Fraternidade

Pela manhã, Ticiana bateu na porta de Penélope, mas não esperou uma resposta para abrir.

— Bom dia, querida! — exclamou abrindo as cortinas de veludo vermelho — hoje é um grande dia, temos muito o que fazer!

Penélope levantou-se ainda sonolenta. Ticiana ajudou-a a se arrumar e as duas desceram até a cozinha. Lá algumas mulheres preparavam o café e o almoço, apressadas. Ticiana apresentou algumas delas: se tratavam de primas, tias e amigas.

— Todas vieram ajudar!

— Ajudar em quê?

— Ora, essa, bobinha! Ajudar a preparar o seu casamento. E nem pense que como noiva você ficará de fora! Anda, pegue esses legumes e comece a cortar.

Penélope obedeceu. Ao contrário do que ela esperava, foi uma manhã muito agradável. Ticiana era rígida, mas as outras mulheres não tinham medo dela. Riam, fofocavam e faziam comentários divertidos sobre tudo. Falavam sobre a casa, os maridos, a criação dos filhos. Assuntos sérios eram tratados com leveza, enquanto elas trabalhavam. Ah, e o aroma! O cheiro de azeite no ar! Na casa de sua avó, seu pai nunca havia deixado faltar nada, porém eles nunca tiveram alimentos tão abundantes e com tanta qualidade. Frutas, verduras, queijos! Tudo em fartura! Queria que minha nonna estivesse aqui, pensou Penélope com tristeza.

Ticiana percebeu seu semblante e a chamou pra junto dela.

— Sabe, a minha mãe me ensinou a fazer esse molho, ela aprendeu com a mãe dela, que por sua vez aprendeu com a sogra. Agora, ensinarei a você. — contou Ticiana, enquanto pelava os tomates — Eu chamo isso de tradição de força. Não é fácil ser mulher neste mundo, por isso devemos nos apoiar. Essas mulheres serão sua família agora, é importante que você conte conosco.

— Obrigada, senho... Tici. Lembrarei disso. Por enquanto é tudo muito novo para mim.

— Você é esperta, vai se dar bem. Além do mais, agora é uma de nós, então pare de se esconder e comece a se orgulhar! — deu uma piscadinha amiga.

A tarde Penélope lavou-se e perfumou-se. As mulheres pentearam seus cabelos e arrumaram com delicadeza o véu rendado que Célia costurou. Ticiana ajudou a vesti-la. A pele dourada de sol contrastou com o branco puro do vestido de seda italiana, com uma cauda londa e mangas bufantes. Davvero tradizionale!, disseram as mulheres. Ticiana estava emocionada. Quando ficaram a sós, Penélope perguntou:

— Tici. Desculpe perguntar. Como Martino é?

— Bom, sou suspeita para falar. É um homem bem mais velho que você, mas muito bonito. Martino... tem um gênio difícil. Você pode não gostar ou se sentir acuada. Não faça isso. Uma verdadeira esposa se impõe. Se deixar que ele passe por cima de você, jamais lhe respeitará. Ele não é nenhum monstro, querida... Não deixarei que você fuja, hein? — disse, rindo.

Penélope olhou-se no espelho.

— Você está linda! Martino ficará encantado. Juro que nunca vi um rosto tão bonito nesta cidade.

As duas mulheres abraçaram-se. Novamente, Penélope lembrou de sua querida avó. Não pode impedir que uma lágrima escorresse dos seus olhos.

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