O mirante era um espaço de terra do lado da estrada, com uma extensão de madeira parecida com uma ponte e um parapeito vazado feito com tábuas presas com parafusos enferrujados, não parecia seguro ou limpo.
- Hei\, cara – TJ levantou a mão chamando a atenção de Jonathan\, o garoto estava abraçado com uma luneta de ferro amarela\, tão enferrujada quanto os parafusos que a prendiam no chão.
Jonathan balançou a mão sem desencostar a cabeça do objeto.
- E aí – ele cumprimentou TJ que deu um tapa em suas costas quase derrubando Jonathan.
- Se lembra da Lou?
- É Louise. Oi Jonathan.
- Trouxe a erva?
TJ tirou um cigarro do bolso e entregou para Jonathan junto a um isqueiro masculino.
- Você é muito mais bonita – ele se abaixou e me beijou\, tinha gosto da planta\, mas já estava acostumada.
- Quer olhar lá embaixo? – Jonathan parecia mais animado enquanto tragava\, desencostando da luneta.
- Não\, posso morrer de tétano só de chegar perto dessa coisa.
- Tétano mata pelo ar?
- Não\, amor. Eu estou exagerando. Quis dizer que não parece seguro.
- Ah\, é seguro sim\, pode olhar – ele me tranquilizou apoiando a mão em minhas costas.
- Você vai amar\, é uma visão única – Jonathan parecia falar muito sério.
Eu levei em consideração muita coisa ruim que podia acontecer, mas eu estava em uma festa, queria aproveitar ela por completo, segurei dos dois lados da luneta, impressionada por ainda ter borracha nelas, e segurei como uma bicicleta, me abaixei para olhar, estava escuro demais, virei o objeto para onde estava iluminado pela lua, aí eu vi a tão impressionante paisagem, uma foto de mulher pelada da playboy que Jonathan prendeu na luneta.
Me levantei rápido, os dois caíram na gargalhada.
- Nossa\, vocês são hilários – falei ironicamente.
- Calma\, gatinha – TJ me abraçou pela cintura\, com ele assim manhoso era impossível ficar brava por muito tempo – Vou conseguir uma cerveja pra você\, o que acha?
- Seria legal.
TJ me beijou, mais profundo e intenso que antes, como a gente se beijava quando estávamos sozinhos, fui encostada contra a madeira que estalou, me assustando, TJ não parava de mover sua língua na minha boca enquanto eu tentava nos segurar longe do parapeito.
- Está tudo bem?
- Sim só quero minha cerveja.
Ele assentiu e deu um passo atrás, me medindo de cima a baixo enquanto se afastava.
- Cerveja deixa as garotas com um bafo nojento.
- Olha\, Davis – me virei para ele de braços cruzados – sei que não gosta de mim e eu também não vou com a sua cara.
- Claro\, é presa na minha cabeça.
- Você é tão idiota.
- O seu namorado ri de todas as minhas piadas\, se sou idiota ele também é.
- Com a diferença que ele toma banho.
- É o que você acha\, não sente sua cabeça – ele levou as duas mãos até o couro cabeludo e arregalou os olhos – coçar?
Involuntariamente, minha mão foi para a nuca, uma coceira repentina e muito intensa percorreu toda a minha cabeça.
- É\, isso é piolho.
- Você está mexendo com a minha cabeça\, mas eu não vou deixar. TJ é meu namorado\, eu não vou a lugar algum.
- Também não vou a lugar algum\, afinal\, ele é minha carona.
- Nem pensar\, quero um tempo sozinha com ele\, peça a outra pessoa para te levar.
- Cala a boca\, ele tá vindo.
TJ abria o maior sorriso possível, trazendo um copo vermelho de papel, cheio até a borda.
- Qual o assunto? – ele me entregou o copo e colocou as mãos na cintura esperando resposta.
- Nada.
- Jonathan estava sendo compreensivo conosco\, se ofereceu para pegar carona com outra pessoa\, assim a gente pode namorar um pouquinho antes de ir para casa.
- Vai embora com quem?
- Ah não\, Lou entendeu errado. Eu disse que pode me deixar em casa primeiro e depois vocês vão namorar.
- Mas ela mora longe da minha casa\, se eu levar você e depois voltar para deixar ela vou gastar uma hora a mais.
- É\, Jonathan. Não faz sentido.
- Bem\, eu não posso ir andando.
Olhei séria para TJ esperando que ele tomasse uma atitude, mas ao invés disso, deu de ombros.
- Sua mãe tem razão\, é melhor a gente não transar.
- Ela não é a minha mãe.
TJ me abraçou, colocando a boca na minha orelha, ri ao sentir cocegas.
- Se fizer uma amiga\, eu o levo em casa e volto pra te pegar rapidinho. Mas tem uma coisa.
- O que?
- Só boquete\, não quero bebês gêmeos.
Soltei o abraço e bufei.
- Deixa.
Jonathan ficou o tempo inteiro grudado em TJ como carrapato, transformando minha primeira festa em uma noite entediante e eu não consegui disfarçar, por mais carinhoso que TJ se mostrasse, eu só queria ir embora.
Dei graças a Deus quando o relógio marcou nove e quarenta da noite e ele precisou colocar Jonathan apagado na parte de trás da van.
- Você está bem?
- Festas são sempre assim?
- Achei que você fosse gostar – TJ abriu a porta para mim e subi sem dizer uma palavra.
Eu culpava Jonathan por ser um idiota, se fosse só TJ e eu tudo seria diferente, eu teria amado a festa.
Ele se sentou e colocou a chave na ignição.
- A cerveja estava boa – sorri tentando parecer mais simpática.
- Eu nem acredito que você gostou\, tem gosto de mijo.
- Nunca tomei mijo então não sei a relação.
TJ inclinou a cabeça e sorriu, a cabeça sempre balançando como se concordasse com tudo.
- Foi sua primeira vez\, vai melhorar nas próximas.
- Eu só queria ficar a sós com você.
- Queria entender de onde vem esse fogo todo.
- De você\, basicamente.
- Você é linda. Lou – TJ acariciou meu rosto devagar\, passando o polegar sobre minha bochecha.
- Ele está dormindo?
- Jonathan? Ele passou da fase do sono\, está desmaiado\, inconsciente.
- Então não vai acordar se fizermos barulho?
- Você precisa estar em casa em dez minutos.
- Então já estamos atrasados.
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Atualizado até capítulo 75
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