NovelToon NovelToon

Que Meu Amor Toque Em Você

Sentimentos

Igor

Não sei como tudo começou, tenho essas sensações que me acompanham o tempo todo, tenho lembranças, disso já na minha infância eu chamo de sentimentos alguns chamariam intuição ou energia essas coisas.

Mas eu tento simplificar assim eu chamo de sentimentos a primeira lembrança que tenho disso acontecer foi no jardim de infância quando uma coleguinha minha tropeçou, numa pedra e ela ficou ali na calçada da escola com o joelho ralado chorando eu estendi a mão para ajudar ela a se levantar e foi ali que tive a sensação mais estranha que eu poderia ter quando toquei a sua mão e senti a sua dor tocar-me, foi isso que senti e lágrimas escorreram pelo meu rosto podia sentir a sua angústia por cair a dor não era no meu corpo era emocional, agora adulto sei que senti a dor dela.

Desse dia em diante percebi que talvez a sensação de calmaria que sentia quando tocava a mão da minha vó, ou o amor que me invadia quando a minha mãe pegava-me pela mão quando íamos atravessar a rua, talvez não fosse a sensação normal que todas as crianças sentiam ao tocar alguém e aquele sentimento todo transbordando não era só meu nem tudo me pertencia, talvez eu tinha uma forma diferente de sentir, ou de sentir os outros compartilhando os seus sentimentos. Tudo isso foi se confirmando ao longo da minha vida durante várias vezes, o medo quando o meu avô tocou-me antes de realizar uma cirurgia, a euforia que quando no jogo da escola após uma vitória o time se cumprimentava com batidas de mãos e quando um dia em que passando numa rua fui assaltado e quando o ladrão foi pegar o meu celular da minha mão senti a pior sensação misturada não tinha remorso só fúria, maldade e escuridão não é que eu não possuía os meus próprios sentimentos eu tenho eu sabia que o medo que eu senti no momento durante o assalto era só meu, conseguia separar tudo aquilo. Então comecei a evitar o toque as minhas mãos eram o meu portal para as emoções das outras pessoas, não tocar nelas para mim era sinónimo de não sentir o que não me pertence, então fora meus parentes mais próximos que eu sabia que as suas emoções eu poderia suportar ou lidar eu não tocava em mais ninguém.

Não queria compartilhar sensações que não eram minhas com estranhos e agradecia mentalmente morar numa cidade gelada, pois as minhas luvas pretas tornaram-se as minhas melhores aliadas quando estava fora de casa.

Muitas pessoas poderiam pensar que eu sou um louco, ter preconceitos algum me achariam sensitivo então guardei o meu segredo, não queria compartilhar ou chamar atenção, quero ser uma pessoa normal que passa despercebido entre a multidão, era algo que me incomodava e que não queria, mas não consigo não sentir.

Na verdade, a única vez que isso fez sentido foi quando quis tocar em alguém, foi quando conheci a Luna.

E quando eu conheci ela no meu primeiro dia de aula na escola nova, esbarrei sem querer nela e a invés dela ficar irritada por esbarrar derrubando uma pilha de livros que ela trazia nas suas mãos ela retribuiu, com um lindo sorriso uma garota linda de olhos verde cor de esmeralda loira, com o cabelo liso até a cintura pele clara como a neve.

Agora, eu senti que o meu mundo tomava um novo significado e se chamava Luna e pela primeira vez senti-me tentado a tocar com as minhas mãos numa estranha mas também, algo em mim, dizia que não era justo invadir assim os seus sentimentos sem permissão. Eu tinha que aceitar qualquer lugar que ela definisse para fazer parte da vida dela, um amigo quase irmão ou até um protetor, o que espera-se de mim.

O que eu queria era ter um pouco dela mesmo guardando os meus sentimentos por ela, pois queria que ela fosse feliz, queria isso para ela independentemente de qualquer coisa.

No começo pensei que ela se afastaria de mim, pois era um novato na escola, a Luna de classe alta eu era um simples bolsista e o único rapaz negro da escola.

