão pelo que fiz, e... Quero que saibam que, vou pagar toda a despesa hospitalar, e de verdade... Eu sinto muito, e espero que o Filho de vocês se recupere logo.

— Sua culpa? Foi você que deixou o meu filho nesse estado?(A senhora fala com ódio no olhar)

— Sim, senhora. Eu... Causei o acidente, atropelei o seu filho.( Falo nervosa.)

— O que está fazendo aqui? Você tem que estar na cadeia! Você é uma criminosa! O meu filho...

— Joana, se acalme querida, estamos no hospital, e... Sei que é difícil, vejo que a moça também está sofrendo com a situação. Ela vai pagar tudo, o nosso filho vai ficar bem, fique calma.

— Ela tem que pagar! É uma criminosa!(A senhora mais velha fala saindo.)

— Aonde vai?(O senhor pergunta nervoso.)

— Preciso tomar uma água.

— A minha esposa está sofrendo, não considere as palavras duras que ela falou, sei que a senhorita não queria que isso acontecesse.

— Obrigada por agir dessa forma comigo, mas, eu mereço tudo o que a sua esposa falou.(Falo com a voz embargada.)

Eu entendo a reação de Joana, ela é mãe, e eu fiz mal ao filho dela. Por outro lado, a reação do senhor Aurélio me surpreendeu.

Alguns minutos depois, a senhora volta, ficando ao lado do esposo, parece nervosa.

Derrepente, alguns policiais entram na sala de espera.

— Senhorita Bueno, você está presa por tentativa de homicídio.

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Comments

Gigi

Gigi

Eita sogra. Cuidado Isa /Facepalm/, mais relaxa sei que você será a melhor nora que Joana pode ter

2024-01-16

7

Carla Dos Santos

Carla Dos Santos

Eitaaa. Ela chamou a policia? Fiquei com dó das mãe e da Isabella💔

2023-11-08

0

Sandra Maria de Oliveira Costa

Sandra Maria de Oliveira Costa

eitaaaaa

2023-10-14

1

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