Tranquilidade

Igor

Tudo que eu queria essa semana era ter um minuto de tranquilidade mas estava fora disso, plantão que não acabavam mais, chego em casa sempre pela madrugada exausto quando não fico pelo hospital mesmo, pela sala de dormitórios dos residentes.

Estou exausto com a mudança de tempo, na semana passada estava uma temperatura agradável já essa bem fria o outono era assim aqui alternando entre dias frios e amenos, várias crianças deram entrada com problemas respiratórios nada muito grave, mas exigia observação para não evoluir para algo mais grave.

Hoje quando saí do apartamento encontrei um bilhete na geladeira, da Luna essa semana passamos assim conversando por bilhetes duas vezes, cheguei em casa e a encontrei no sofá dormindo tranquilamente parecia um anjo loiro com a sua boca rosada e cílios longos, me esperando.

Bilhete da Luna: Bom dia estou com saudade, obrigada pelo cobertor, e no domingo na sua folga vou preparar algo para gente não combina nada com ninguém.

Beijos Luna

Estou deitado na salinha de descanso, tenho duas horas até fazer a última inspecionada dos pacientes novamente, para poder ir para casa quando escuto o barulho da porta sempre é um entra e sai devido às camas, o horário mais tranquilo de se ficar é na parte da madrugada onde diminuiu um pouco os turnos.

Breno: — Há um tempo vamos comer um sanduíche, estou louco de fome?

Igor: — Vamos sim, quero conversar um pouco, já estou enlouquecendo de tantos plantões, preciso de um pouco de conversas normais.

Breno: — Vem, vamos, eu tenho só uma hora.

Chegamos na cantina e ficamos mais discretos numa mesa ao fundo, eu pego suco e um sanduíche, já o Breno um prato feito com o suco, pois ia ficar toda a noite no hospital.

Breno: — A Helena mal chegou para o turno e já perguntou se você ainda estava aqui.

Helena era uma enfermeira que estava sempre atrás de mim, ela mora a pouco tempo na cidade e tenho que admitir que ela é uma morena muito bonita, mas eu já tinha interesse por outra pessoa que não sai da minha cabeça.

Igor: — Vou tentar não encontrar ela, estou cansado do joguinho de sedução que ela faz.

Breno: — Ela é bonita, por que não tenta.

Igor: — Isso nunca dá certo, eu acabo ficando com as garotas procurando o que eu gosto na Luna.

Breno: — Conseguiu ver que ela está semana?

Igor: — Só dormindo mesmo no sofá.

Igor: — E você parou de se pegar pelos corredores?

Breno: — É só no horário quando vamos embora e tecnicamente no estacionamento, então não é no meu local de trabalho.

Breno: — Não sei se ele quer avançar o relacionamento ter algo sério, mas não é tão fácil assim.

Igor: — Gosta para isso ter um relacionamento sério, nunca foi de se ligar por muito tempo.

Breno: — Não sei muito cedo ainda.

Breno: — A Luna andou-me a sondar na semana passada quando fui tomar café com ela se você não anda a sair com ninguém do hospital.

Eu acabo a sorrir todo bobo pelo interesse dela.

Igor: — Então ela perguntou, sabe que posso estar muito louco mas penso que nos últimos tempos a Luna está a dar em cima de mim.

Breno: — Fale mais sobre isso.

Ele fala com ar de interesse, eu falei tudo até dos beijos que não estavam mais sendo totalmente no rosto os olhares, tive impressão no filme que olhamos no domingo que ela estava me devorando com o olhar.

Igor: — Ainda adverti que estava a provocar brincando com fogo, ela disse querer se queimar.

Breno: — Essa é a nossa Luna, meu amigo finalmente, penso que ela tá colocando tudo para fora.

Igor: — Pensa realmente que ela quer algo, ela sempre me mostrou só interesse de amigo.

Igor: — O que eu vou fazer, eu não vou conseguir Breno se ela quiser só algo passageiro, vai estragar tudo eu amo ela não vou conseguir voltar a ser o amigo entende.

Igor: — A nossa amizade não ia continuar, eu teria que me afastar para o meu próprio bem.

Breno: — Se joga de cabeça nisso, não pensa tanto, vive é algo que quis sempre, eu ia preferir experimentar do que ficar a vida toda imaginando como poderia ser estar com ela.