Mas foi totalmente diferente, ela mostrou-me a escola e apresentou-me a sua prima Melissa e o Breno a partir desse dia éramos inseparáveis mesmo com o olhar preconceituoso de muitos da escola, ela tinha-me como um amigo seu melhor amigo, já eu cada vez mais apaixonado. Com o tempo eles notaram que eu não tocava nas mãos de ninguém e também não deixava ser tocado então respeitavam isso em mim como bons amigos nunca perguntaram o motivo, mas uma vez escutei o Breno, falando para Melissa que eu tinha algum tipo de toque e para mim era confortável nunca desmenti.

O tempo passou fizemos faculdades e cada um iniciou a sua vida adulta, mas sempre próximos, eu o Breno fizemos medicina o que parece ser contraditório afinal quem não queria ser tocado passaria o dia todo tocando pessoas, mas eu sempre gostei de crianças e ser Pediatra sempre foi meu sonho, e o segui quando não usava luvas conseguia suportar a maioria dos sentimentos que vinham de uma criança eram puros, diferente dos de adultos e sinceramente sentir a dor delas muitas vezes ajudava-me a perceber que algo não estava bem não era a dor física era emocional, mas se estava ali presente era que algo estava realmente errada.

Já a Luna formou-se em Veterinária e a Melissa em Administração e juntas tinham uma loja de produtos animais e uma veterinária enorme se encontrava qualquer coisa em relação a qualquer tipo de animais, tínhamos vidas tranquilas e organizadas e dividia apartamento com a Luna.

O Breno ainda morava com os seus pais, a Melissa num apartamento de um quarto, que ficava a uma quadra do nosso, pois não gostava de morar com ninguém, sempre deixava bem claro que não gostava de dividir o seu espaço.

Eu a Luna sempre nós entendemos muito bem viver com ela era tranquilo, em parte claro ter sentimentos por ela e morar no mesmo espaço as vezes não era fácil ver ela namorando ou desfilando pela casa de pijama com o seu corpo incrível, mas o restaurante do tempo era ótimo ela respeitava o meu espaço eu nunca tive coragem esses anos todos em tocar nas suas mãos claro que já tocara no seu rosto ou corpo a abraçando claro sempre toque entre amigos só não me sentia bem com a ideia de sentir os sentidos dela sem ela saber, não era justo invadir as suas emoções, eu queria que ela tivesse vontade de mostrar-me compartilhar nunca roubaria mesmo sem querer os seus sentimentos.

Mas numa tarde chuvosa de sábado aconteceu o mais improvável saímos do nosso apartamento, para ir à loja de chocolates que a Luna ama, eu tirei as minhas luvas assim que chegamos a loja lotada ao encontrar a última caixa do seu chocolate preferido a Luna num impulso pegou na minha mão para me levar para a fila do caixa foi muito rápido, ela logo soltou a minha mão quando notou seu gesto e notei na sua aparência a confusão e o nervosismo por fazer algo errado, eu fiquei a olhar as suas mãos com a minha sobrancelha tencionadas sem entender como aconteceu, mas pela primeira vez eu toquei em alguém e não senti nada não compartilhei das suas emoções só as minhas estavam ali.

Mas depois de tantos anos convivendo com ela, muitas vezes eu sabia que nem precisava tocar na sua mão para saber o que ela sentia, mas depois desse dia na loja que a toque foi tão rápido perguntava-me se foi só aquele dia ou eu não poderia mesmo sentir ela a curiosidade matava-me.

Esses anos todos cheguei a relacionar-me com alguém cheguei até a ficar noivo o que foi um grande erro, ela era uma pessoa incrível, mas eu não queria-me envolver realmente ela merecia alguém que tivesse sentimentos por ela, tentava-me enganar ser só pelo toque, mas na verdade, não queria ninguém além da Luna, fazendo parte da minha vida.

Ele

Luna

Conhecer o Igor eu posso dizer com toda a certeza que foi uma das melhores coisas da minha vida, poderia passar anos e nunca me esqueceria do garoto lindo com um ar de preocupado entrando na escola ele diferia, de todos os garotos que passaram por lá e não digo em relação a sua cor por ser negro.

Ele tinha uma luz algo especial que eu não sabia dizer o que era, mas tinha certeza que queria ser amiga dele fui em direção a ele que estava distraído a procurar o seu armário eu poderia desviar, mas não eu queria aquele contato e depois de todos os meus livros caírem e ele ajudar-me dei o meu melhor sorriso. E assim tudo começou ele era um garoto belíssimo o cabelo era bem baixo raspado a pele negra tinha um brilho lindo, o sorriso então era enorme de um alinhamento perfeito e o seu perfume era de deixar qualquer garota de quatro por ele, sempre tive vontade de tocar as suas mãos eram lindas e perfeitas os seus dedos longos com os nós dos dedos tão bem desenhados.

