Que Meu Amor Toque Em Você
Igor
Não sei como tudo começou, tenho essas sensações que me acompanham o tempo todo, tenho lembranças, disso já na minha infância eu chamo de sentimentos alguns chamariam intuição ou energia essas coisas.
Mas eu tento simplificar assim eu chamo de sentimentos a primeira lembrança que tenho disso acontecer foi no jardim de infância quando uma coleguinha minha tropeçou, numa pedra e ela ficou ali na calçada da escola com o joelho ralado chorando eu estendi a mão para ajudar ela a se levantar e foi ali que tive a sensação mais estranha que eu poderia ter quando toquei a sua mão e senti a sua dor tocar-me, foi isso que senti e lágrimas escorreram pelo meu rosto podia sentir a sua angústia por cair a dor não era no meu corpo era emocional, agora adulto sei que senti a dor dela.
Desse dia em diante percebi que talvez a sensação de calmaria que sentia quando tocava a mão da minha vó, ou o amor que me invadia quando a minha mãe pegava-me pela mão quando íamos atravessar a rua, talvez não fosse a sensação normal que todas as crianças sentiam ao tocar alguém e aquele sentimento todo transbordando não era só meu nem tudo me pertencia, talvez eu tinha uma forma diferente de sentir, ou de sentir os outros compartilhando os seus sentimentos. Tudo isso foi se confirmando ao longo da minha vida durante várias vezes, o medo quando o meu avô tocou-me antes de realizar uma cirurgia, a euforia que quando no jogo da escola após uma vitória o time se cumprimentava com batidas de mãos e quando um dia em que passando numa rua fui assaltado e quando o ladrão foi pegar o meu celular da minha mão senti a pior sensação misturada não tinha remorso só fúria, maldade e escuridão não é que eu não possuía os meus próprios sentimentos eu tenho eu sabia que o medo que eu senti no momento durante o assalto era só meu, conseguia separar tudo aquilo. Então comecei a evitar o toque as minhas mãos eram o meu portal para as emoções das outras pessoas, não tocar nelas para mim era sinónimo de não sentir o que não me pertence, então fora meus parentes mais próximos que eu sabia que as suas emoções eu poderia suportar ou lidar eu não tocava em mais ninguém.
Não queria compartilhar sensações que não eram minhas com estranhos e agradecia mentalmente morar numa cidade gelada, pois as minhas luvas pretas tornaram-se as minhas melhores aliadas quando estava fora de casa.
Muitas pessoas poderiam pensar que eu sou um louco, ter preconceitos algum me achariam sensitivo então guardei o meu segredo, não queria compartilhar ou chamar atenção, quero ser uma pessoa normal que passa despercebido entre a multidão, era algo que me incomodava e que não queria, mas não consigo não sentir.
Na verdade, a única vez que isso fez sentido foi quando quis tocar em alguém, foi quando conheci a Luna.
E quando eu conheci ela no meu primeiro dia de aula na escola nova, esbarrei sem querer nela e a invés dela ficar irritada por esbarrar derrubando uma pilha de livros que ela trazia nas suas mãos ela retribuiu, com um lindo sorriso uma garota linda de olhos verde cor de esmeralda loira, com o cabelo liso até a cintura pele clara como a neve.
Agora, eu senti que o meu mundo tomava um novo significado e se chamava Luna e pela primeira vez senti-me tentado a tocar com as minhas mãos numa estranha mas também, algo em mim, dizia que não era justo invadir assim os seus sentimentos sem permissão. Eu tinha que aceitar qualquer lugar que ela definisse para fazer parte da vida dela, um amigo quase irmão ou até um protetor, o que espera-se de mim.
O que eu queria era ter um pouco dela mesmo guardando os meus sentimentos por ela, pois queria que ela fosse feliz, queria isso para ela independentemente de qualquer coisa.
No começo pensei que ela se afastaria de mim, pois era um novato na escola, a Luna de classe alta eu era um simples bolsista e o único rapaz negro da escola.