Breno: — Se não for para dar certo pelo menos, vai servir para você seguir, em frente você meu amigo não pode viver vida toda com tudo atrelado a ela se não vão ficar realmente juntos.

Igor: — Tem razão.

Breno: — Eu sempre tenho razão, eu realmente acredito que têm tudo para dar certo.

Nisso escutamos um alvoroço estranho numa noite de quarta, era sempre mais calmo, o final de noite ainda mais numa cidade pequena quando escuto a Helena nos chamando.

Helena: — Doutor Breno, um acidente de carro na cidade vizinha duas famílias estão a ser trazidas para cá.

Isso acontecia muito, pois aqui tinha mais recursos.

Helena: — Dizem que um motorista fez a ultrapassagem, cinco adultos e Doutor Igor uma menina de seis anos, em estado gravíssimo o socorrista avisou que já teve duas paradas no caminho, precisamos nos prepararmos chegam em 20 minutos.

Saímos a correr a deixar o que estávamos a comer para trás colocando as luvas e pegando, tudo que era necessário para as primeiras avaliações, e vamos para entrada do hospital era a espera mais longa podia ser horas minutos de espera segundos, mas para gente parecia que se arrastava, tudo se silenciava, mas para os pacientes era o tempo que voava cada minuto pela vida contava era a luta da vida entre a morte, era o tempo de se apegar no último fio de vida e não soltar está amarra, mas nem sempre isso era possível.

Assim que as ambulâncias chegam os adultos são retirados o que eu acho estranho, pois a criança seria a prioridade, pois ela teve duas paradas cardíacas quando observo os dois socorristas tirando ela da ambulância, aproximo-me ele faz o sinal negativo com a cabeça levamos ela para dentro checo todos os seus sinais vitais também noto que ela tem muito líquido livres pelo inchaço no abdómen e tórax.

Socorrista: — Múltiplos traumas, e sangramento interno administramos adrenalina fizemos a animação completa, mas ela não voltou depois da terceira parada.

Eu coloco a minha mão na da menina gelada e roxa, não existia mais nada ali, um sentimento, um sopro de vida era um pequeno anjo que partiu, eu poderia trabalhar anos nesta profissão e nunca estaria preparado para essa perda.

Então a noite foi de papelada com o socorrista, para decretar o óbito declarando todos os procedimentos executados a hora da morte. Depois o pior momentos observar o desespero dos familiares, ao saber da notícia da perda da menina Clarisse esse era o nome dela eu vou de luvas para dar a notícia não queria compartilhar esses sentimentos, nesse momento eu sentia-me fraco e impotente não queria lidar com a dor brutal destes pais, antes de ir embora do hospital dou a última checada em cada paciente.

Vou para casa já são quatro horas da manhã que dia de merda, entro no apartamento com tudo escuro e tomo um banho e quando vou para deitar na minha cama não consigo não pensar no rosto lindo da menina, dormindo no seu sono tranquilo e permanente não consigo ficar ali.

Vou para o quarto da Luna que dorme, só de estar com ela já fico mais tranquilo, eu vou bem devagar e deito na cama dela de frente para ela, mas ela meia sonolenta me olha para tentar entender o que estava a acontecer.

Luna: — Perdeu alguém?

Ela conhecia-me muito bem.

Igor: — Na verdade, nem tive oportunidade de salvar.

Luna: — Eu sinto muito.

Igor: — Eu também posso ficar aqui, eu prometo ficar quieto.

Luna: — Claro, precisa conversar.

Igor: — Não só quero esquecer ficar aqui quieto com você.

Eu pego e dou um beijo na testa dela.

Igor: — Não se preocupe, princesa, pode voltar a dormir eu também vou tentar.

Eu durmo após meia hora, acredito que a respiração constante o cheiro da Luna acalma-me e tenho um sono pesado pelo cansaço sem sonhos. Acordo pela manhã e dou um beijo na testa da Luna antes de sair da sua cama, vou para o meu quarto tomo um banho e depois o meu café da manhã antes de sair deixo um recado na geladeira agradecendo por ela ter deixado eu dividir a cama, com ela e um comentário que hoje ainda vou trabalhar a lembrar do cheiro dela.

Depois disso saio para mais um dia de trabalho, esperando que seja um dia melhor sem nenhuma perda pelo meu caminho.

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