Giovanni estava muito satisfeito. Sozinho não havia ninguém que o repreendesse ou que ficasse dizendo "Giovanni faça isso, Giovanni faça aquilo". Nenhum soldado podia contrariá-lo sob a probabilidade de levar umas bofetadas.
Os homens sabiam com quem estavam lidando, achavam Giovanni meio maluco e olhavam entre si toda a vez que ele se alterava. Na ausência dele, arquitetavam espancá-lo.
— Dom Salvatore vai nos agradecer por fazer isso no lugar dele! — concluíam.
Contudo, nenhum deles era de fato corajoso para tal.
O plano até então ocorria com sucesso. Fora alguns ataques de fúria de Giovanni, o carregamento foi transferido para dois pontos diferentes e iria agora até o terceiro, um antigo cabaré, antes de chegar até o armazém.
Pararam o caminhão nos fundos do estabelecimento. Um dos funcionários fez sinal de alerta. Giovanni e dois soldados desceram para conferir. O funcionário cumprimentou Giovanni e disse:
— Senhor, cês não podem continuar. O caminho tá sujo, os guardas foram avisados.
— Avisados?!
— Esperávamos por isso, senhor — interrompeu um dos soldados — Os Rossi estão atrás desse carregamento. Eles seriam sujos a ponto de contactar a polícia para conseguir pôr as mãos nessa carga.
— Malditos! Figli di puttana! Eles pensam que podem mexer com a gente e ficar barato? Eu vou acabar com esses desgraçados!
— Senhor, aqui é seguro. Não se preocupe, os senhores só terão que esperar a ronda ir embora. — garantiu o funcionário.
Giovanni quebrou uma das garrafas de bebida que estava perto e entrou no prédio. Os soldados voltaram até o caminhão e avisaram os outros. Dois deles ficaram vigiando a carga e deveriam avisar caso houvesse algum problema. Os outros seguiram Giovanni.
Lá dentro o clima era de festa. O som ambiente, a bebida, as mulheres, tudo isso era tentador para Giovanni, mas ele sabia que deveria se manter focado. Afinal, não era todo dia que seu irmãozinho ficava em casa com a noivinha pra que ele pudesse botar pra quebrar. Ele sabia que o pai o subestimava, sabia o que todos pensavam: "Giovani é um irresponsável, Giovanni bateu na filha do Don Matteo, Giovanni dormiu enquanto fazia ronda". Eles vão ver só uma coisa. Vão ver como Giovanni é homem e serve pra muita coisa.
Giovanni começou a beber, estava zangado devido ao impedimento, mas principalmente porque não o levavam a sério. Seu pai até mesmo arranjou uma esposa para seu irmão. Uma esposinha qualquer que todo mundo está adorando. Eu posso arranjar a minha própria mulher, pensou. Embriago pelo álcool, Giovanni puxou uma das mulheres do cabaré para o colo. A moça começou a rebolar e a dar beijinhos em sua orelha.
— Você casaria comigo, certo, gracinha? Não com o imbecil do Martino.
— Ah, sim, senhor! Nenhum homem chega nem aos seus pés... — sussurrou a moça.
Pegou ela nos braços derrubando algumas taças pelo caminho e subiu as escadas, pronto para a lua de mel.
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Após algumas horas e passado seu desejo, a consciência de Giovanni voltou à tona e ele desceu as escadas. Dos três homens que o acompanharam, dois estavam desmaiados pela bebida, o outro desapareceu. Giovanni gritou com os que estavam ali e deu umas bofetadas pela desatenção. Ao passarem pela porta dos fundos, descobriram o paradeiro do terceiro.
Três soldados jaziam no chão do estacionamento vazio.
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Atualizado até capítulo 13
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