O pressentimento

Ethan

Hoje eu e meu bando saímos juntos para uma caçada esportiva. No entanto, minha Luísa não pode nos acompanhar.

Sinto-me um pouco frustrado por não poder compartilhar esse momento com ela, mas sei que é impossível.

Durante a caçada eu lidero o bando, ensinando eles a se moverem de maneira cooperativa para um bom trabalho em equipe.

Em certo momento, quando decido que já era hora de encerrar a caçada, sinto um forte pressentimento de que Luísa, está em perigo. Parto imediatamente com meu bando em busca dela.

Chego até ela, que está próxima da divisa do nosso território com os sanguinários, com algumas frutas na mão. Abraço-a desesperadamente e pergunto:

— Você está bem ?

Procuro por sinais de perigo ao redor, mas não encontro nada.

Luísa está um pouco nervosa e me conta:

— Sim, apenas me assustei com uma cobra.

Levo-a de volta para a tribo, transformando-me em lobo e permitindo que ela suba em minhas costas.

Embora estejamos seguros em casa, sinto que ela está escondendo algo de mim.

E então decido questiona-lá, realmente, e encarando profundamente ela eu digo:

— Você está realmente bem? - perguntei, ainda preocupado.

— Estou sim, foi só um susto.

— Eu não teria paz se algo acontecesse com você e eu não estivesse por perto. - respondi, sentindo uma onda de alívio me percorrer.

Luísa sorriu para mim, mas percebi que havia algo em sua expressão que ela estava escondendo.

— O que houve? - perguntei, encarando-a com atenção.

— Nada, só estou feliz que você voltou. - ela respondeu, mas sua voz estava tensa.

— Não me engane, Luísa. Eu posso sentir quando algo está errado. - eu disse, segurando seu rosto entre minhas mãos.

— Tudo bem, na verdade a cobra, iria me atacar, mas eu fui salva. - ela admitiu, hesitante.

— Salva por quem ? - perguntei, sentindo meu coração acelerar.

— Um dos lobos dos Sanguinários. Ele estava perto da nossa divisa no momento eu acho. - ela respondeu, com a voz baixa.

Um rosnado escapou dos meus lábios involuntariamente. Os Sanguinários eram conhecidos por serem uma matilha agressiva e violenta, não fazia sentido algum, um deles salvar a Luísa, ainda mais agora que o Alfa deles sabia que ela era minha companheira, tem algo muito suspeito nisso. E eu irei descobrir.

— Você devia ter me contado antes. - disse eu, preocupado.

— Eu sei, desculpe. Eu só não queria que você se preocupasse ainda mais. - ela respondeu, me abraçando.

— Eu sou o Alfa, Luísa. Eu tenho que me preocupar, é meu dever. - respondi, acariciando seus cabelos.

— Eu sei, mas agora estamos juntos. - ela disse, me olhando nos olhos.

Eu sorri para ela, sentindo-me grato por tê-la ao meu lado. Juntos, iríamos enfrentar qualquer ameaça que se apresentasse.

Durante a noite, enquanto Luísa dormia, reuni os machos da matilha e partimos em direção ao ponto de encontro com os sanguinários.

Antes da noite cair, mandei um lobo do meu bando entregar o recado a Lincoln de que eu queria uma reunião com ele, e agora o esperava chegar.

Lincoln chegou acompanhado de apenas alguns machos de seu bando, e logo notei um machucado em sua pata de lobo. Sem querer me demorar, disse a ele:

— Eu já havia deixado claro que não queria seus lobos em meu território, Lincoln.

Ele me encarou e respondeu:

— E quem disse que meus lobos estavam em seu território?

— Um dos seus lobos salvou minha companheira, o que significa que ele esteve no meu lado do território.

Lincoln se aproximou de mim e disse:

— Você deveria me agradecer. Se sua bela companheira está sã e salva em sua tribo, é graças a mim.

Fiquei momentaneamente sem reação ao compreender que tinha sido ele quem salvou Luísa e machucou a pata. Era verdade, eu deveria agradecê-lo, mas não queria dar a ele a satisfação de um alfa como eu o fazendo.

— Não tenho nada que agradecer a você, Lincoln. Eu teria chegado a tempo de salvá-la.

Ele sorriu e disse:

— Com toda certeza! Agora que tudo está esclarecido, até logo, Ethan. Mande minhas saudações a sua doce companheira.

Ele se foi, mas algo em seu olhar e em sua atitude me incomodou. Não queria que ele sequer olhasse para Luísa ou que ela olhasse para ele. Algo me fez questionar suas intenções.

Voltei para casa, onde Luísa ainda dormia, e por um breve momento a observei, com medo de perdê-la e questionando se nossa conexão era forte o suficiente.

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