Três

Os dias passaram lentamente desde o inconveniente com Egal, sendo sacerdote ou não, ele provavelmente estaria se corroendo por dentro neste exato momento.

Darlen finalmente sossegou depois daquela breve conversa no meio da vila, por mais que fosse ser útil para ela, a parte de mim que ainda amava viver e amava a vida como ela deveria ter sido para mim e para ela, não permitia que eu a condenasse de tal forma.

Levaram bons anos para que eu conseguisse me recuperar do ódio e do nojo da minha própria pele, do cheiro que ficou em mim durante semanas inteiras. O suor noturno e diversas marcas arroxeadas duraram dias, minha mente… ela ainda não tinha se recuperado.

Durante os dias em que eu não era obrigada a caçar uma nova vítima azarenta, eu me forçava a passar horas mexendo em uma pequena horta que fiz nos fundos daquela casa. Vasos de barro e a própria terra no chão eram cobertas por hortaliças e vegetais, a maioria deles peguei alguns meses depois de desistir da casa queimada dos meus pais. Roubei aquilo que conseguia replantar e montei minha própria horta.

Não era nada que pudesse me trazer fartura algum dia, no entanto, conseguia matar a fome quando batia na porta. Carnes e peles eu conseguia comprar apenas por vender um pouco do que conseguia produzir sozinha, haviam dias que eu trocava apenas para me saciar de um pedaço de cordeiro ou até mesmo de coelho.

O que também não era muito, pois os caçadores da vila não saíam distribuindo a preços baratos toda a peça. Eles tiravam as melhores partes para si e vendiam as sobras, era uma maldita escassez.

Nos dias mais quentes, a vila descia para o litoral e acampavam no pé da montanha onde conseguiam pescar e suprir um pouco do que lhes faltava de carne.

Mas eu não.

Eu era uma mulher exilada, desde os meus dezoito anos vivi sozinha e perdida naquela escuridão que permitiram me engolir. Meus cabelos sempre foram um fardo para os meus pais, a cor, o volume que eles tinham eram motivo para desgostarem de mim. Diziam que os portadores daquelas cores tinham um destino terrível, traçado e marcado pela dor e até mesmo a própria desgraça.

Eles pareciam estar certos.

Peguei um dos baldes que ainda conseguiam segurar água suficiente para regar o pouco de folhagem que ainda crescia naquela horta, o poço ficava no meio da vila e todos que moravam ali e aos arredores podiam retirar um pouco dele. Novamente, menos eu.

Os olhos acusadores e furiosos acompanhavam todos os meus movimentos, desde amarrar a corda em volta do ferro e da madeira, até descer a corda para finalmente enchê-lo. Ignorei cada um deles como se não existissem, puxei a corda até que pude me ver refletida nas ondas da água escura.

Os olhos pretos e cansados, o rosto magro coberto por sardas finas e evidentes. Detalhes que me transformavam pouco a pouco na bruxa que eles haviam inventado, mas eu sequer passava de uma maltrapilha, as roupas mal serviam em mim e a outra parte que consegui salvar das madeiras queimadas da antiga casa, estavam pequenas e deixavam meu corpo quase em evidência.

Deveria ter sido queimada junto com os pais. Suspirei enquanto puxava a corda para poder desamarrar o balde. Não fale besteiras, quer que ela amaldiçoe você?. Mordi os lábios tentando como sempre — e quase falhando — não me deixar abalar. Ficou sabendo que ela tentou levar o sacerdote para a cama?. Eu ri e mantive meu queixo erguido quando me levantei da beirada do poço. Ela tentou seduzi-lo.

O burburinho continuou até que eu me virei para encarar o círculo de mulheres que haviam se formado do outro lado, na direção contrária da minha casa. Elas pararam assim que sorri e me curvei como uma longa reverência mostrando todo o decote — que não era intencional — que mostrava a superfície macia.

Não as provoque. — O poder ondulou me alertando, eu mordi o lábio tentando não xingar aquele som na minha mente em voz alta e não parecer ainda mais louca do que elas achavam. — Muito bem, menina esperta.

Deixei minhas palavras de ódio para elas de lado e me recompus, a maldita voz tinha razão e eu não tinha energia para me desgastar sendo quem eles criaram em suas cabeças.

Boa menina. — Pigarreei ignorando minha própria mente. Eu não tinha idade mais para perder meu tempo discutindo com a maldita voz na minha cabeça.

Não seja hipócrita, nós dois sabemos muito bem o quanto você aprecia meus elogios. — Fingi não ter ouvido e continuei meu caminho para casa, já tinha intimidade demais com essa voz para deixar que me influenciasse agora, seis anos foram suficientes.

Eu estava exausta de tudo o que vivi todos esses anos e abrir uma brecha para que me provocassem… seria um pedido para que o sacerdote voltasse a minha casa, e eu não teria escolha; Mostrar a ele que não era sábio mexer comigo e isso daria a ele mais motivos de colherem madeiras para a minha fogueira.