Talvez por não poder tocar fascinava tanto as suas mãos, ele não tocava em ninguém e nem deixava ninguém fazer eu pensava ser mania ou uma doença como o Breno falava quando alguém questionava, mas uma vez quando estava sozinha com ele na praça um senhor passou por ele e pegou na sua mão procurando por um apoio para não cair a passar mal, o senhor teve um princípio de enfarto após ajudar e chamar a ambulância como a nossa cidade não era tão grande ficamos a saber que o senhor ficou bem ao final de tudo, foi socorrido a tempo.

Mas eu nunca vou esquecer o que eu presenciei nós olhos escuros do meu amigo, a dor e sofrimento o tempo que ele levou a se recuperar com a respiração ofegante parecia que ele compartilharam algo com aquele homem, ele fez-me prometer que nunca comentaria nem com os nossos amigos o que aconteceu ali, mas eu sabia que, no fundo, era algo mais grave que acontecia, mas que também ele não se sentia pronto para compartilhar eu respeitava isso.

Os anos foram a passar e ele sempre um amigo presente e querido, ele era atencioso e protetor sempre me mantendo alegre mesmo nós momentos mais difíceis, sabe na época da escola nunca o via com garota nenhuma, mas na faculdade isso mudou ele conheceu a Rebeca garota bonita e alegre e iniciaram o namoro e pela primeira vez senti-me incomodada tentei-me controlar e enganar-me que era porque não estava acostumada a dividir o meu amigo.

Depois comecei a namorar também, então ficou mais fácil de conviver, daí ele apareceu com a novidade do noivado a sensação de incómodo voltou com tudo até que eles terminaram a minha paz voltou e sei que é egoísmo meu admitir isso.

Depois disso ele não voltou a namorar eu até fiquei com alguns caras, mas sempre ele se voltava ao meu pensamento, lentamente o meu amigo ocupava mais um espaço do meu coração, e viver com ele só me confirmava isso ou quando acidentalmente toquei na sua mão e senti uma corrente elétrica percorrer-me e um frio na barriga sensação que nunca senti por homem algum.

Mas como mudar de amigo para algo mais, não sabia como mostrar esse meu interesse estava perdida entre estes sentimentos não queria afastar ele e se não fosse correspondida, mesmo com a Melissa falando que ele tinha uma queda por mim já da época da escola eu não tinha certeza, como ficaria a nossa amizade a partir desse dia não poderia e não suportaria perder ele em minha vida.

Acordo é uma manhã linda de domingo, eu tenho sempre o domingo e a segunda de folga, pois normalmente abrimos aos sábados a loja o consultório de veterinária.

Levanto da cama cheia de preguiça sempre foi uma dificuldade para mim, acordar cedo, mas tento manter essa rotina vou ao banheiro faço a minha higiene e vou para cozinha com o pijama mesmo sinto o aroma de café pensei que estaria sozinha, pois não consegui estar com Igor a semana toda chegava tarde em casa emendando plantões no hospital, e para minha surpresa ao invés de estar acabado estava lindo e inteiro como sempre mesmo com a rotina e estressante penso que trabalhar no que ama ajuda muito.

Luna: — Bom dia visitante.

Ele vem na minha direção e beija a minha testa.

Igor: — Bom dia princesa eu tive uma semana corrida o outro pediatra do hospital teve uma queda durante um atendimento, teve uma fratura no braço então já sabe-me sobrou vários plantões.

Luna: — Imaginei que aconteceria algo, tentei-te esperar um dia mais falhei consideravelmente.

Ele soltou uma risada gostosa.

Igor: — Eu sei te encontrei a babar no sofá.

Eu olhei com cara de brava, era assim o nosso estilo de amizade cheio de provocações.

Luna: — E tenho certeza que eu estava linda da mesma forma.

Igor: — Pode apostar quer café?

Luna: — Uma xícara pode deixar que eu pego.

Contorno a bancada da cozinha para pegar a xícara e sinto o seu olhar acompanhar-me o que fazia o meu corpo inteiro esquentar.

