Fia o possível para esquecer que houve em casa e me divertir, mas TJ não estava muito disposto a trocar de assunto
- Então\, essa Mama é tipo\, sua mãe?
- Não\, é um lar temporário\, sabe\, quando não tem mais lugar em orfanatos ou quando desistem da gente. Aí ficamos em casas assim.
- A gente que você fala...
- Órfãos.
- Hum.
- Às vezes acho que você não me acompanha.
TJ sorriu e apertou minha coxa por um segundo antes de ter que me soltar para girar o volante.
- Então\, essa festa que está me levando\, é dos seus amigos?
- Não\, é no mirante. Nunca esteve lá?
- Ninguém me convida pras festas. Sabe\, sou a esquisita do lar de adoção e chegar na escola todos os dias com a Jeanine não ajuda muito.
- Ela é vidente e essas coisas?
- Não\, ela pega as coisas da Mama ás vezes e fica assustando a Mary Ann\, com o tabuleiro Ouija principalmente. Mas ás vezes é legal ter uma colega de quarto com a mesma idade que eu.
- Mary Ann é uma fofa\, ela que abriu a porta pra mim.
- Ela é sim\, mas não se engane\, ela é capaz de muita coisa.
Eu não conhecia TJ a muito tempo e talvez nunca o tivesse conhecido se não me trancassem na sala de fantasias do teatro quando ele estava buscando um lugar tranquilo para fumar.
Bem, não que ele fosse um cara superlegal e descolado, mas em comparação a mim, ele era.
- Você não teria uma identidade falsa\, teria?
- Para quê?
- Comprar umas cervejas. Bem\, deixa. Eu tô levando erva\, deve bastar. Você quer?
- Maconha?
- Um trago\, pra relaxar. Você parece tensa – ele deu um risinho fofo e lento.
- Não\, obrigada. Meu cérebro é muito importante para mim.
- Minhas notas são bem decentes\, sabia?
- Desculpa eu não quis dizer isso.
- Você acha que eu não te entendo\, Lou. Mas eu entendo. Você não pode falhar\, está sempre tentando provar para si mesmo que é boa e tudo bem\, de verdade.
- Obrigada.
Ele se virou para mim e sorriu, eu era grata por ter um cara tão tranquilo enquanto eu estava sempre tensa, mas minha visão periférica captou algo na estrada.
- TJ\, cuidado.
Ele virou o volante pouco antes de acertar um veado e caímos no acostamento.
- Você está bem? – ele perguntou preocupado.
- Estou e você?
- Bem\, nossa. Essa noite está esquisita.
- Você quer voltar? Podemos sair um outro dia.
Eu não esperava que minha voz saísse tão melancólica. Ele me olhou por um segundo, então se aproximou e deu um selinho breve.
- Você nunca foi a uma festa\, além disso o Jonathan tá esperando a gente lá\, se eu não for ele não tem carona.
Ele ligou a van e acelerou, o farol se tornando inútil contra a luz brilhante da lua cheia, senti um calafrio passar pelo meu corpo, uma sensação estranha surgiu na boca do estômago como se algo sinistro estivesse perto de acontecer, me lembrei da expressão de pavor no rosto de Jeanine e pela primeira vez quis saber o que ela havia pensado.
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Atualizado até capítulo 75
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