Isso não irá acontecer. — Talvez não. Pensei enquanto caminhava ferindo a sola dos meus pés com o caminho irregular.

Eu já fui ameaçada diversas vezes, não só pelos fiéis que seguiam o sacerdote, como pelas mulheres que imaginavam, em suas cabeças pouco inteligentes, que eu ocupava meu tempo tramando para roubar seus homens. Lembrar das palavras desacreditadas de Darlen me fazia sorrir.

“Eliz e Carmen estavam fofocando para a minha mãe,ela ria empolgada com os pés para cima da minha cama,as duas disseram assim: "inacreditável, como posso ficar tranquila quando meu marido sai para caçar, ainda mais em noites de lua cheia, sabendo que ela anda por ai nessas noites a procura de homens para se satisfazer?”

Eu mesma fiquei impressionada com a imaginação fertil dessas mulheres quando Darlen veio me contar.

“Então Carmen concordou e falou para a minha mãe: “E eu? Secretamente, tenho que usar roupas vulgares para o meu marido para que ele pare de comentar dos peitos daquela bruxa.” Aylena, eu gargalhei no fundo da venda e minha mãe teve que jogar um pedaço da maçã que comia para que eu parasse de rir.”

No mesmo dia, lembro-me de tocar em meus próprios seios na tentativa de descobrir se eram realmente tão grandes e chamativos quanto diziam. No entanto, eles sequer conseguiam encher os vestidos que eu comprava mais barato com Darlen — escondido, claro, dos pais dela.

Deixei o balde cheio de água em cima da madeira desgastada da entrada de casa enquanto tentava abrir a maldita porta emperrada.

Fuja, agora! — Minha mente ondulou, mas a ignorei como sempre fazia.

Eu não fingia que não a ouvia todas as vezes, também a ignorava constantemente. Às vezes, essa mesma voz me enlouquecia e conseguia mexer com partes de mim que não eram de sua conta, então, aprendi como silenciá-la e ignorá-la quando fosse necessário.

O que acontecia diversas vezes durante o dia.

Aylena…

Abri a porta e puxei o balde cheio para dentro, eu tinha muitas coisas para fazer além de fazer todas as suas vontades.

— Sua hora de pagar chegou, Aylena…— ouvi a voz de Egal sibilar assim que fechei a porta atrás de mim.

Por mais que eu imaginasse que ele estava quieto por tempo demais desde o que aconteceu aqui, nessa mesma sala caindo aos pedaços, eu sequer cheguei a imaginar o quanto ele poderia ir tão longe assim.

Egal sorria, um sorriso estranhamente satisfeito e cruel.

Com os braços cruzados na altura do peito magro e esquelético, ele sorria vitorioso. Haviam homens por todos os lados, vestidos com armaduras, cobertos com ferro brilhante e polido, empunhavam espadas em suas cinturas e permaneceram firmes em seus lugares acompanhando meus pequenos movimentos.

— O que fazem em minha casa? — fui direta, sabia que não poderia fazer nada além de encará-los e falar, qualquer movimento poderia ser uma sentença de morte.

— A senhorita está sendo acusada de bruxaria — gesticulou um dos homens, com uma sutil capa azul escuro, adornada de linhas douradas e entrelaçadas em suas bordas — e pelo que parece, — o homem apontou para todo o espaço desgastado da minha casa. — este homem religioso está certo.

Aylena… — O poder chiou dentro de mim.

Eu comecei a rir.

Não foi qualquer riso, surgiu de dentro de mim uma vontade intensa de gargalhar. Eu não sabia dizer se era de desespero ou se era por incredulidade, no entanto, não importava.

Os homens arrumaram suas posições como se esperassem um ataque meu, como se essa magia que eles inventaram realmente existisse e os fosse atingir a qualquer momento. Mas isso não aconteceu, eu não era uma bruxa e nunca fui.

Ainda assim, senti meus ossos começarem a tremer e aquele mesmo poder que invadia meu corpo nos dias que eu subia a colina se revirou dentro de mim. E dessa vez não era para aceitar aquilo que eu levava para entregar ao fogo, não era o poder excitado para consumir os gritos que eu absorvia nos momentos em que os escolhidos descobriam que iriam morrer.

Era ódio, uma raiva intensa que não chegava aos pés do que esse mesmo poder sentia quando eu precisava estar nua em cima das vítimas, absorvendo sua vida enquanto eles me tocavam com luxúria.

— Desgracado! — chiei e assustei com o som que saiu do fundo da minha garganta, grossa, parecia que haviam duas pessoas falando.

Os homens me olharam como se houvesse um monstro diante deles, com os olhos arregalados, quase pulavam de suas órbitas. Suas espadas estavam apontadas para mim na tentativa de me afastar.

Eu quero todos... cada um deles. — O poder aumentou em minha mente e eu estava disposta a dar, a me submeter para que pudesse ouvi-los gritar, um por um, até que sobrasse Egal, sozinho e cheirando a medo.