Luna: — Como está o seu tempo folga até que horas?

Igor: — consegui trocar com um colega que tenho hoje e segunda para descansar, não ia aguentar mais uma semana tocando direto.

Igor: — Até pensei em convidar-lhe para fazer algo preciso tomar um ar fora de um hospital, não observei o sol um dia sequer durante essa semana, não sai do hospital para nada.

Igor: — Mas também podemos fazer isso amanhã porque não quero ver nada além da minha cama hoje.

Luna: — Claro, amanhã nós pensamos em algo, vai deitar descansar que mais tarde eu chamo-lhe para almoçar vou fazer ‘strogonoff’ que você gosta.

Ele passa por mim e dá-me um beijo no rosto indo em direção ao quarto dele.

Igor: — É meu anjo.

Dei uma organizada no nosso apartamento, uma limpeza no chão tirei o pó, e coloquei as minhas roupas para lavar enquanto escutava música no meu fone de ouvido, o Igor sempre me ajuda nas tarefas, mas achei melhor dar esta folga para ele.

Depois vou fazendo o almoço quando fica pronto vou até o quarto do Igor, estava lindo no seu sono tranquilo sem camisa e com o lençol ate a cintura e sento-me silenciosamente na beirada da sua cama de casal ao seu lado olho para o seu quarto, o que me faz sorrir é tão diferente do seu quarto da adolescência eu passei mais no quarto dele na época de escola do que na minha casa eu amo a tia Sónia a mãe do Igor então sempre, que podia estar lá eu ia para casa dele, o seu quarto era de um típico adolescente vários cartazes de banda e um mural com vários desenhos ele era ótimo desenhando eram de carvão e muito expressivos nunca entendi o significado deles eram de pessoas e dentro de cada olhar tinha algo refletido não sei alguns olhares eram sombrios e escuros tinham medo ou tristeza outros, alegria eram silenciosos ao mesmo tempo expressivos.

O que eu mais gostava era um nosso que ele desenhou na época de colégio que ele reproduziu de uma foto nossa no muro da escola, ele o Breno conversando eu a Melissa mandando beijo foi a tia Sónia que tirou no dia da nossa formatura do ensino médio.

Esse desenho dele tenho até hoje numa moldura na parede, da sala do nosso apartamento com o tempo ele foi parando de desenhar vejo ele raramente fazendo isso, e sei que devem estar guardados no seu quarto de agora em alguma pasta.

Agora o seu quarto era de paredes brancas e alguns detalhes em azul-marinho era um quarto de adulto, uma poltrona creme e poucos detalhes.

Passo a minha mão delicadamente fazendo carinho no seu rosto, ele abre os olhos e fica-me olhando com intensidade, eu não desvio o olhar nem por um momento.

Igor: — Quando se tornou essa pessoa delicada, não me lembro na vida de ser acordado por você com carinhos, e sim com uma cutucada ou levando um travesseiro no meio do rosto.

E devo admitir que ele sempre foi o mais carinhoso de nós dois, mas ele não faz a mínima ideia do que se tem passado dentro de mim nestes últimos tempos.

Luna: — Posso voltar a acordar-lhe da forma antiga se preferir.

Igor: — Não estou reclamando, foi só uma observação.

Luna: — Vem o almoço tá pronto!

E levanto e antes que eu me afaste da cama ele puxa-me pelo braço, ele faz eu abaixar-me e mesmo ele estando deitado ele abraça-me apertado e eu aproveito aquela sensação de estar naquele abraço perfeito e retribuo.

Igor: — Fiquei com saudade de conversar com você está semana, cheguei com você sempre dormindo.

Luna: — Eu também fiquei. Tá carente, hem!

Sinto o seu peito movimentando enquanto sorri pelo meu comentário.

Quando eu saio do quarto fico a tentar recuperar a minha respiração como ele podia não notar o quanto me afetava ultimamente, volto para cozinha e fico a esperar por ele quando ele entra de calças de pijama camisa e cabelo molhado do banho pois ao longo dos anos ele foi deixando crescer um pouco não era mais totalmente raspado, e ficamos a conversar enquanto almoçamos.

Igor: — O que vai fazer agora à tarde?

