Aproveitar

Luna

Acordamos tarde, coisa que não costumávamos fazer, mas mesmo assim quando chego a cozinha já encontro o Igor passando café esse era o combustível diário dele não vivia sem, o humor dele ficava terrível sem uma dose diária.

Luna: — Bom dia!

Igor: — Bom dia princesa.

Ele vem e me dá o meu beijo na testa.

Luna: — Escolheu se vamos ficar em casa ou pegar um sol?

Igor: — Pensei em ir à praça, como é segunda deve estar mais tranquila por lá hoje podemos almoçar só um lanche.

Luna: — Pastel com suco de laranja.

Igor: — A Melissa já voltou, ela adora as feirinhas?

Luna: — Não só vai voltar da casa dos meus tios no início da noite.

Depois que os meus tios se mudaram, ela sempre que podia visitava eles.

Luna: — Vai só à gente mesmo.

Igor: — Então vou trocar de roupa para ficar mais bonitinho.

Luna: — Isso é possível.

Ele olha-me com uma cara debochada antes de sair, eu adorava o clima da praça ela era linda toda florida e com um pequeno lago e pracinha e uma quadra de esportes, várias barraquinhas como as de feira que ia de produtos naturais, comida até artesanato local a nossa cidade foi colonizada por descendência Alemã, então alguns costumes eram passados de geração em geração as feirinhas eram uma delas nós finais de semanas tinha ‘show’ na praça.

Era um ambiente acolhedor e familiar com crianças e adolescentes, também na nossa época de escola passamos as tardes lá.

Escolho um vestido solto e longo, normalmente os dias são bem frios no inverno, mas como estamos no final do outono, a tarde a temperatura fica agradável, coloco um tênis confortável e pego um casaquinho leve e a minha bolsa. Quando saio do quarto o Igor está de calças jeans claras, camisa preta e tênis, o cheiro do seu perfume toca-me suavemente.

Ele fica-me olhando com cara de bobo como sempre faz quando me arrumo para sair.

Luna: — Vai ficar a olhar muito?

Igor: — Tá linda.

Luna: — Também conseguiu ficar mais bonitinho.

Ele dá um sorriso largo e saímos no carro dele em direção a praça que para a nossa sorte não estava lotada como de costume, enquanto saímos a andar pelas feirinhas olhando o artesanato ele acompanha-me o caminho todo com a mão sobre as minhas costas como sempre fazia e com a outra mão carregando o meu casaco que me deixava com a sensação de proteção de sempre, as vezes me perguntava se era hábito ou uma forma de manter as duas mãos ocupadas para ninguém lhe tocar, mas o olhar das pessoas da cidade na gente nunca me passou despercebido no início incomodava-me era como se me queimasse, mas ao longo dos anos não me importavam mais eu sabia que por mais que tentasse nunca ia atingir as expectativas de todos a opinião que realmente me importava era a minha e não fazia nada errado só seguindo a minha vida, com as pessoas que eu amava e não abriria mão disso.

Compramos pastel e suco e ficamos a comer tranquilamente em uma mesinha olhando um casal com uma criança num balanço.

Luna: — Amanhã vou à casa da sua mãe, vou levar a gatinha para ela, a dona ligou-me no sábado dizendo que ela já está pronta para adoção.

Igor: — A minha mãe vai adorar tanto você ir lá, e ter um filhote de gatinho, ela ficou muito triste quando a nossa antiga morreu.

Luna: — Ela estava muito velhinha.

Igor: — Sim, já tínhamos ela antes de mudar para cá.

Igor: — A minha mãe não me escute, mas sempre gostei mais de cachorros.

Luna: — Eu também amo poderíamos ter um no futuro.

Igor: — Pensa que conseguiríamos ter com esses horários doidos?

Luna: — Por que não vamos revezar os cuidados, e também podemos procurar uma raça dócil e mais tranquila posso levar para a clínica para passar o dia comigo, a Melissa também adora.

Igor: — Eu adoraria ter um cachorro.

Igor: — As vezes acho até engraçados, moramos juntos e acabamos a planejar coisas como um casal.

Ele fala pensativo.

Luna: — Engraçado pensar na gente como um casal?

Igor: — Não tá um pouco, sei lá fico a pensar e quando entrar alguém nas nossas vidas, um relacionamento como o outro vai ficar, temos que separar tudo, o que está ligado a nós dois igual o cachorro com quem ficaria guarda compartilhada?

Luna: — Não pensa assim, nós vamos ficar bem e vamos manter os nossos planos como sempre fizemos, eu sei que parece tudo confuso agora.

Sinto-me aliviada que a preocupação dele seja não achar estranhos um relacionamento, estou com tantas dúvidas pelo que sinto e sei exatamente quem pode dar os conselhos certos e amanhã eu ia ter eles.

