Pov Louise
Tirei os bobes do cabelo depois de uma hora com o secados na mão, meu braço dolorido com o peso quase não tinha firmeza, as mechas caíram sobre os ombros com perfeição.
- Só espero que esses cachos se mantenham a noite toda.
- Não vão\, sabe disso. Hei\, Frank\, qual a taxa de unanimidade hoje?
O garoto asiático levantou os olhos do livro e ajeitou os óculos no nariz.
- Está fazendo vinte e três graus com umidade de vinte por cento. Foi isso que perguntou Jason?
- É\, vinte por cento é o suficiente para seu cabelo.
Me virei e joguei um dos bobes no outro garoto deitado na cama, ele também lia, mas uma revistinha em quadrinhos sobre um ataque zumbi em um Drive-in.
- O que você sabe sobre isso\, Jay? Mal cuida do seu black power.
- Eu estou deixando crescer – ele deu de ombros.
Me virei para os garotos e coloquei a mão na cintura, esperando opiniões.
- Está assimétrico – fiquei feliz com isso\, era a forma de Frank elogiar.
- Podia estar pior – essa a de Jason.
Um gritinho agudo veio da porta, seguido de uma expressão de espanto na cara da caçula da casa, uma menininha loira de olhos azuis e rosto redondo.
- Você parece uma princesa.
- Obrigada\, acho que você também parece.
Ela se sentou na cama, braços caídos e pés balançando, sempre agitada.
- Quer dizer alguma coisa\, Mary Ann?
- Timmy tá aqui\, Mama tá falando com ele\, nas cartas.
- Ah\, não.
Jason começou a rir, uma gargalhada falsa e exagerada. Desci as escadas correndo e parei na porta da sala esotérica onde Mama trabalhava. Ela estava tirando três cartas de um monte e as colocou apoiadas na mesa, TJ estava de costas para a entrada em arco tenso, mãos apertando os joelhos e o pé batendo inquieto.
- Passado\, presente e futuro – Mama começou com a leitura\, encostei no arco a fim de ver onde aquilo ia dar – essa que representa o passado\, fala de sonhos e planos frustrados. Faculdade\, você queria ir para a faculdade?
TJ assentiu, sem dizer uma palavra.
- Sim\, faculdade\, um bom emprego\, sonhos desfeitos\, com certeza – Mama apontou para a segunda carta – presente. Ah\, eu vejo prazer carnal\, sorrisos e euforia\, muita luxuria\, mas não sorria – ela repreendeu e ele ficou ainda mais tenso\, a coluna tão reta que devia doer – a carta do futuro explica tudo. Choro de criança\, fraldas sujas\, um emprego chato e monótono para sustentar a esposa que não conseguiu terminar o colegial e olha – Mama disse alegremente - são gêmeos.
TJ se levantou de uma vez, derrubando a cadeira no chão.
- Oi\, Mama.
- Louise\, eu estava aqui lendo as cartas pro seu namorado.
- Acho que já fez demais.
- Tudo bem\, não vou atrasar vocês – Mama se levantou e olhou para Argyle seriamente – quero ela em casa antes das onze.
- Sim\, senhor – ele agitou a mão e tive certeza de que teria batido continência se soubesse como fazer.
- Vamos – o peguei pela mão a caminho da porta\, onde parei para pegar meu suéter – sabe que as cartas que ela tirou não dizem nada daquilo\, não é? Ela só estava te assustando.
- E funcionou\, eu não quero sexo essa noite\, não importa o quanto você insista.
Coloquei as mãos em torno do seu pescoço e o beijei, calmo e lento, como ele gostava de começar, quando me afastei sorrindo, ele manteve os olhos fechados.
- Não está se saindo muito bem.
- Você não me ajuda.
- Mama é uma charlatã – nossos rostos viraram para a gótica na ponta da escada\, as roupas pretas quase se misturando ao seu tom de pele – mas eu não sou. Quer que eu diga o que eu vejo?
Havia uma malícia mórbida em seu tom de voz.
- Acho que conheço você da escola. É Jane?
- Jeanine – respondi por ela – e não queremos que você veja nada.
Ela se aproximou mesmo assim e mesmo com meu olhar a fuzilando, pegou a mão de TJ. Normalmente ela avaliava as linhas e dizia que a pessoa ia morrer em dez ou quinze anos, mas assim que ela encostou nele, Jeanine soltou rapidamente e deu um passo atrás como se tivesse levado um choque.
- Deixa\, ela só quer assustar a gente.
Abri a porta e arrastei TJ para fora. A van estacionada na porta da casa me deixou animada, era o melhor lugar para namorar.
- Sua família é um pouco assustadora.
- Sabe que não é bem uma família\, é só o pessoal com quem eu moro atualmente.
- O que quer dizer o nome? – TJ apontou para a placa presa – ah meu deus\, está escrito Dead House?
Olhei para a janela do andar de cima e vi Jason se acabando de rir.
- Muito engraçado\, Jay – fui até a placa e reorganizei as letras – é Deda House\, o nome da Mama.
- Ah\, faz sentido. Podemos sair logo daqui?
Ele correu para a van, sem ao menos abrir a porta para mim, a noite mal começou e meus irmãos postiços estavam estragando tudo.
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Atualizado até capítulo 75
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