Luna: — Vou só na dona Agnes, fiquei de aplicar um medicamento na cachorra dela, hoje a Melissa vai para casa dos meus tios não marcamos nada teve notícias do Breno?

Igor: — Vai ficar de plantão hoje e amanhã no hospital.

Igor: — Tá! Ótimo o almoço.

Luna: — Obrigada.

Igor: — Vou dormir mais um pouco a tarde, à noite podemos olhar um filme e comer pizza você tá proibida de chegar perto do fogão, está de folga também e notei que limpou o apartamento sozinha.

Luna: — Está cansado, na próxima semana eu cobro-me.

Luna: — Ou hoje podia fazer brigadeiro na panela?

Igor: — Perfeito.

O Igor lava a louça acaba a voltar para o quarto eu tomo um banho demorado e depois pego a minha maleta e a minha bolsa e vou de carro, para casa da senhora Agnes morar numa cidade pequena tinha os seus pró e contras era bom conhecer todo mundo mas também a fofoca corria solta eu e os meus amigos tentávamos ficar fora do radar das fofoqueiras, de plantão uma dessas é a Agnes estar a ir na casa dela não era meu esporte favorito tudo poderia, ser usado contra mim.

Chego e assim que entro já vou direto perguntando pela Lilica que era uma linda Labradora que tinha o hábito recorrente de procurar e comer coisas do lixo. Então às vezes tinha problemas digestivos, e intestinais por suas estripulias.

Agnes: — Doutora Luna, comprei as lixeiras com travas aqui para casa como você me recomendou.

Luna: — Isso é ótimo.

Examino a Lilica que já parece bem melhor!

Luna: — Ela parece bem mais animada hoje, a diarreia parou e o vómito?

Agnes: — Sim, ela já até comeu um pouco.

Luna: — Ela já vai ficar bem né grandona vamos aplicar essa última aplicação de remédio, depois vamos continuar os antibióticos por via oral.

Luna: — Assim que terminar a medicação que vou passar quero, que a leve na clínica para olhar ela novamente, ver se está tudo ok.

Luna: — Qualquer coisa que notar de anormalidade pode me trazer antes disso.

Agnes: — É um anjo e como andas as coisas têm namorado?

Luna: — Tenho estado muito ocupada com o meu trabalho.

Agnes: — Não quer ficar e tomar um café? Eu tenho um sobrinho que gostaria de rever-te, ele está solteiro.

Luna: — Fica para outra hora tenho outro compromisso.

Deus me livre, sei muito bem quem é o galinha do sobrinho dela.

Agnes: — Como anda seu amigo escurinho ainda estão morando juntos assim vai ficar difícil encontrar um rapaz.

Claro que ela sabe que o Igor ainda mora comigo como eu queria dizer e se o rapaz que eu quero e interessa-me é o meu amigo negro, ia adorar chocar aquela preconceituosa, mas não poderia meter o Igor na boca de todas as fofoqueiras da cidade.

Luna: — Dona Agnes ele é negro, não é escurinho e ainda moramos juntos e não estou preocupada em relação a isso.

Luna: — Estou indo agora até a próxima semana, dona Agnes nós vemos no consultório.

À noite escolhemos a pizza e conto a minha ótima visita à casa da dona Agnes.

Igor: — A próxima vez responde que estamos a namorar e escandaliza ela de uma vez.

Luna: — Ela vai morrer, ter um ataque, você vai virar o tema das fofoqueiras o preferido.

Igor: — Imagina a Luna de família rica se pegando com o cara negro da cidade.

Luna: — Isso nunca foi um problema para mim.

E o olho intensamente eu quero que ele entenda que nunca tive esse preconceito, para mim ele é lindo, perfeito e fofoca sempre vão existir e não vai ser por elas que vou deixar de viver.

Igor: — Para você não importa, mas para sua mãe, ela lhe mataria, ela só me suporta, ela é velada, mas não gosta de mim, ela não pensa diferente de muitas pessoas com preconceito nessa cidade.

Não sei quando este assunto virou sério assim, mas, não ia fugir dele queria que ele soubesse que o defenderia de todos até da minha mãe para ficar ao lado dele se ele quiser, estar ao meu lado de outra forma.

Luna: — Igor, você pensa que se ela tivesse alguma autoridade sobre mim, eu estaria a dividir apartamento com você, ela fez a última semana que passei em casa um inferno por isso.