— Inferno — Egal finalmente falou chamando minha atenção, saindo do transe de medo e surpresa que todos estavam — essa mulher tem pacto com os demônios dessa terra! Prendam-na! A atirem no fogo!

Os homens avançaram e eu não tinha nada em minhas mãos para me defender. As sombras que me acompanhavam nos rituais não passavam de uma fumaça que surgia para receber o sangue cheio de morte que fluía em minha veia, nunca as vi no momento em que os homens me tocavam imaginando que me teriam em suas camas e não houve um dia sequer que obtive poder real para seduzi-los até que eles me convidassem para as suas casas.

Mas ali era diferente, meus dedos queimaram e de suas pontas jorrou um líquido preto e viscoso. Minhas entranhas reclamaram pelo esforço e cada um de meus tendões doeram.

Aguente, menina. — Aquela voz me incentivou.

Me lembrei de respirar apenas por sentir os pulmões arderem, fechei os olhos mesmo sabendo que poderiam me alcançar a qualquer momento e finalmente arrancar de mim toda aquela dor.

Foque em um!

Abri os olhos como se soubesse o que fazer e foquei em um... apenas um, aquele que me envergonhou durante anos, que transforma meu dia a dia num inferno infinito.

Egal gritou e o líquido viscoso explodiu se transformando em uma fumaça preta, os homens ao redor paralisaram enquanto Egal era tomado por um redemoinho de nuvens negras. Ninguém conseguia falar, eu ouvia apenas grunhidos e resmungos desesperados enquanto eles eram cobertos por uma massa densa e pegajosa que flutuava ao redor de cada um.

Mas com o sacerdote... meu sorriso voltou quando me aproximei o suficiente para ver meu reflexo nos olhos castanhos.

— Me dê seu sangue. — a voz que murmurava em meus pensamentos ronronou, como se flutuasse ao redor dos homens, entranhado naquela fumaça densa. — Mentirosos e hipócritas morrem engasgados pelo próprio sangue...— a voz grave riu e ondulou. — mentem sobre seus pecados... mentem sobre suas conquistas... mentem sobre jovens que você salvou... — eu não tinha palavras, eu não conseguia abrir meus lábios enquanto me via refletida naqueles olhos assustados. — mente sobre como os achou, machucados e sozinhos, saberão sobre você... mentiroso...

Egal ofegou e engasgou quando o sangue começou a sair por seus lábios finos, a voz que desde o início, desde que havia me tomado para si, agora ria satisfeita enquanto o sacerdote me implorava com os olhos por socorro.

O sangue pingava na madeira rachada do piso e escorria para entre os vãos manchando e respingando em meu vestido, o verde musgo desbotado agora ganhara uma borda pegajosa de sangue enquanto Egal soluçava sem conseguir puxar o ar que tanto precisava para respirar.

— Me dê o sangue dele, menina — a voz pediu novamente. — Me dê pecados.

Eu avancei sobre o sacerdote, como se estivesse tomando para mim sua vida da mesma forma que fazia com os homens em suas camas. Apertei o pescoço grosso coberto por pelos mesclados entre brancos e pretos, isso era o poder, isso era a sombra que desejava loucamente cada sacrifício que eu lhe entregava. Elas viam tudo, sabiam de seus desejos mais íntimos e obscuros, cada um deles.

Sorri finalmente vendo o medo esvair assim como a vida que existia nos olhos castanhos, Egal revirou os olhos mas não antes de me deixar ver os meus próprios olhos sendo refletidos ali. Minhas órbitas pareciam queimar e emanar a mesma fumaça densa que vazaram pelas pontas dos meus dedos, mas pareciam sangue e flutuavam vazando para fora de mim.

— Boa garota — o poder tremulou e cobriu o corpo inteiro do sacerdote assim que ele terminou de esconder os olhos dentro das pálpebras abertas. — está feito.

Então desmaiei.

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52 Cinquenta e Dois
53 Epílogo
54 Capítulo 1
55 Capítulo 2
56 Capítulo 3
57 Capítulo 4
58 Capítulo 5
59 Capítulo 6
60 Capítulo 7
61 Capítulo 8
62 Capítulo 9
63 Capítulo 10
64 Capítulo 11
65 Capítulo 12
66 Capítulo 13
67 Capítulo 14
68 Capitulo 15
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70 Capítulo 17
71 Capítulo 18
72 Capítulo 19
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90 Capítulo 37
91 Capítulo 38
92 Capítulo 39
93 Capítulo 40
94 Capítulo 41
95 Capítulo 42
96 Capítulo 43
97 Capítulo 44
98 Capítulo 45
99 Capítulo 46
100 Capítulo 47
101 Capítulo 48
102 Capítulo 49
103 Capítulo 50
104 Capítulo 51
105 Capítulo 52
106 Epílogo
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