Conexão

Luísa

E aqui estamos, eu e Ethan, nos encarando profundamente. São tantas perguntas que eu tenho para fazer-lhe. Os meus sentimentos estão confusos. Em meio a tantas coisas importantes para pensar, me pego a lembrar de mim sobre as suas costas.

Penso comigo, será que ele me achou muito pesada? Será que até para um lobo eu estava muito pesada? Reparei que todos aqui são de porte definido. As lobas são lindas, com seus corpos esguios. Eu sei o quão desajeitada fico entre eles. Sei que por ser uma humana em meio a eles, isso torna-me fraca e pode acabar a prejudicar-os, pois eles são fortes e até os seus pequenos lobinhos são mais fortes que eu.

Então, Ethan tira-me dos meus pensamentos torturantes e diz:

— Você está melhor, Luísa? Precisa de algo? — eu apenas digo:

— Eu estou bem, Ethan, na medida do possível, é claro.

— E eu sei que você deve ter muitas perguntas. Se quiser, pode fazer cada uma delas que darei o meu melhor para respondê-las.

— A nossa união foi uma espécie de casamento?

Pergunto-lhe. Então ele parece um pouco confuso e diz:

— O que é um casamento? — então eu mentalmente xinguei-me. É óbvio que ele não sabe o que é. Ele apenas sabe falar como um humano, mas não é um.

— Casamento para os humanos é quando duas pessoas se gostam e se casam. Vivem juntas e constroem uma família. Mas nem sempre casamento simboliza o amor.

— O meu pai falou-me uma vez a respeito do sentimento humano. Ele disse que o amor para vocês, é o que nós chamamos aqui de conexão.

— É, acredito que é isso.

— Julgo que podemos dizer que nós, casamos então, no ponto de vista da união humana. — ele diz-me isso olhando-me profundamente.

— Eu ouvi a sua voz na minha cabeça aquele dia na floresta. Isso faz parte da nossa união como almas gêmeas? — pergunto.

— Sim, eu quis testar para ver se funcionaria com você, já que você é minha alma, gêmea. Nós lobos fazemos isso naturalmente entre qualquer lobo, seja ele da mesma matilha ou não. — ele responde.

Então, sem esconder mais, eu digo-lhe:

— Eu estou com medo, sinto-me sozinha aqui, pois sou a única humana. Sou extremamente frágil em comparação a vocês lobos. Eu posso colocar vocês em perigo, como aconteceu na floresta.

— Eu entendo, Luísa. Sei como deve estar a ser difícil para você. Mas quero que saiba que tem a mim e a matilha. Não está sozinha. E aquele dia na floresta, não colocou ninguém em perigo, além de você mesma. Mas o erro foi meu. Devia ter-me certificado se estava seguro ou não.

— Eu quero-te pedir desculpas, Ethan, pela mordida que dei em você. Foi um impulso que me deu e não consegui controlar.

— Quem deve pedir perdão sou eu, como eu também não sei muito sobre a nossa união, na prática, devia ter-me informado mais, aquela a nossa mordida foi algo natural entre almas gêmeas, aquilo é um selamento da nossa união. - disse Ethan.

— Eu sei que essas coisas podem parecer estranhas para você, mas nisso nem eu sei-te explicar como é possível, entre nós lobos isso é normal, mas eu jamais imaginei que você sendo uma humana pudesse vivenciar isso, mas isso fez-me perceber que mesmo sendo,diferente não existe barreiras que possa impedir uma conexão de almas. — continuou Ethan.

— Eu disse algo que te ofendeu Luísa!? Não foi minha intenção fazer-lhe chorar.

Questionou Ethan preocupado, pois eu comecei a chorar quando ele disse isso, senti verdade e um sentimento puramente genuíno vir dele, enquanto ele me dizia tudo aquilo.

Então, refleti comigo mesma sobre a conexão sobrenatural que estava, a vivenciar com Ethan, existe uma ligação tão forte na espécie dele ao acharem as suas almas gêmea, e parecia tão natural para ele e para os lobos em geral.

Avançei sobre ele e o beijei, percebendo que não importa as diferenças entre nós, a conexão de almas é algo poderoso que não pode ser explicado.

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