Luna: — Eu contei na época, Igor vou-te responder a mesma coisa que eu lhe respondi a anos atrás quando tentou, fazer eu desistir de morar com você para não ter problemas.

Luna: — Eu luto por você até o fim, se ninguém entender o que temos é problema das pessoas, eu sou eternamente grata por ter você na minha vida.

Igor: — Agora pegou pesado princesa.

Ele abraça-me, estávamos a arrumar os pratos na mesa para comer a pizza, eu retribuo esse era os melhores momentos de viver com ele como eu era pequena, ele músculos, mas nada exagerado e mais alto que eu os seus braços e seu peito envolviam-me totalmente sentia-me protegida isso sempre foi assim.

Igor: — Sabe que eu vou estar sempre aqui.

Luna: — Eu sei que a melhor parte nunca ia abrir mão disso.

Jantamos o Igor fez o seu brigadeiro perfeito depois de uma briga, básica para escolher o filme ele adora ação eu romance as vezes olhávamos um que tinha os dois misturados, ou cada vez um olhava o seu preferido hoje era a vez dele olhar ação, mas tentei fazer ele mudar de ideia só para poder implicar, mas no final de tudo ele venceu.

Como tínhamos só um sofá que virava sofá-cama na sala em dia de filme, abríamos e ficávamos espalhados por ele quando eu não deitava no braço do Igor para assistir.

Hoje enquanto ele comia o brigadeiro direto da panela na colher eu olhava disfarçadamente para ele não conseguia não ficar excitada vendo aquela cena o chocolate na sua boca, e ficar a imaginar qual gosto o seu beijo tinha. Uma vez eu observei a ex dele falando para Melissa que ele era maravilhoso na cama eu nunca fiquei com tanto ciúme e incomodada por um simples comentário, não sei exatamente quando começou, mas de uns tempos para cá cada vez mais acabava me pegava tendo pensamentos eróticos com o meu amigo as vezes acho que vou acabar ficando louca e partindo para cima dele, viver com ele ultimamente era um exercício diário de autocontrole. Quando o filme acabou nem sabia muita coisa sobre ele, assisti mais ao Igor e seus movimentos que qualquer coisa.

Luna: — Vou dormir.

Naquele momento eu coloquei na cabeça que não ia mais me esquivar, ia fazer ele entender de qualquer forma que eu queria.

Abaixo-me e como de costume ele espera um beijo no seu rosto, pois é assim que costumo fazer, mas tomo coragem e beijo no canto da sua boca um beijo não tão rápido para ele ficar na dúvida que foi sem querer que esbarrei o beijando de forma errada, e não tão demorado para pensar que ia atacar ele.

Sei que com esse problema de tocar suas mãos posso assustar ele não quero assustar sempre deixava ele se aproximar primeiro quando eram gesto de carinhos não era porque ele era mais carinhoso eu também tinha vontade, mas gostava de deixar ele a vontade ter o espaço dele.

Aproximei-me do seu ouvido e falei num tom suave.

Luna: — Boa noite!

E saí ainda pude constatar pelos meus ombros que ele ficou de boca aberta sem entender muito bem o que aconteceu, eu fui dormir tranquila e feliz com o meu objetivo atingido pelo menos deixei ele na dúvida que algo diferente estava a acontecer.

Aproveitar

Luna

Acordamos tarde, coisa que não costumávamos fazer, mas mesmo assim quando chego a cozinha já encontro o Igor passando café esse era o combustível diário dele não vivia sem, o humor dele ficava terrível sem uma dose diária.

Luna: — Bom dia!

Igor: — Bom dia princesa.

Ele vem e me dá o meu beijo na testa.

Luna: — Escolheu se vamos ficar em casa ou pegar um sol?

Igor: — Pensei em ir à praça, como é segunda deve estar mais tranquila por lá hoje podemos almoçar só um lanche.

Luna: — Pastel com suco de laranja.

Igor: — A Melissa já voltou, ela adora as feirinhas?

Luna: — Não só vai voltar da casa dos meus tios no início da noite.

Depois que os meus tios se mudaram, ela sempre que podia visitava eles.

Luna: — Vai só à gente mesmo.

Igor: — Então vou trocar de roupa para ficar mais bonitinho.

Luna: — Isso é possível.