Mais tarde nos sentamos no banco perto do lago tomando sorvete.

Igor: — Lembra quando nós quatro ficávamos aqui jogando perguntas e respostas.

Luna: — Claro, sempre fazíamos isso.

Luna: — Vamos jogar?

Jogávamos sempre isso na adolescência era uma forma de sondar discretamente o que o outro pensava sobre tudo, era basicamente fazer as perguntas e esperar as respostas do outro eram sempre 6 perguntas que não poderiam deixar de ser respondida quem não respondia fazia a lição de todos de casa para a escola.

Igor: — Não temos mais lições de casa.

Ele fala a sorrir.

Luna: — Mas ainda temos todas as tarefas do apartamento e somos adultos, podemos responder perguntas.

Eu falo com um olhar de desafio viro de frente para ele no banco cruzando as pernas em cima do banco, ele repete o movimento ficamos frente a frente era assim que fazíamos na época acabamos, a dispensar o papel tesoura para escolher quem deveria iniciar então como um cavalheiro eu comecei a perguntar e ouvindo as suas respostas.

Eu pergunto para o Igor:

1- Pior mania? — Essa é fácil café.

2 - Amor ou sexo? — Quente antigamente não fazíamos esse tipo de pergunta assim na lata, nunca fiz amor só sexo.

3 - Filhos? — Dois se possível.

4 - Dinheiro ou poder? — Dinheiro com o meu esforço e trabalho, acredito que o poder muitas vezes mostra o pior lado das pessoas, ultrapassam os limites.

5 - Algo que mudaria em você? — As minhas mãos.

6 - Melhor beijo? — Ainda não tive.

Essa última resposta deixa-me corada com a forma que me olha, estou desconcertada, então tento mudar o clima.

Luna: — Se livrou da faxina.

Igor: — Agora é a sua vez.

Ele pergunta-me:

1- Quando nós conhecemos o esbarrão foi só minha culpa? — A nossa essa foi profunda, eu poderia ter evitado eu percebi que você estava distraído eu poderia ter evitado era só eu mudar de direção, mas se eu fizesse isso poderia não ter outra oportunidade de aproximação.

2 - É possível amar sem sexo? — Sim.

Sou firme na resposta, pois eu senti isso por ele mesmo tendo só toques de amizade.

3 - Maior mico? — Você sabe do ensino médio que eu caí na frente de todos na apresentação de Natal, eu ainda lembro das risadas disfarçadas, de vocês os meus amigos.

Igor: — Desculpa, mas não são todos os dias que agente presencia um Elfo cair quase derrubando todas as renas.

Luna: — Próxima pergunta.

4 - Já pensou em mim como namorado nós como um casal além da amizade? — Várias vezes penso nisso.

Não era mentira o que mais eu desejava e noto o seu olhar surpreso várias vezes piscando, não esperava está resposta e demora um pouco para fazer a próxima pergunta.

5 - Para você um dia perfeito? — Penso que não existe um dia perfeito, e sim vários dias bons e quando eu puxo na memória todos você estava neles, ou a Melissa e o Breno hoje, por exemplo, é um deles.

6 - O que não abre mão? Da minha paz não me deixo abalar pelo que as pessoas pensam mais sobre mim.

Ficamos em silêncio absorvendo as informações com a minha cabeça no ombro do Igor e agora como eu queria pegar na sua mão, mas não tive coragem, mas se no futuro se tivéssemos um relacionamento queria conversar sobre isso com ele gostaria de saber mais sobre ele, o que senti em relação a elas ao ponto de querer mudar elas.

Já era final de tarde quando chegamos em casa o Igor faz uma massa com molho de quatro queijos para nosso jantar eu faço um suco de laranja, jantamos em silêncio, na verdade notei que o Igor ficou bem silencioso depois da brincadeira no parque só me respondia se perguntasse algo.

Então despeço-me para ir para o meu quarto para organizar as minhas coisas para amanhã, mas quando estava prestes a dar boa noite ele perguntou-me.

Igor: — Sabe a pergunta que eu fiz sobre pensar na gente como um casal foi logo, quando nós conhecemos que você pensava sobre isso enquanto estávamos ficando amigos?

Luna: — Não foi alguns anos depois, e ainda penso muito sobre isso na verdade.

Paro diante dele e o beijo novamente no canto da sua boca, como fiz na noite de ontem.

Igor: — Você tá brincando com fogo!

Luna: — Talvez o que mais eu quero é queimar-me, boa noite obrigada por hoje foi incrível.

Saio deixando a provocação no ar e ansiosa em saber onde isso tudo vai dar e do fundo da minha alma espero que termine com ele ao meu lado para minha vida toda, e não somente como um grande amigo.

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