Mas foi totalmente diferente, ela mostrou-me a escola e apresentou-me a sua prima Melissa e o Breno a partir desse dia éramos inseparáveis mesmo com o olhar preconceituoso de muitos da escola, ela tinha-me como um amigo seu melhor amigo, já eu cada vez mais apaixonado. Com o tempo eles notaram que eu não tocava nas mãos de ninguém e também não deixava ser tocado então respeitavam isso em mim como bons amigos nunca perguntaram o motivo, mas uma vez escutei o Breno, falando para Melissa que eu tinha algum tipo de toque e para mim era confortável nunca desmenti.
O tempo passou fizemos faculdades e cada um iniciou a sua vida adulta, mas sempre próximos, eu o Breno fizemos medicina o que parece ser contraditório afinal quem não queria ser tocado passaria o dia todo tocando pessoas, mas eu sempre gostei de crianças e ser Pediatra sempre foi meu sonho, e o segui quando não usava luvas conseguia suportar a maioria dos sentimentos que vinham de uma criança eram puros, diferente dos de adultos e sinceramente sentir a dor delas muitas vezes ajudava-me a perceber que algo não estava bem não era a dor física era emocional, mas se estava ali presente era que algo estava realmente errada.
Já a Luna formou-se em Veterinária e a Melissa em Administração e juntas tinham uma loja de produtos animais e uma veterinária enorme se encontrava qualquer coisa em relação a qualquer tipo de animais, tínhamos vidas tranquilas e organizadas e dividia apartamento com a Luna.
O Breno ainda morava com os seus pais, a Melissa num apartamento de um quarto, que ficava a uma quadra do nosso, pois não gostava de morar com ninguém, sempre deixava bem claro que não gostava de dividir o seu espaço.
Eu a Luna sempre nós entendemos muito bem viver com ela era tranquilo, em parte claro ter sentimentos por ela e morar no mesmo espaço as vezes não era fácil ver ela namorando ou desfilando pela casa de pijama com o seu corpo incrível, mas o restaurante do tempo era ótimo ela respeitava o meu espaço eu nunca tive coragem esses anos todos em tocar nas suas mãos claro que já tocara no seu rosto ou corpo a abraçando claro sempre toque entre amigos só não me sentia bem com a ideia de sentir os sentidos dela sem ela saber, não era justo invadir as suas emoções, eu queria que ela tivesse vontade de mostrar-me compartilhar nunca roubaria mesmo sem querer os seus sentimentos.
Mas numa tarde chuvosa de sábado aconteceu o mais improvável saímos do nosso apartamento, para ir à loja de chocolates que a Luna ama, eu tirei as minhas luvas assim que chegamos a loja lotada ao encontrar a última caixa do seu chocolate preferido a Luna num impulso pegou na minha mão para me levar para a fila do caixa foi muito rápido, ela logo soltou a minha mão quando notou seu gesto e notei na sua aparência a confusão e o nervosismo por fazer algo errado, eu fiquei a olhar as suas mãos com a minha sobrancelha tencionadas sem entender como aconteceu, mas pela primeira vez eu toquei em alguém e não senti nada não compartilhei das suas emoções só as minhas estavam ali.
Mas depois de tantos anos convivendo com ela, muitas vezes eu sabia que nem precisava tocar na sua mão para saber o que ela sentia, mas depois desse dia na loja que a toque foi tão rápido perguntava-me se foi só aquele dia ou eu não poderia mesmo sentir ela a curiosidade matava-me.
Esses anos todos cheguei a relacionar-me com alguém cheguei até a ficar noivo o que foi um grande erro, ela era uma pessoa incrível, mas eu não queria-me envolver realmente ela merecia alguém que tivesse sentimentos por ela, tentava-me enganar ser só pelo toque, mas na verdade, não queria ninguém além da Luna, fazendo parte da minha vida.
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Atualizado até capítulo 15
Comments
Lina Lina
Já comecei gostando. Enredo totalmente inesperado.
2023-04-09
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