Ele olha-me com uma cara debochada antes de sair, eu adorava o clima da praça ela era linda toda florida e com um pequeno lago e pracinha e uma quadra de esportes, várias barraquinhas como as de feira que ia de produtos naturais, comida até artesanato local a nossa cidade foi colonizada por descendência Alemã, então alguns costumes eram passados de geração em geração as feirinhas eram uma delas nós finais de semanas tinha ‘show’ na praça.

Era um ambiente acolhedor e familiar com crianças e adolescentes, também na nossa época de escola passamos as tardes lá.

Escolho um vestido solto e longo, normalmente os dias são bem frios no inverno, mas como estamos no final do outono, a tarde a temperatura fica agradável, coloco um tênis confortável e pego um casaquinho leve e a minha bolsa. Quando saio do quarto o Igor está de calças jeans claras, camisa preta e tênis, o cheiro do seu perfume toca-me suavemente.

Ele fica-me olhando com cara de bobo como sempre faz quando me arrumo para sair.

Luna: — Vai ficar a olhar muito?

Igor: — Tá linda.

Luna: — Também conseguiu ficar mais bonitinho.

Ele dá um sorriso largo e saímos no carro dele em direção a praça que para a nossa sorte não estava lotada como de costume, enquanto saímos a andar pelas feirinhas olhando o artesanato ele acompanha-me o caminho todo com a mão sobre as minhas costas como sempre fazia e com a outra mão carregando o meu casaco que me deixava com a sensação de proteção de sempre, as vezes me perguntava se era hábito ou uma forma de manter as duas mãos ocupadas para ninguém lhe tocar, mas o olhar das pessoas da cidade na gente nunca me passou despercebido no início incomodava-me era como se me queimasse, mas ao longo dos anos não me importavam mais eu sabia que por mais que tentasse nunca ia atingir as expectativas de todos a opinião que realmente me importava era a minha e não fazia nada errado só seguindo a minha vida, com as pessoas que eu amava e não abriria mão disso.

Compramos pastel e suco e ficamos a comer tranquilamente em uma mesinha olhando um casal com uma criança num balanço.

Luna: — Amanhã vou à casa da sua mãe, vou levar a gatinha para ela, a dona ligou-me no sábado dizendo que ela já está pronta para adoção.

Igor: — A minha mãe vai adorar tanto você ir lá, e ter um filhote de gatinho, ela ficou muito triste quando a nossa antiga morreu.

Luna: — Ela estava muito velhinha.

Igor: — Sim, já tínhamos ela antes de mudar para cá.

Igor: — A minha mãe não me escute, mas sempre gostei mais de cachorros.

Luna: — Eu também amo poderíamos ter um no futuro.

Igor: — Pensa que conseguiríamos ter com esses horários doidos?

Luna: — Por que não vamos revezar os cuidados, e também podemos procurar uma raça dócil e mais tranquila posso levar para a clínica para passar o dia comigo, a Melissa também adora.

Igor: — Eu adoraria ter um cachorro.

Igor: — As vezes acho até engraçados, moramos juntos e acabamos a planejar coisas como um casal.

Ele fala pensativo.

Luna: — Engraçado pensar na gente como um casal?

Igor: — Não tá um pouco, sei lá fico a pensar e quando entrar alguém nas nossas vidas, um relacionamento como o outro vai ficar, temos que separar tudo, o que está ligado a nós dois igual o cachorro com quem ficaria guarda compartilhada?

Luna: — Não pensa assim, nós vamos ficar bem e vamos manter os nossos planos como sempre fizemos, eu sei que parece tudo confuso agora.

Sinto-me aliviada que a preocupação dele seja não achar estranhos um relacionamento, estou com tantas dúvidas pelo que sinto e sei exatamente quem pode dar os conselhos certos e amanhã eu ia ter eles.

Mais tarde nos sentamos no banco perto do lago tomando sorvete.

Igor: — Lembra quando nós quatro ficávamos aqui jogando perguntas e respostas.

Luna: — Claro, sempre fazíamos isso.

Luna: — Vamos jogar?

Jogávamos sempre isso na adolescência era uma forma de sondar discretamente o que o outro pensava sobre tudo, era basicamente fazer as perguntas e esperar as respostas do outro eram sempre 6 perguntas que não poderiam deixar de ser respondida quem não respondia fazia a lição de todos de casa para a escola.

Igor: — Não temos mais lições de casa.

Ele fala a sorrir.

Luna: — Mas ainda temos todas as tarefas do apartamento e somos adultos, podemos responder perguntas.

Eu falo com um olhar de desafio viro de frente para ele no banco cruzando as pernas em cima do banco, ele repete o movimento ficamos frente a frente era assim que fazíamos na época acabamos, a dispensar o papel tesoura para escolher quem deveria iniciar então como um cavalheiro eu comecei a perguntar e ouvindo as suas respostas.

Eu pergunto para o Igor:

1- Pior mania? — Essa é fácil café.

2 - Amor ou sexo? — Quente antigamente não fazíamos esse tipo de pergunta assim na lata, nunca fiz amor só sexo.

3 - Filhos? — Dois se possível.

4 - Dinheiro ou poder? — Dinheiro com o meu esforço e trabalho, acredito que o poder muitas vezes mostra o pior lado das pessoas, ultrapassam os limites.

5 - Algo que mudaria em você? — As minhas mãos.

6 - Melhor beijo? — Ainda não tive.

Essa última resposta deixa-me corada com a forma que me olha, estou desconcertada, então tento mudar o clima.

Luna: — Se livrou da faxina.

Igor: — Agora é a sua vez.

Ele pergunta-me:

1- Quando nós conhecemos o esbarrão foi só minha culpa? — A nossa essa foi profunda, eu poderia ter evitado eu percebi que você estava distraído eu poderia ter evitado era só eu mudar de direção, mas se eu fizesse isso poderia não ter outra oportunidade de aproximação.

2 - É possível amar sem sexo? — Sim.

Sou firme na resposta, pois eu senti isso por ele mesmo tendo só toques de amizade.

3 - Maior mico? — Você sabe do ensino médio que eu caí na frente de todos na apresentação de Natal, eu ainda lembro das risadas disfarçadas, de vocês os meus amigos.

Igor: — Desculpa, mas não são todos os dias que agente presencia um Elfo cair quase derrubando todas as renas.

Luna: — Próxima pergunta.

4 - Já pensou em mim como namorado nós como um casal além da amizade? — Várias vezes penso nisso.

Não era mentira o que mais eu desejava e noto o seu olhar surpreso várias vezes piscando, não esperava está resposta e demora um pouco para fazer a próxima pergunta.

5 - Para você um dia perfeito? — Penso que não existe um dia perfeito, e sim vários dias bons e quando eu puxo na memória todos você estava neles, ou a Melissa e o Breno hoje, por exemplo, é um deles.

6 - O que não abre mão? Da minha paz não me deixo abalar pelo que as pessoas pensam mais sobre mim.

Ficamos em silêncio absorvendo as informações com a minha cabeça no ombro do Igor e agora como eu queria pegar na sua mão, mas não tive coragem, mas se no futuro se tivéssemos um relacionamento queria conversar sobre isso com ele gostaria de saber mais sobre ele, o que senti em relação a elas ao ponto de querer mudar elas.

Já era final de tarde quando chegamos em casa o Igor faz uma massa com molho de quatro queijos para nosso jantar eu faço um suco de laranja, jantamos em silêncio, na verdade notei que o Igor ficou bem silencioso depois da brincadeira no parque só me respondia se perguntasse algo.

Então despeço-me para ir para o meu quarto para organizar as minhas coisas para amanhã, mas quando estava prestes a dar boa noite ele perguntou-me.

Igor: — Sabe a pergunta que eu fiz sobre pensar na gente como um casal foi logo, quando nós conhecemos que você pensava sobre isso enquanto estávamos ficando amigos?

Luna: — Não foi alguns anos depois, e ainda penso muito sobre isso na verdade.

Paro diante dele e o beijo novamente no canto da sua boca, como fiz na noite de ontem.

Igor: — Você tá brincando com fogo!

Luna: — Talvez o que mais eu quero é queimar-me, boa noite obrigada por hoje foi incrível.

Saio deixando a provocação no ar e ansiosa em saber onde isso tudo vai dar e do fundo da minha alma espero que termine com ele ao meu lado para minha vida toda, e não somente como um grande amigo.

Para mais, baixe o APP de MangaToon!

novel PDF download
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!